Este ano abriu na Universidade o 9º Curso do Mestrado em Estudos sobre as Mulheres. Parece que foi o 1º em Portugal, tendo sido já defendidas mais de 40 dissertações. Mais informações em: http://www.univ-ab.pt/cursos/mestrados/mem/index.html
Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa também funciona o 2º ciclo (correspondente ao mestrado) em Estudos das Mulheres. http://www.fcsh.unl.pt/pg/mestradosfcsh.asp
Que exista um programa sobre "Estudos sobre Mulheres" parece-me interessante e vem preencher uma lacuna, se tiver um carácter trans-disciplinar. Mas quando lhe chamam "Estudos Feministas" parece-me mais um programa ideológico e muito pouco científico, porque define a priori um posicionamento ideológico sobre o tema e onde se encaixam com dificuldade a diversidade de perspectivas sobre o tema.
Provavelmente deve ser devido a uma tradução ligeira do Inglês
A ppn agradeço a informação. Estudos sobre as Mulheres não sei se é um título que eu adoptaria, depois de ouvir e ler pessoas como H. Moore.A polaridade homens-mulheres é hoje muito contestada... há muito tempo que me interesso por estes problemas do género, gender studies", em Poretugal pouco desenvolvidos, apesar de alguns contributos muito bons sobre a construção da feminilidade, da masculinidade, etc. Mas estamos muito atrasados, parece-me. A questão das várias gerações já de filosofias feministas (creio que Zé manuel não está muito ao par disto - desculpe - senão não escrevia o comentário junto) é que elas não são estudos sobre mulheres, ou a defender as mulhares, ou essas ridicularias: são uma reflexão global e subsersiva (no bom sentido) sobre os papéis sociais que a nossa sociedade atribuíu aos vários indivíduos. Desde Foucault que sabemos estas coisas (História da Sexualidade em 3 volumes, absolutamente incontornáveis). Aqui as pessoas têm muito medo ainda destes temas...o que é em si mesmo sintomático. Ainda em Março estive em Barcelona num congresso sobre o corpo de onde vim com imensas ideias que o tempo não chega para explorar.
Isso conecta-se com a minha investigação de pré-historiador (para usar a detestável palavra) que é a não possibilidade de pensar as relações de género como se fossem dados universais... é por aqui que passa, também, uma arqueologia diferente. Mas é preciso ler Judith Butler, entre muitas outras e outros...
Para o Zé: a dicotomia ideolófico-científico, como sabe, é hoje um tema que dava pano para mangas. Normalmente a palavra "científico" é uma retórica de autoridade: a retórica dos que passam do mundo que dizem real para o mundo que dizem das representações, fazendo-nos crer POLITICAMENTE que essa é a única passagem possível, a deles, os que têm a chave.É nisso que se baseia a nossa submissão: não fazemos parte do gupo que tem a chave. Mas vamos ao supermercado e comramos a pasta de dentes mais cientificamente aconselhada... tudo um jogo de poderes/saberes para manter certas disiciplinas sibsidiadas e outras (como a arqueologia) como "cultura", quer dizer, um ornato para ocupar tempos livres e... agora sim uso a palavra-... de todos nºos alienados!
É possível que assim seja, mas o que me parece é que este tipo de abordagens, nomeadamente as que são feitas no mundo "anglo-saxónico" perdem-se numa abordagem um pouco linear e simplista quando consideram "Homens" e "Mulheres" como dois grupos homogéneos e totalmente separados. Ou seja como abstracções. Temos que ver de que "Mulheres" e de que "Homens" falamos, uma vez que as clivagens e fracturas sociais dentro de cada género são muito profundas e complexas. Existiam mais afinidades entre Maria Antonieta e a sua lavadeira do que entre ela e os nobres da corte? Penso que isto é uma questão central.
Em todo o caso deviamos a este propósito salientar o carácter pioneiro da obra de Maria Lamas "As mlheres do meu país", ainda antes de sugirem os "estudos de género"
6 comentários:
Caro Prof. Victor
Este ano abriu na Universidade o 9º Curso do Mestrado em Estudos sobre as Mulheres.
