Transferência "(...) A PSICANÁLISE INVENTOU DE FACTO UMA NOVA FORMA DE AMOR CHAMADA TRANSFERÊNCIA." JACQUES-ALAIN MILLER (Lacan Dot Com)
segunda-feira, 31 de março de 2008
Alain Badiou, A Caminho de uma Nova Teoria do Sujeito, por Bruno Bosteels
PALESTRA
ALAIN BADIOU, A CAMINHO DE UMA NOVA TEORIA DO SUJEITO
Bruno Bosteels
(Cornell University)
10 de Abril 2008 - 18h
Sala Polivalente
BRUNO BOSTEELS - Autor dos livros Badiou and Politics e Alain Badiou o el recomienzo del materialismo dialéctico, Bruno Bosteels realizou o seu doutoramento na University of Pennsylvannia e foi professor em Harvard e em Columbia. Actualmente é professor na Cornell University. Entre as suas principais áreas de interesse contam-se a literatura e a cultura sul-americanas, mas tem igualmente investigado temas como os movimentos radicais dos anos 60 e 70, o dandismo e anarquia na viragem do século XIX para o século XX ou a recepção de Marx e Freud na América Latina. Também editor da revista Diacritics, Bosteels tem publicado vários artigos sobre filosofia europeia contemporânea, acompanhando muito particularmente a filosofia de Alain Badiou.
________________________________________________________
Av. Prof. Aníbal de Bettencourt, nº 9 - 1600 - 189 Lisboa
Tel: (351) 21 7804700
URL: http://www.ics.ul.pt
ALAIN BADIOU, A CAMINHO DE UMA NOVA TEORIA DO SUJEITO
Bruno Bosteels
(Cornell University)
10 de Abril 2008 - 18h
Sala Polivalente
BRUNO BOSTEELS - Autor dos livros Badiou and Politics e Alain Badiou o el recomienzo del materialismo dialéctico, Bruno Bosteels realizou o seu doutoramento na University of Pennsylvannia e foi professor em Harvard e em Columbia. Actualmente é professor na Cornell University. Entre as suas principais áreas de interesse contam-se a literatura e a cultura sul-americanas, mas tem igualmente investigado temas como os movimentos radicais dos anos 60 e 70, o dandismo e anarquia na viragem do século XIX para o século XX ou a recepção de Marx e Freud na América Latina. Também editor da revista Diacritics, Bosteels tem publicado vários artigos sobre filosofia europeia contemporânea, acompanhando muito particularmente a filosofia de Alain Badiou.
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De 3 a 8 de Abril
Estarei em serviço em Inglaterra.
Durante esses dias haverá um hiato neste blogue.
Volto pois na véspera da 12ª mesa-redonda de Primavera.
Esta decorre nos dias 10 e 11 de Abril (ver postagem anterior):
O contacto é o
Gabinete de Eventos e Relações com o Exterior
Dra. Fátima Lisboa flisboa@letras.up.pt
Dra. Cláudia Moreira mmoreira@letras.up.pt
Via Panorâmica, s/n
4150-54 Porto
Telefone: 226 077 123
Fax: 226 077 173
gere@letras.up.pt
Durante esses dias haverá um hiato neste blogue.
Volto pois na véspera da 12ª mesa-redonda de Primavera.
Esta decorre nos dias 10 e 11 de Abril (ver postagem anterior):
O contacto é o
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Dra. Fátima Lisboa flisboa@letras.up.pt
Dra. Cláudia Moreira mmoreira@letras.up.pt
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Fax: 226 077 173
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Informação importante: quem estará a atender os participantes (oradores e público) junto ao anfiteatro nobre nos dias 10 e 11 é um grupo de estudantes de Arqueologia que se voluntariaram para esse fim e a quem todos agradecemos a disponibilidade. De facto, decorre a Mostra da UP e as funcionárias do GERE estarão ocupadas noutro edifício.
Por isso quem estiver interessado inscreva-se com antecedência !!!!!!!
Se à última hora houver alguma urgência por parte de algum orador, este pode contactar-me para o meu telemóvel pessoal ou para o e-mail de um dos elementos da organização (secretariado de alunos):
joana.17martins@hotmail.com
Peço a todos a melhor compreensão.
Por isso quem estiver interessado inscreva-se com antecedência !!!!!!!
Se à última hora houver alguma urgência por parte de algum orador, este pode contactar-me para o meu telemóvel pessoal ou para o e-mail de um dos elementos da organização (secretariado de alunos):
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Estamos a tentar fazer o melhor pela nossa Faculdade e pelo prazer de pensar e de debater ideias.
