quinta-feira, 24 de maio de 2007

Gonçalo M. Tavares


Admiro muito este jovem autor, que nasceu em 1970: romances, poesia, teatro, etc - muitos têm sido já os seus campos de expressão, sempre com resultados perturbantes no bom sentido do termo, claro, ou seja, aquele em que vale a pena pegar num livro e lê-lo.
Em 2006 publicou na Relógio d' Água (Lisboa) este livro, que para muitos será novamente desconcertante.
Mas para muitos seres deste mundo esse desconcerto... seria urgente!... os cientistas, os arqueólogos, tantos... precisavam de ler este livrinho. Um choque de água fresca, como no banho do verão, faz bem, revitaliza!

Apenas uma citação ao acaso deste livro de aforismos, pág. 62:

"Alcançar o início: a metodologia

" Tu não usas uma metodologia. Tu és a metodologia que usas.
(Ou: tu não chegas a um resultado. Tu chegas a uma metodologia.
Ou ainda: tu não provas um facto ou uma teoria, tu provas uma metodologia.)"


Na mouche!

10 comentários:

Anónimo disse...

Pois claro.

Isabel Victor disse...

Muito interessante ...
não conhecia.

Vou procurar.

obrigada

Anónimo disse...

ou a metodologia que usas expressa os teus pressupostos ideológicos...

Vitor Oliveira Jorge disse...

Contactem sempre... e enviem por favor se possível comentários mais longos, mais substanciais... se possível!! Este blog, como qualquer outro, é interessante se criar uma comunidade de pessoas que trocam impresões e ideias...obrigado!

Anónimo disse...

Percebe-se a intenção de vincular (relatizar) o resultado à opção metodológica e esta às nossa contingências, mas a forma como se expõe a ideia, embora bem apelativa, é uma maneira diferente de dizer que "tudo é texto" e esse "interiorismo" radical não me parece correcto. O produto do conhecimento é o produto de uma relação entre interior e exterior e numa relação as duas partes estão sempre representadas e não apenas uma, como na crença positivista do conhecimento absoluto do objecto ou as crenças do racionalismo e do idealismo de um conhecimento desligado do objecto.

Anónimo disse...

"relativizar"

Anónimo disse...

Completamente de acordo com o exposto por antónio valera. O que quis dizer com os pressupostos ideológicos do investigador, presentes na opção metodológica e até no objecto de estudo, é isso mesmo, que por um lado, o produto do conhecimento é datado, e por outro, ao contrário do propalado pelo positivismo, não é objectivo (absolutamente separado do investigador).Isto não é relativizar é assumir que os investigadores usam lentes cuja cor e polimento sofre influências do espírito do seu tempo.

Anónimo disse...

A metodologia não expressa os pressupostos ideológicos , ela é os pressupostos ideológicos. Quando criamos uma metodologia seja ela qual for estamos a revelar como organizamos o nosso pensamento e portanto tudo aquilo que acreditamos ser correcto.
Eu acho fantásticas as organizações decorativas da SOJ exactamente por elas serem uma metodologia que dura, dura, dura... E porque é que dura? Porque essas organizações decorativas se basearam numa metodologia e num racicionio, ouso dizer, fora de série. Se calhar os calcolíticos nunca pensaram as suas organizações daquela forma mas nós hoje, não conseguimos pensar fora dela. É ou não então verdade que metodologia é tudo?
Fora de discursos muito teóricos que não sei escrever, a minha opinião fica pelo "Pois claro".

Duende verde

Anónimo disse...

Que organizações decorativas da SOJ?

É giro.....

Susana Jorge

Vitor Oliveira Jorge disse...

Concordo com o António Valera, pois. Apesar de todos os nossos esforços, o conhecimento e a experiência têm algo de tautológico... creio que é a isso que G.M. Tavares se refere. Hoje quando leio alguém talentoso, aprecio sobretudo o talento, como quando ouvimos uma peça de música ou vemos um quadro. A beleza do talento sobrepõe-se e perdura sempre relativamente ao opinar que vem depois... Pena é que haja tanta gente com talento que o afoga diariamente numa espécie de silêncio, de medo, de falta do sentido do risco, de não-inscrição precisamente. Uma pessoa não é nada em si... e se não tenta o lkance certo, o risco, enfronha-se e definha. Não há pior fealdade do que a de uma mulher que nos fascina... e que depois nos destrói esse encanto pelo seu silêncio e pela sua retracção. O seu rosto é o espelo da nossa desilusão, do nosso desencantamento. O talento, eis o que nos encanta. Mas o talento invisível não existe. É uma potência impotente. Por isso admiro os jovens que riscam a direito, que arriscam, que afirmam peremptoriamente o que julgam ser o "caminho" da sua geração, da sua vida, do seu tempo. Alonguei-me...