terça-feira, 4 de novembro de 2008

As minhas semanas... desde a "rentrée"...



Aos sábados, último dia da semana anterior, é o meu oásis. Começo a descontrair da tensão da semana. Sempre que posso, fico em casa a pôr coisas em dia e a ler.
Aos domingos, já uma certa tensão existe, só de pensar na semana seguinte... procuro gerir o melhor que posso o tempo que corre. O meu cenário são os pinheiros que avisto do meu escritório, ou a foz do Douro que consigo ver da sala: adoro ver o mar ao longe, é magnífico.
Segundas, tenho de falar de história da arqueologia e de civilizações do Próximo Oriente Antigo para alunos do 1º ano, quase todos de Arqueologia.
Terças, nova tomada de balanço para idêntica vida nas quartas, que repetem as segundas, mas às quais se acrescenta agora o "curso" de Serralves à noite que, se me dá muito prazer e benefício intelectual, digamos, é para mim fonte de insatisfação, porque tenho livros, li-os muitos deles, mas em geral não os li o suficiente para os incorporar como queria, e deles me distanciar, fazendo a síntese pessoal, para poder falar com o mínimo de seriedade que me exijo. Insatisfação constante, que se nota em tudo quanto faço, e que julgo ser comum (pelo menos consolo-me com isso) àqueles que se não comprazem com o já feito, mas só se interessam pelo que ainda não está feito.
Quintas, balanços para as sextas, em que de manhã tenho todo o tempo ocupado com mestrandos de arqueologia: é de teoria do patrimóno que se trata, mas não é fácil... e no meio disto há todos os outros problemas e actividades de qualquer ser humano, reuniões, trabalho associativo, publicações, poemas (esta é a parte melhor, quando ocorre), etc.
Quando era novo, na minha ingenuidade, não pensava que ia chegar aos sessenta anos e continuar a correr assim. Não sei, pedalei sempre duramente, o mais que pude (não estou a heroicizar-me, até porque o esforço em si não vale nada, valem os seus resultados, como é óbvio) e pensei que um dia já não estaria em nenhum pelotão de corrida e de stress, mas no meio de pinheiros, sentindo a paisagem num deslizar lento, e atrás de uma curva com ramos pendentes estaria a Carícia que consola o lutador, o trabalhador.
Que menino que eu era...




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