Em relação aos oradores é muito importante seguirem as informações que serão dadas para o sítio de almoço, nos arredores da FLUP, porque o intervalo para tal é curto.
Em relação aos oradores é muito importante seguirem as informações que serão dadas para o sítio de almoço, nos arredores da FLUP, porque o intervalo para tal é curto.
Não esqueça! Divulgue entre os seus contactos! Apareça e participe!!
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TÉCNICAS DO PATRIMÓNIO
12.ª Mesa-Redonda de Primavera
CONHECIMENTO E PRAZER –
PRAZER DO CONHECIMENTO
TEMA E OBJECTIVOS
A nossa tradicional maneira de pensar destacou demasiado a cultura da vida, o saber do senso comum. Numa sociedade de cultura de massas, impõe-se que “o saber universitário” constitua cada vez mais um recurso público, não só porque isso é a própria justificação da sua constante produção e transmissão, mas também porque as sociedades complexas de hoje não podem prescindir de conhecimentos que tornem a vida mais digna de ser vivida.
As humanidades e as ciências sociais, em particular, acumularam um vasto património necessário ao equilíbrio e ao governo da comunidade, de que hoje pretendem usufruir todas as pessoas, tanto no seu trabalho como no seu lazer, embora com diferentes modos de recepção e fruição.
Ninguém gosta de se sentir ignorante, e todos sabem que a “escola da vida” não chega: para se sobreviver e sobretudo para se ser feliz e sentir realizado(a) são precisas competências novas. E o problema da formação, repetem todos, é o problema basilar do nosso país.
O objectivo principal desta mesa-redonda é responder à questão geral e absolutamente básica, sob diferentes pontos de vista: como podemos tornar a “cultura” “apetecível”, realizando melhor a fusão entre prazer e saber? Como é determinado campo de saber, que é mais uma perspectiva que um domínio fechado, pode contribuir para o nosso bem-estar e felicidade?
Os sub-temas abaixo indicados são apenas por ora indicativos, para se proceder a convites. Apelam muito à experiência de cada investigador, no sentido deste explicar, afinal, qual o prazer que lhe dá o saber que tem. Após os títulos, indica-se entre parêntesis rectos os domínios disciplinares em que podem integrar-se.
Programa
Dia 10 de ABRIL, quinta-feira
09h00 Recepção dos participantes
09h15 Sessão de abertura, com a presença de autoridades académicas
09h30 Comunicação 1- O prazer da filosofia por PAULO TUNHAS
10h00 Comunicação 2 – O prazer da dança por EUGÉNIA VILELA
10h30 Comunicação 3 - O prazer das artes plásticas por CRISTINA MATEUS
11h00 Debate e Intervalo
11h30 Comunicação 4 – Depois da fotografia por MIGUEL LEAL
12h00 Comunicação 5 – O prazer das artes visuais
por FERNANDO JOSÉ PEREIRA
12h30 Debate
13h00 Intervalo para almoço
15h00 Comunicação 6 – O prazer da música por JORGE CASTRO RIBEIRO
15h30 Comunicação 7 – O prazer da poesia por MANUEL ANTÓNIO PINA
16h00 Comunicação 8 – O prazer de ir ao teatro, estudando texto dramatico CRISTINA MARINHO
16h30 Debate e Intervalo
17h00 Comunicação 9 – O prazer da memória por LEANDRO SURYA
17h30 Comunicação 10 – O prazer da paisagem por MARIA ASSUNÇÃO ARAÚJO
18h00 Comunicação 11 – O prazer do espaço por MÉRCIA CARRÉRA
18h30 Debate final do 1º dia (máximo 1 hora)
Dia 11 de ABRIL, SEXTA-FEIRA
09h30 Comunicação 12 – O prazer de escavar - VITOR OLIVEIRA JORGE
10h00 Comunicação 13 – O prazer dos museus – ALICE SEMEDO
10h30 Comunicação 14 – Como conciliar prazeres opostos? O prazer de guardar informação e o prazer de comunicar por ARMANDO MALHEIRO
11h00 Debate e Intervalo
11h30 Comunicação 15 - O prazer de conhecer o Outro – a busca do prazer partilhado por PAULO CASTRO SEIXAS
12h00 Comunicação 16 – O prazer de conhecer o Outro por CONCEIÇÃO NOGUEIRA
12h30 Debate
13h00 Intervalo para almoço
15h00 Comunicação 17 – O prazer de viajar por EMÍLIA ARAÚJO
15h30 Comunicação 18 – O prazer de viver na cidade por JOÃO MIGUEL TEIXEIRA LOPES
16h00 Comunicação 19 – O prazer de consumir por ISABEL CRUZ
16h30 Debate e Intervalo
17h00 Comunicação 20 - Memória na pele: Uma pele para as lembranças. Reflexões em torno da tatuagem de um paciente adolescente por MARTINE ESTRADE