Parece que foi o 1º em Portugal, tendo sido já defendidas mais de 40 dissertações.
Mais informações em: http://www.univ-ab.pt/cursos/mestrados/mem/index.html
Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa também funciona o 2º ciclo (correspondente ao mestrado) em Estudos das Mulheres.
http://www.fcsh.unl.pt/pg/mestradosfcsh.asp
Que exista um programa sobre "Estudos sobre Mulheres" parece-me interessante e vem preencher uma lacuna, se tiver um carácter trans-disciplinar. Mas quando lhe chamam "Estudos Feministas" parece-me mais um programa ideológico e muito pouco científico, porque define a priori um posicionamento ideológico sobre o tema e onde se encaixam com dificuldade a diversidade de perspectivas sobre o tema.
Provavelmente deve ser devido a uma tradução ligeira do Inglês
A ppn agradeço a informação. Estudos sobre as Mulheres não sei se é um título que eu adoptaria, depois de ouvir e ler pessoas como H. Moore.A polaridade homens-mulheres é hoje muito contestada... há muito tempo que me interesso por estes problemas do género, gender studies", em Poretugal pouco desenvolvidos, apesar de alguns contributos muito bons sobre a construção da feminilidade, da masculinidade, etc. Mas estamos muito atrasados, parece-me.
A questão das várias gerações já de filosofias feministas (creio que Zé manuel não está muito ao par disto - desculpe - senão não escrevia o comentário junto) é que elas não são estudos sobre mulheres, ou a defender as mulhares, ou essas ridicularias: são uma reflexão global e subsersiva (no bom sentido) sobre os papéis sociais que a nossa sociedade atribuíu aos vários indivíduos. Desde Foucault que sabemos estas coisas (História da Sexualidade em 3 volumes, absolutamente incontornáveis). Aqui as pessoas têm muito medo ainda destes temas...o que é em si mesmo sintomático. Ainda em Março estive em Barcelona num congresso sobre o corpo de onde vim com imensas ideias que o tempo não chega para explorar.
Isso conecta-se com a minha investigação de pré-historiador (para usar a detestável palavra) que é a não possibilidade de pensar as relações de género como se fossem dados universais... é por aqui que passa, também, uma arqueologia diferente. Mas é preciso ler Judith Butler, entre muitas outras e outros...
Para o Zé: a dicotomia ideolófico-científico, como sabe, é hoje um tema que dava pano para mangas. Normalmente a palavra "científico" é uma retórica de autoridade: a retórica dos que passam do mundo que dizem real para o mundo que dizem das representações, fazendo-nos crer POLITICAMENTE que essa é a única passagem possível, a deles, os que têm a chave.É nisso que se baseia a nossa submissão: não fazemos parte do gupo que tem a chave. Mas vamos ao supermercado e comramos a pasta de dentes mais cientificamente aconselhada... tudo um jogo de poderes/saberes para manter certas disiciplinas sibsidiadas e outras (como a arqueologia) como "cultura", quer dizer, um ornato para ocupar tempos livres e... agora sim uso a palavra-... de todos nºos alienados!
É possível que assim seja, mas o que me parece é que este tipo de abordagens, nomeadamente as que são feitas no mundo "anglo-saxónico" perdem-se numa abordagem um pouco linear e simplista quando consideram "Homens" e "Mulheres" como dois grupos homogéneos e totalmente separados. Ou seja como abstracções. Temos que ver de que "Mulheres" e de que "Homens" falamos, uma vez que as clivagens e fracturas sociais dentro de cada género são muito profundas e complexas. Existiam mais afinidades entre Maria Antonieta e a sua lavadeira do que entre ela e os nobres da corte? Penso que isto é uma questão central.
Em todo o caso deviamos a este propósito salientar o carácter pioneiro da obra de Maria Lamas "As mlheres do meu país", ainda antes de sugirem os "estudos de género"
Concordo com o último comentário do Zé.
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