não sei.
apenas vejo efeitos de luz:
eles criam linhas, e volumes, e ritmos.
uma imagem.
mas mesmo que essa imagem correspondesse a um
corpo;
e mesmo que esse corpo se virasse na nossa direcção
e pudéssemos descortinar um rosto,
que novas perguntas surgiriam?
por outras palavras:
como é possível conviver com o radical nada,
tanto de uma fotografia
como de toda a realidade que nos cerca,
povoada de aparências,
constituída de fantasias?
talvez uma pessoa só exista mesmo
quando dá o primeiro grito
ao vir ao mundo,
e o outro, o último, ao sair dele.
no intervalo, vive no enigma,
a escrever textos inócuos,
a olhar para a terrível presença
não se sabe bem de quê.
a presença que se ausentou?
mas para onde, como?
talvez a mesma luz que nos traz
a imagem de um ser humano vivo
seja a que nos trará a do seu cadáver:
pode ser que esteja aí
um princípio de inteligibilidade.
o que acham?
por mim, já não sei:
o que julguei querer ver, virou-se;
e estou cansado de esperar,
de interpelar fantasmas,
preciso talvez de uma palavra de outrem;
de um gesto humano
que inicie qualquer coisa;
um braço que me arraste violentamente
para fora deste quarto.
apenas vejo efeitos de luz:
eles criam linhas, e volumes, e ritmos.
uma imagem.
mas mesmo que essa imagem correspondesse a um
corpo;
e mesmo que esse corpo se virasse na nossa direcção
e pudéssemos descortinar um rosto,
que novas perguntas surgiriam?
por outras palavras:
como é possível conviver com o radical nada,
tanto de uma fotografia
como de toda a realidade que nos cerca,
povoada de aparências,
constituída de fantasias?
talvez uma pessoa só exista mesmo
quando dá o primeiro grito
ao vir ao mundo,
e o outro, o último, ao sair dele.
no intervalo, vive no enigma,
a escrever textos inócuos,
a olhar para a terrível presença
não se sabe bem de quê.
a presença que se ausentou?
mas para onde, como?
talvez a mesma luz que nos traz
a imagem de um ser humano vivo
seja a que nos trará a do seu cadáver:
pode ser que esteja aí
um princípio de inteligibilidade.
o que acham?
por mim, já não sei:
o que julguei querer ver, virou-se;
e estou cansado de esperar,
de interpelar fantasmas,
preciso talvez de uma palavra de outrem;
de um gesto humano
que inicie qualquer coisa;
um braço que me arraste violentamente
para fora deste quarto.
voj 2007
Foto: copyright Joris Van Daele - http://www.barenakedgallery.
com/home.htm
=Reprodução expressamente autorizada pelo autor=