17h30 Comunicação 21 – O prazer de contar histórias por ALEXANDRA SILVA
18h00 Comunicação 22- O prazer de se sentir único por CONSTANÇA PAUL
18h30 Comunicação 23 – O prazer do desejo por FÁTIMA CABRAL
19h00 Debate final do 2º dia e da Mesa-redonda (máximo 1 hora)
Organização
Departamento de Ciências e Técnicas do Património
Coordenação Científica
Prof. Doutor Vítor Oliveira Jorge
Local de realização / Horário
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Anfiteatro Nobre
10 de Abril de 2008 (Quinta-feira): 09h00-13h00; 15h00-19h30
11 de Abril de 2008 (Sexta-feira): 09h30-13h00; 15h00-19h30
Inscrições (Limitadas a capacidade do auditório – 100 lugares)
50€ / participantes
25€ / estudantes do ensino superior
20€ / estudantes da Universidade do Porto
10€ / estudantes da FLUP
Informações
Gabinete de Eventos e Relações com o Exterior
Dra. Fátima Lisboa
Via Panorâmica, s/n
4150-54 Porto
Telefone: 226 077 123
Fax: 226 077 173
gere@letras.up.pt
APOIOS:
FCT
Ed. Afrontamento
Feira do livro da FLUP
Feira do Livro da FLUP
Publicações da FLUP
O Serviço de Publicações da Biblioteca Central e a Livraria da FLUP, têm o prazer de informar que decorrerá, no período 25 de Março a 4 de Abril, no átrio junto à biblioteca, uma Feira do Livro com Publicações da FLUP.Temos para si bons autores, bons títulos e bons preços!
Contamos com a sua visita!
THE PAST ON STAGE: SOME NOTES, by Vítor Oliveira Jorge (2004)
Porto 2004
Archaeology/Performance
THE PAST ON STAGE: SOME NOTES
by Vítor Oliveira Jorge
Department of Heritage Sciences and Techniques (DCTP), Faculty of Arts, University of Porto, Portugal – web page: http://www.architectures.home.sapo.pt
Translation into English: Daniela Kato
Archaeology/Performance
THE PAST ON STAGE: SOME NOTES
by Vítor Oliveira Jorge
Department of Heritage Sciences and Techniques (DCTP), Faculty of Arts, University of Porto, Portugal – web page: http://www.architectures.home.sapo.pt
Translation into English: Daniela Kato
“To contemplate ruins makes you fleetingly aware of the existence of a time which is not the time in history books, nor the time that restoration attempts to bring back to life. It is a sheer time, unlocatable, absent from our world of images, simulacra, and reconstitutions, from our violent world whose debris can no longer afford the time to become ruins. A lost time which only art can retrieve.”
Marc Augé From the introduction to Le Temps en Ruines / Time in Ruins, 2003.
“The setting is the space in which, in an interval determined throughout the course of a celebration or the performing of a ritual, something that usually remains invisible becomes visible: gods, demons and heroes, performed by men-in-masks and reduced to a state of play; but it is also the conflicts, in the same way that objects are removed away from sight. It is a space, a microcosm, symbolizing the world and thereby the object of sacralization even in our own secular societies.”
Trans. from Enciclopédia Einaudi, vol. 32, “Cena” / Setting (L. Zorzi), p. 416.
“Everything is meant to be seen, because everything is visible, because nothing should be hidden away.
“One could hardly imagine how the ‘work of representation’, which pressuposes a distance necessary for the acquisition of knowledge, as well as for aesthetic perception, could still fulfil itself when everything is prone to display or exhibition. Even when affirming its will-to-modernity, museum didactics is marked by its own anachronism, since it merely creates the illusion of institutional control over the hysteria of the gaze.”
H.-P. Jeudi, 1995, p. 9.
To connect theatre and archaeology, namely by means of the idea of “staging” and “acting” (“performance”): is this only apparently an original connection, within the “postmodern tendency” to establish unexpected relationships – which to some is superficial and inconsequential – or, on the contrary, is it a form of interdisciplinary reflection in its most recent and fruitful sense, that is to say, not just enunciating interdisciplinarity as intention or desire, but actually inhabiting it without further preliminaries? I am obviously inclined to choose the latter hypothesis.
