Trata-se de uma nova doença, quiçá do foro psicológico, quiçá a ser tratada por sociólogos também, uma vez que afecta a sociedade inteira, nomeadamente a portuguesa.
Criei este neologismo, depois de vestir uma bata branca e até um capacete (branco) de obra, para ter aspecto mais respeitável (poder do doutor, engenheiro e arquitecto juntos, se não mesmo do político/administrativo em visita) e assim entrar rapidamente no dicionário corrente.
EVENTUALITE - a doença, obsessão, necessidade premente de produzir continuamente eventos (=acontecimentos), de preferência culturais (no seu sentido mais abrangente, da culinária à filosofia de Kant - o tema é relativamente secundário, sobretudo se for atraente, com algumas cabeças de cartaz e tiver boa imagem, suporte mediático, etc.), de os consumir, de os digerir, de os publicar, de os apresentar em livro, o que dá origem a novo evento: A APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO EVENTO.
Há especialistas de inventar eventos, de gerir eventos, de produzir e reproduzir eventos, de noticiar eventos, etc.
O evento é não só o motor da economia: invento um evento, logo existo (como pessoa, terra, cidade, grupo, etc).
É portanto algo de ontológico.
Esquecia-me de dizer: há muito tenho sintomas de tal doença, de que faço esforço para me libertar (curar), procurando tentar ser e não acontecer. Mas é muito, muito difícil. A pandemia não escolhe tempo, nem lugar.
Como as vacas loucas e as aves gripadas, é difícil prever exactamente quando ataca, e que formas assume, desde a festa de uma ciência, à benzedura das motas ou ao encontro nacional dos fabricantes de enchidos - embora seja previsível o modo e o tempo em que o perigo espreita: de forma permanente e sem vacina genérica à vista.
(As palavras acima não devem ser interpretadas como sinal de menor respeito nem pela festividade, nem pela beleza brilhante das motas, nem pelo conforto gastronómico... foram só imagens, exemplos para ilustrar).
Criei este neologismo, depois de vestir uma bata branca e até um capacete (branco) de obra, para ter aspecto mais respeitável (poder do doutor, engenheiro e arquitecto juntos, se não mesmo do político/administrativo em visita) e assim entrar rapidamente no dicionário corrente.
EVENTUALITE - a doença, obsessão, necessidade premente de produzir continuamente eventos (=acontecimentos), de preferência culturais (no seu sentido mais abrangente, da culinária à filosofia de Kant - o tema é relativamente secundário, sobretudo se for atraente, com algumas cabeças de cartaz e tiver boa imagem, suporte mediático, etc.), de os consumir, de os digerir, de os publicar, de os apresentar em livro, o que dá origem a novo evento: A APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO EVENTO.
Há especialistas de inventar eventos, de gerir eventos, de produzir e reproduzir eventos, de noticiar eventos, etc.
O evento é não só o motor da economia: invento um evento, logo existo (como pessoa, terra, cidade, grupo, etc).
É portanto algo de ontológico.
Esquecia-me de dizer: há muito tenho sintomas de tal doença, de que faço esforço para me libertar (curar), procurando tentar ser e não acontecer. Mas é muito, muito difícil. A pandemia não escolhe tempo, nem lugar.
Como as vacas loucas e as aves gripadas, é difícil prever exactamente quando ataca, e que formas assume, desde a festa de uma ciência, à benzedura das motas ou ao encontro nacional dos fabricantes de enchidos - embora seja previsível o modo e o tempo em que o perigo espreita: de forma permanente e sem vacina genérica à vista.
(As palavras acima não devem ser interpretadas como sinal de menor respeito nem pela festividade, nem pela beleza brilhante das motas, nem pelo conforto gastronómico... foram só imagens, exemplos para ilustrar).
15 comentários:
Isto dos eventos é como os grandes pensadores: há aqueles que são muito importantes e os outros que são só ruído...
Mas como estamos na cultura do ruído, então os que são só ruído são os mais importantes!
Completamente de acordo ! Essa é a pandemia do Século. Tudo extroversão ... numa eventomania rodopiante, estonteante, enebriante.
Eduardo Lourenço falou sabiamente desse tenebroso ruído " Cultural " e Agostinho da silva exortou várias vezes ao silêncio, apelou à escuta, à " vadiagem por dentro " à deriva do pensamento, sem sair do lugar. Faz falta este recolhimento ...
Faz-(nos) falta essa libertação do imediato e do imediatismo.Do consumismo que nos consome.
As pessoas não têm tempo de (di)gerir tanto evento, tanta eventualidade.
Não se avalia nada ... esgota-se tudo no fazer por fazer. Ninguém se preocupa com os resultados, com os resíduos desse tal lixo eventualista.
Dar tempo ao tempo é uma urgência!
Libertarmo-nos do imediato
Para esse carrossel !
Gostei muito, subscrevo e ...
sugiro : crie-se uma nova disciplina (ou ciência, ou fenomenologia de qualquer coisa)
A "Eventologia" patológica recorrente ou então, chamemos-lhe apenas "Acidente"!
:)
Li três comentários... ninguém chuta a seguir? A bola está parada...
Remate... Golo!!
O professor Vítor sofrendo de Eventualite tem permitido a que eu assista a grandes eventos no Porto e arredores, e dada a substância de muitos desses eventos há sempre alguma coisa que passa ou fica. Ainda bem que padece desta bemdita doença!
(È de notar que este blogue está demasiado youtubado, pelo menos aí moderação...)
... mas além dos eventos e seus novos verbetes temos que pensar que a lista cresce... e sao introduzidos além dos próprios verbetes, costumes e práticas todo dia. Muito fácil criticar por estar a observar de fora... onde fica entao o blog (verbete: blogismo ou blogete)?
nenhum dos anonimos acima
Pois é, o Professor Vitor além de padecer de EVENTUALITE tambem padece de BLOGISMO ou BLOGITE, e poderia ser chamado de BLOGUETE.
algum dos anonimos acima
ou até mesmo YOUTUBISMO ou YOUTUBITE!!!!!!
algum dos anonimos acima
Vocês são engraçados...
ainda bem que tem gente que sabe fazer e ver graça nas coisa.
é bom ser engraçado!!!!
Absolutamente!
Eventualite, BLOGISMO, BLOGITE,YOUTUBITE.. etc... gostaria de adicionar a Anonomite....
Agora qaunto ao conteúdo por muito que me sinta sufocado com tanto e (aparentemente) tão aliciante numero de eventos - Socorro!!! - antes este "boom" que o nada a que nos habituamos... já estou confuso... enventualite = nada?!!!
Talvez, pois nada conseguimos digerir/aprender.... ou então sou eu que tenho recepção lenta
Correcção ao comentaria anterior... Anonimite queria eu escrever e não anonomite
Olá Mauro! Finalmente alguém que eu conheço. Muito gosto!
Susana Jorge
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