Foto: Jim Furness
Rep. aut.
Fonte: http://www.jfphotography.net/
Quem não conhece o Norte,
Os seus picos internando-se nas nuvens,
A sua cor azul, a placidez dos lagos;
Quem jamais viu o frio dos milénios
Inscrito nas rochas, pedindo a
decifração;
E a desordem harmónica
Das linhas de horizonte, compondo
as pautas.
Quem não conhece o tacto
Da pedra-pomes,
A dificuldade de se chegar
Aos bancos de moluscos, e de se lhes
Sorver o suco, com avidez selvagem.
Quem nunca sentiu na boca o sangue
Que já não podia esperar mais,
E arrancou com os dentes o arenque
Ainda vivo, espalhando as escamas.
Quem não viu isto, quem não afrontou
Os nebulosos mitos, e deuses, e lendas
Destes confins,
Jamais pronuncie a palavra “verde”,
Porque o musgo todo pode sair do chão,
Revoltado, e penetrar-lhe na boca;
Transformando-o em árvore,
Ou simples arbusto,
Diante da paisagem,
Sem olhos para contemplar
A doçura do Norte,
Como um cego, um homem
Com pupilas de xisto azul,
Um ser que não nasceu para o mundo,
Um bruto que não entende a poesia.
voj 2007
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