We live in a society of indifferentiation between the real and the virtual, characterized by the general consumption of everything as commodity, by the high-speed fruition of experiences, atmospheres, environments. As Marc Augé writes (2001, p. 91), we spend our lives drowned in evidence, in the eternal present, in the “trop-plein” (that is, inside something which is already “filled up to its brim”); in a society characterized by “zapping”, keeping us under the illusion that we are watching the theatre of the world, in its resplendent totality, within space and time. We sit before any screen, before any window with a view to reality, and hedonistically prepare ourselves to enjoy.
In fact, that is what the theatre (and in Greek the word denotes the site from which the performance is seen) has always provided us with, whether in more naïve ways or in more sophisticated ones: we sit ourselves before a stage, let the curtains open above a made-up reality, although everything seemingly happens in that very instant (which is true, to a certain extent), and let ourselves become involved, fascinated, as if it were life itself. To stage is to speak the truth by means of a lie; and all this begins in the actors themselves, who embody a character and have to let themselves merge into her/him. They have to enact, on stage, what we do in the course of our daily lives: to perform roles, to assume different identities, or, if you will, to attempt a balance between sameness and otherness, in a perpetual game of masks.
By resorting to their own bodies as a working instrument, the actors undergo a process of de-personalization, making public their singularity, and thereby displaying it as simulacrum – that is, as something which does not belong to them, which is part of another character that they objectify or incarnate. In their nakedness, in their bareness before a judging audience, whom they attempt to seduce at all costs, the actors throw themselves onto a razor’s edge. An actor cannot afford to fail, that is to say, s/he always has to be between the real (as an actor s/he is pretending) and the virtual (the character has to be authentic enough to persuade us, to move us, to seduce us, to involve us). They conjure, reactivate, reintegrate a whole experience which is meant to be lived as a performance, as something which always leaves us suspended between two worlds: fiction and real life.
Within such a relationship of complicity, both elements – actors and audience – agree to play this serious game: a game which utterly involves us all. It is therefore not surprising that performance has its origins in religion and ritual and is rooted in the most immemorial and recondite dimension of ourselves. A body and a fragment of space / time are all the theatre needs to begin, beyond the alleged aquiescence of others. Even the distantiation of the audience and an atmosphere (lights, etc.) are dispensable at the outset; they can be created afterwards, throughout the course of the performance, as a kind of force involving all the participants in the end.
Acting is therefore to re-enact, to pretend that everything is happening in the present, while in fact reactivating energies, reminiscences, memories, forms of affection that are enthralling and can be shared only to the extent that they originate in the past. Acting means conveying to the stage what in other contexts / moments could be considered obscene, implausible, disturbing, unbearable. An intensity which takes pity upon human temporality and its attendant daily routines.
Theatre means a dis-traction from those routines, an escape from the banality of daily life and from an overly ordered, extensive reality, in order to allow room for a more real, intense reality. And, once again, the parallel between representation and ritual assumes particular relevance. It is everyone’s profound belief in ritual, its magnetizing potential which attracts participation, thereby releasing the collective energies on which the ritual feeds itself and derives the single possibility of remaining a “serious affair”, or the “serious affair par excellence”. Should anyone show disbelief or refuse to participate, or to get involved, the ritual will find itself reduced to the condition of a foreign, exotic, wild, or even ridiculous object. As in numerous ethnological reports aimed to carnavalise the other, to convert the person – the “persona”, the actor – into some sort of clown, into an exotic being, dressed bizarrely, staring, zombie-like, at a camera.
Archaeology plays, precisely, with all these ambiguities.
Archaeology aims not so much to reconstitute the past as something distant, remote, fleeting, but to reactivate it, to re-live it, to present it to others. In this respect, the archaeologist, like the actor, is a mediator, someone who establishes a link between past and present, between past experiences and present ones. The archaeologist speaks of an absence – an absence that he attempts neverhteless to bring into the present, not as nostalgia or loss, but in the form of contemporary action or production. An action at various levels: in the archaeologist’s activity as observer, prospector, excavator, interpreter, producer of narratives by means of text, discourse, the museum, the exhibition, visits to sites, places, landscapes, and the very ability to “set things going again”, thereby enacting its simulation, its representation in virtual (the computer) or real spaces. The archaeologist is therefore himself an actor, an interpreter, to whom society assigns a role: the representation of the past for collective benefit, here and now. As in any theatre play.
