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gosto da mulher insubmissa, aquela que
atira o peito para a frente de luz,
tentando libertar-se dos olhares que a cercam.
crispando as mãos.
abrindo o palato todo.
furtando os dentes à acidez da saliva,
agitando-se na sua crina de cabelos
com a ansiedade com que o equídeo
quebra a vitrina cilíndrica
em que o tentaram encerrar.
gosto de todo o ser que está a gritar.
admiro um pescoço,
uma cintura
todos enfaixados no esforço
da libertação,
esticados,
com uma dimensão fora do normal.
adoro a mulher assim,
expondo a raiva
da sua razão desconhecida,
acercando-se perigosamente
dos meus fantasmas.
um segundo mais,
um movimento de nada,
uma indelével mudança
de luz,
e a coincidência seria
perfeita,
ou seja,
também nesse extremo,
nessa surpresa e risco,
a minha aprendizagem
poderia enfim iniciar-se.
copyright voj 2007
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Fotos: Pascal Renoux
(rep. aut.)
Fonte: http://www.pascalrenoux.com/Nudes.html
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