Há alguns anos atrás a ecologia era vista como mais um fundamentalismo pós-moderno. Aliás esse ponto de vista ainda existe em alguns sectores da sociedade portuguesa. Os ecologista eram no circo mediático uma espécie de colorido verde. Eram também os inimigos do desenvolvimento e do progresso.
Na Alemanha os Verdes eram um partido com alguma força, mas poucos países partilhavam das preocupações dos alemães.
Os temas da ecologia global foram lentamente entrando pelas nossas salas, habituando-nos a conceitos como "efeito de estufa" ou "camada de ozono". Alguns lembram-se ainda das acções mediáticas do movimento Greenpeace.
Hoje todos conhecem a reciclagem e praticá-la assume-se como um acto de civismo. Muitos desconhecem o que acontece efectivamente quando colocam a sua garrafa num vidrão. É um processo comandado pela Sociedade Ponto Verde, uma empresa privada que reúne diversos accionistas interessados no sector, desde fabricantes de embalagens a autarquias. Trata-se de um negócio lucrativo, algo que muitos pensariam difícil de conjugar com o termo ecologia.
A ecologia tornou-se o símbolo de uma causa maior, capaz de mobilizar as pessoas para o bem comum.
O filme a Verdade Inconveniente é o exemplo de como a ecologia se tornou uma causa global. Nada é inocente. A cavalgada por esta causa baseia-se num ideal democrata que liga o fenómeno da globalização com a globalização de causas e valores.
Quando alguém viu na cerimónia dos Oscares, Leonardo de Caprio e Al Gore, afirmarem que esta foi a primeira cerimónia dos Oscares verde, percebe que o que está a acontecer não é brincadeira. Esta causa pretende demonstrar duas coisas: que os E.U.A. são também capazes de trazer o Bem ao Mundo, sem ser pela guerra ou pela destruição; e que existem causas pelo bem comum passiveis de ser implementadas a nível global.
Estamos prestes a mudar novamente. Isso sente-se. O aproximar das eleições americanas trará para o discurso novas causas e desafios. Não deixa de ser interessante observar até que ponto estes temas podem ultrapassar o discurso que subsistia até aqui: a economia. Talvez estejamos perto da era das causas. O discurso de candidatura de Barak Obama tem o tom inspirador desse tempo que se aproxima. Pode ser que os E.U.A. tragam efectivamente algo de bom ao mundo. Pelo menos já é bom que os democratas assumam esse papel.
Sem comentários:
Enviar um comentário