terça-feira, 15 de maio de 2007

"Visual culture studies"

No mundo anglo-saxónico, é muito corrente a organição de campos de pesquisa/ensino em torno de expressões como "visual culture studies", "material culture studies", "cultural studies", "feminist studies", "women's studies", e agora até "porno studies"... e por aí fora.
E existe mesmo, editado pela Sage Publications, um "Journal of Visual Culture"

De http://en.wikipedia.org/wiki/Visual_culture
transcrevo sobre "visual culture":

"Visual culture
From Wikipedia, the free encyclopedia


Visual culture is a field of study that generally includes some combination of cultural studies, art history, and anthropology, by focusing on aspects of culture that rely on visual images. Among cultural studies theorists working with contemporary culture, this often overlaps with film studies and the study of television, although it can also include video game studies, comics, traditional artistic media, advertising, the Internet and any other medium that has a crucial visual component.

Early work on visual culture has been done by John Berger (Ways of Seeing, 1972) and Laura Mulvey (Visual Pleasure and Narrative Cinema, 1975).

Major work on visual culture has been done by W. J. T. Mitchell, particularly in his books Iconology and Picture Theory. Other writers important to visual culture include Stuart Hall and Slavoj Zizek. Continuing work has been done by Lisa Cartwright, Margarita Dikovitskaya, Chris Jencks, Nicholas Mirzoeff and Gail Finney. Visual Culture studies have been increasingly important in religious studies through the work of David Morgan, Sally Promey, Jeffrey Hamburger, and S. Brent Plate.

Several major universities now either house or are developing graduate programs in Visual Studies. They include: Coventry University (coventry university homepage; Duke University; University of Wisconsin, Madison; University of Rochester; University of California, Irvine; University of California, San Diego; University of Southern California; State University of New York, Buffalo; Goldsmiths College, University of London, University of East London; Kingston University; New York University, Middlesex University; University of Art and Design Helsinki, Pori Department of Art and Media; University of Copenhagen. Cornell University has been offering both undergraduate and graduate degrees in Visual Studies for the past 5 years."

E a seguir indicam-se algumas publicações fundamentais:


* Dikovitskaya, Margaret (2005 (cloth), 2006 (paperback). Visual Culture: The Study of the Visual after the Cultural Turn, 1st ed., Cambridge, Ma: The MIT Press. ISBN 0-262-04224-X.


* Fuery, Kelli & Patrick Fuery (2003). Visual Culture and Critical Theory, 1st ed., London: Arnold Publisher. ISBN 0340807482.


* Jay, Martin (ed.), 'The State of Visual Culture Studies', themed issue of Journal of Visual Culture, vol.4, no.2, August 2005, London: Sage. ISSN 14704129. eISSN 17412994


* Mirzoeff, Nicholas (1999). An Introduction to Visual Culture. London: Routledge. ISBN 0-415-15876-1.


* Mirzoeff, Nicholas (ed.) (2002). The Visual Culture Reader, 2nd ed., London: Routledge. ISBN 0-415-25222-9.


* Morra, Joanne & Smith, Marquard (eds.) (2006). Visual Culture: Critical Concepts in Media and Cultural Studies, 4 vols. London: Routledge. ISBN 0-41-532641-9.


* Plate, S. Brent, Religion, Art, and Visual Culture. (New York: Palgrave Macmillan, 2002) [ISBN 0-312-24029-5]


* Smith, Marquard, 'Visual Culture Studies: Questions of History, Theory, and Practice' in Jones, Amelia (ed.) A Companion to Contemporary Art Since 1945, Oxford: Blackwell, 2006. ISBN 9781405135429


* Sturken, Marita; Lisa Cartwright (2007). Practices of Looking: An Introduction to Visual Culture, 2nd ed., Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-531440-9. "


Ora bem, apesar da expressão "cultura visual" ser evidentemente discutível, não há dúvida de que abarcando muitos aspectos relacionados com a imagem, com a fotografia, cinema, teatro, televisão, media, etc, tem a vantagem de promover estudos interdisciplinares que, nalguns casos, são uma importante fonte de filosofia.

