Transferência
"(...) A PSICANÁLISE INVENTOU DE FACTO UMA NOVA FORMA DE AMOR CHAMADA TRANSFERÊNCIA."
JACQUES-ALAIN MILLER (Lacan Dot Com)
quinta-feira, 24 de maio de 2007
A arqueologia e o público: a "maneira" de I. Hodder em Catalhoyuk, Turquia
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=S0vGY6dxzkI
Democracia... ou certa simplificação um tanto demagógica desta difícil articulação?... De qualquer modo, a ideia de multi-vocalidade e de que a "arqueologia" não pretence aos arqueólogos é, a meu ver, muito positiva!
A equipa de Çatalhoyuk é inspiradora naquilo que faz e no modo como o faz. Sem dúvida que aqui respiramos ar puro perante aquela perspectiva do indivíduo enfiado no seu buraco, tentando "entender" o passado. Sem este passado participado, não articulamos a temporalidade dos sítios, perdendo o que a arqueologia pode ter de mais rico. Há poucos dias o António Carlos Valera falava aqui em Tomar do valor social da arqueologia e como transmitir isso às pessoas. Sem dúvida que este exemplo de Çatalhoyuk me faz pensar que existe caminho. É certo que por cá estamos a tentar, cada qual à sua maneira. Com o tempo penso que as redes se irão articular e as afinidades acabarão por emergir.
De acordo. O problema é que há aqui uma "urgência" (palavra muito colada ao património) que às vezes é entendida como histeria fundamentalista ou como retórica repetitiva: nós avisamos para a destruição de certos "bens", que só ainda poucos "cidadãos" acham "bens"... e queixamos-nos, queixamo-nos... sendo facilmente ridicularizáveis. Mas a verdade é que trabalhamos com os restos do que a sociedade utiliza: os restos do território onde (ainda) não se construíu nada, os restos das verbas de investigação para que se não diga que Portugal é "primitivo" e não europeu e não tem orçamento para estas coisas. Isto é: restos.É um círculo vicioso, porque com orçamentos de restos aplicados a realidades de restos, mesmo trabalhando à borla (quando ao mesmo tempo o mercado para os que vivem disto está em crise), que podemos fazer que interesse o público? Hodder é apoiado por várias multinacionais... quem me dera! Nós vivemos na arqueologia portuguesa uma situação parecida com a de um bairro de lata: todos refilam, não há pão, e todos têm e não têm razão. Mas ao lado do bairro de lata há algumas vivendas de luxo...e talvez numa delas esteja um tipo a ler a última novidade do Hodder ou do Tilley. Faz sentido.
2 comentários:
A equipa de Çatalhoyuk é inspiradora naquilo que faz e no modo como o faz.
Sem dúvida que aqui respiramos ar puro perante aquela perspectiva do indivíduo enfiado no seu buraco, tentando "entender" o passado.
Sem este passado participado, não articulamos a temporalidade dos sítios, perdendo o que a arqueologia pode ter de mais rico.
Há poucos dias o António Carlos Valera falava aqui em Tomar do valor social da arqueologia e como transmitir isso às pessoas. Sem dúvida que este exemplo de Çatalhoyuk me faz pensar que existe caminho.
É certo que por cá estamos a tentar, cada qual à sua maneira. Com o tempo penso que as redes se irão articular e as afinidades acabarão por emergir.
De acordo. O problema é que há aqui uma "urgência" (palavra muito colada ao património) que às vezes é entendida como histeria fundamentalista ou como retórica repetitiva: nós avisamos para a destruição de certos "bens", que só ainda poucos "cidadãos" acham "bens"... e queixamos-nos, queixamo-nos... sendo facilmente ridicularizáveis. Mas a verdade é que trabalhamos com os restos do que a sociedade utiliza: os restos do território onde (ainda) não se construíu nada, os restos das verbas de investigação para que se não diga que Portugal é "primitivo" e não europeu e não tem orçamento para estas coisas. Isto é: restos.É um círculo vicioso, porque com orçamentos de restos aplicados a realidades de restos, mesmo trabalhando à borla (quando ao mesmo tempo o mercado para os que vivem disto está em crise), que podemos fazer que interesse o público? Hodder é apoiado por várias multinacionais... quem me dera!
Nós vivemos na arqueologia portuguesa uma situação parecida com a de um bairro de lata: todos refilam, não há pão, e todos têm e não têm razão. Mas ao lado do bairro de lata há algumas vivendas de luxo...e talvez numa delas esteja um tipo a ler a última novidade do Hodder ou do Tilley. Faz sentido.
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