domingo, 6 de maio de 2007

Ostrov


Fonte: Ruslania

O cinema russo tem uma cinematografia que fala por si. Não vale a pena estar sequer a citar os grandes mestres.
Ostrov (a Ilha) é um exemplo do que de melhor o cinema russo contemporâneo tem para oferecer. O filme tem uma capacidade de nos transmitir o ser humano (não o ser-humano entidade, mas sim o ser-se humano, que envolve não só o aspecto humanista, mas que se desenvolve sobretudo enquanto ser lançado ao mundo, consciente, que faz o seu caminho) que os russos conseguiram trabalhar ao longo dos anos. Podia até ser uma obra de Dostoievsky.
Sim está lá o jogo das referências, dos símbolos. Mas não se fica com o mero malabarismo barroco das situações para criar o absurdo (como a epistemologia que "está sempre a afiar a faca, mas nunca a chega a usar"). O absurdo e o desconcertante estão presentes na própria vida a todo o momento. Como tal basta filmar esta tragico-comédia que é ser.
O realizador é Pavel Lungin que já nos tinha dado "Luna Park" (1992) e "Taxi Blues" (1990). Liberto dos problemas da Russia contemporânea, Pavel abre caminho à maturidade do cinema russo, recuperando o existencialismo.
Não vale a pena falar mais. É para ver (o que implica forçosamente abrir o caminho do pensar). Deixo também o link para a entrada na Internet Movie DataBase IMDB.

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