Cá parece que ainda estamos confinados à velha história da arte e suas ramificações nos estudos universitários, com honrosas excepções.Ou à área da estética, em filosofia, por exemplo. Ou aos estudos de belas-artes, design, arquitectura...

Para quando um salto em frente neste domínio transdisciplinar?
É que assim Bolonha é só um arranjo superficial e tecnocrático de conteúdos antigos, talvez porque somos mesmo obrigados, talvez para fazer muitos licenciados ainda mais à pressa, talvez para se criar um fosso maior ainda entre a massa que anda aí de cartola toda contente por estar na universidade e os que,verdadeiramente, irão conduzir no futuro os destinos do país,incluindo os chamados consumos culturais, porque as suas famílias têm o capital financeiro e simbólico para os pôr quanto antes a estudar em Inglaterra, por exemplo, e adquirir verdadeiramente uma formação no que se chama agora "conteúdos".

Estranhas sombras também nestas áreas em que é visível...a vontade de não ver, e prosseguir com rotinas sob outros nomes, com mais carga horária para os docentes, e com a previsível apatia dos estudantes... Dei apenas um pequeno exemplo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Completamente de acordo!!!!!
Bolonha é a oportunidade perdida de de renovação. A maioria dos seus actores pensa à pressa em colocar a máquina a funcionar para não perder o emprego, quando o emprego poderia ser mantido em outras tarefas (monitorização rigorosa das aprendizagens dos alunos; monitorização de disseminação de conhecimentos on-line, por exemplo, vejam-se universidades estrangeiras; pesquisa de interesse à comunidade com vista à sua renovação). Mas a quem interessa a verdadeira ascensão socio-cultural das massas, dos filhos dos menos capazes do ponto de vista financeiro e cultural? Para esses qualquer arranjo apressado serve, pois os seus filhos desde tenra idade frequentam o ensino privado, mais tarde encaminhá-los-ão para o estrangeiro, e esta mole de futuros lic-analfabetos serão mão de obra excelente para tarefas menos qualificadas, porque a classe liderante reserva para seus filhos a perpetuação do seu poder. Por isso é deliberada esta indiferença criminosa face aos infelizes que nos próximos anos vão ouvir os mesmos conteúdos, velhos de décadas, debitados sem a mais leve aragem de renovação.Este é o salazarismo na sua mais alta expressão, por isso "lá vamos contando e rindo"...

Vitor Oliveira Jorge disse...

Devo, para ser justo, acrescentar que se estão a realizar iniciativas renovadoras, inclusivamente na Universidade do Porto. Por exemplo, o Centro de Estudos Teatrais da UP, que realiza o Colóquio Internacional cuja notícia hoje postei, e que terá lugar na Faculdade de Letras do Porto nos dias 1 e 2 de Junho.

Anónimo disse...

Claro que sim, há sempre chamas que não se apagam e são elas que vão alumiando o caminho, não obstante as dificuldades.

José Manuel disse...

O Processo de Bolonha é realmente um bom tema que nunca foi debatido seriamente. Mete alguma impressão esta tentativa de uniformizar as universidades todas à escala europeia, quando a sua riqueza reside essencialmente na sua diversidade e na diversidade das experiências e percursos históricos que as formaram.

Cá em Portugal foi tudo imposto rapidamente e de forma acrítica, com o seguidismo apressado que os nossos tecnocratas relativamente à União Europeia. As directivas da Comissão Europeia são as novas enciclicas papais.

A este propósito é bom ver o que o Prof. Alberto Amaral diz sobre Bolonha aqui:

http://firgoa.usc.es/drupal/node/15620

Vitor Oliveira Jorge disse...

A ideia não pareceria ser uniformizar, mas permitir a criação de um espaço de circulação europeu...de estudantes, de docentes, etc; os problemas surgem quando vemos que por detrás de tudo estão dominações económicas, políticas, etc. Por exemplo, quando vamos poder aqui alguma vez competir com muitos cursos estrangeitros quando de facto damos aulas numa língua, o português, que é hoje minoritária a nível europeu?
Etc. Estamos a ser colonizados pelo inglês quando há 2000 anos fomos pelo latim.