sábado, 7 de março de 2009

acerto e desacerto




Só o que é inteligente é belo, e desejável. Refiro-me aqui concretamente à filosofia, e à poesia,
que têm isto de comum:
dizem de forma certeira, usam a palavra como um dardo que tem de acertar no alvo, sem o que não são poesia, nem filosofia. Há uma estética desse rigor,
há uma beleza própria da pessoa que enuncia.
A beleza (incluindo a chamada beleza física) sem inteligência conduz rapidamente ao mais amargo desencanto, à desilusão mais total, porque é o sinal da promessa infinitamente adiada. De um ser, de uma obra, sobre os quais temos as maiores expetactivas, esperamos tudo, a síntese do gozo, o preenchimento simultâneo dos ocos que nos perfuram. A perfeição do rigor. O êxtase sublime que antecede o desgosto, o recomeço da procura. A ânsia de encontrar o vermelho vivo no deserto sideral do azul.
A nossa sociedade, baseada na imagem instantânea,
e portanto na ilusão da ilusão,
é pornográfica,
porque habitada por imagens da atracção
que cansam a procura do prazer, desiludem depressa.
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Imagem (rep. aut.): Frank Herholdt
Site: http://www.frankherholdt.com/html/personal_detail2.php?id=160&gallery=Personal

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