The round-table discussion “The Past on Stage” (Oporto, Rivoli Theatre, November 2004) was oriented towards an anthropological perspective, in the sense that it attempts to look at social reality – including our own – as an “other-reality”, that is, as something which is not “natural”, butn on the contrary, a particular historical outcome, among a set of many other theoretical possibilities. In fact, a combination of practices and beliefs, behaviours and desires – some inherited from the past, others only recently acquired – and forming a mosaic that raises problems and interrogations. Hence, it provides us with a most relevant topic for debate.
We set out to reflect on the meaning surrounding the concerns that our modern and, in particular, “supermodern” (or post-modern) societies show about conservation, restoration, heritage, representation (i.e. staging). These concerns are, moreover, directed towards the leisure of increasing masses of the public, towards manifold “fragments of reality”: objects, works of art, testimonies to times past, archaeological sites and monuments, landscapes or territories (parks, protected areas), or even the life of populations, “caught” in their “authentic” daily routines.
In such society, based upon the evident and the present, there is a tendency to represent, within “time capsules”, the totality of human life in the shape of objects and spaces easily seen and deciphered, thereby converting into seemingly “natural” narratives, discourses, and interpretations, objects which are actually “fabricated”, in the sense that they are the outcome of labour. It is interesting to note that very often we find in these places the coexistence of the principles of the museum (the preservation and handing down of the past), of the theatre (the representation of the past), and of the shopping mall (the consumption of the past). This is precisely the work of museologists, archaeologists, ethnologists, architects, restorers, producers of shows and other events, performing artists – in sum, of all of those who seek, each from a different point of view and according to their respective abilities as agents, to take part in the modern organization of time and territory, as well as in culture and leisure programming.
But all these productions contribute to an overlapping of narratives, with each one attempting to fill in the space / time gaps, to introduce order, to provide those spaces / times with continuity, intelligibility, transparency and fluidity – in a word, to provide the life of the citizens with meaning. From the perspective of these productions and representations of meaning, common space is no longer a mere support or container of services and resources for immediate use; on the contrary, it constantly gains strength from windows opened towards the past and the future, which are thus brought back to everyday reality, to the present, with a reassuring purpose.
Heritage, as we all know, is connected with a sense of permanent loss, which is felt as the absence of a common good, no longer a legacy but, in a broader sense, a comprehensive resource, a galvanizing process. This general resource is, by definition, constantly under threat. This threat is embodied by the vested (though often concealed) interests of “development” – that is, the modernization and homegeneization of the world, the well-known globalization and its attendant paradoxes. However, the obsession with loss may as well become a symptom of unease or even nostalgia for a lost transcendence, which no modern ideology or grand redempting narrative has as yet managed to replace.
It is possible to locate several discourses or ideologies working underneath this general emphasis on heritage. I shall now present a very brief and, of necessity, oversimplified characterization of some of these discourses / ideologies.
On the one hand, we have a nostalgic discourse which, being hostile towards concessions to the masses, aspires to keep the “practice of the past” reserved for a few only . It admits only the minimum degree of intervention in archaeological sites, always resorting to the spectre of vandalism to defend values that it considers (often rightly) unique and therefore indestructible. Such an attitude is, as often as not, suspicious of the “heritage-mania”, of the overestimation (or even obsessive repetition) of commemorations and monuments – as if it were possible to expand a practice which is intimately linked to tourism (and thus highly profitable) and, at the same time, to enclose it within a strictly pre-defined frame of access and fruition. Many times “intellectuals” and scientists find themselves unwittingly on this side of the barricade. This is because research poses new questions as well as multiple possibilities all the time, whereas the answers or explanations that the public demands forces the former to withdraw or suspend the process of questioning, leading thus to the presentation of a more feasible version of what is expounded. All artists, all museologists, all actors, all playwrights, all novelists know that. Because the very reason for bringing something to public attention is precisely to make its sense visible and evident to everybody, this sense is converted into a common sense.
On the other hand, the culture and heritage industries (which should ideally work alongside contemporary artistic productions) generate new jobs, even though in many cases these jobs are precarious, temporary and low-paid. Young people willingly participate in this movement, since it allows them to take an active role in society, even when activities such as “emergency archaeology”, or labour strictly subject to the play of market forces prevent them from fulfilling their original dreams – dreams in which a degree of idealism mingled with a genuine wish to carry out research and a creative activity. Hence the discourse of these young people very often assumes an optimistic tone – a phenomenon that is not too difficult to understand if we take into account that they were born in a society in which fierce competition, short-term profit, individualism, and immediate success were already the order of the day. And very often too, they do not fully realize that heritage-oriented movements collaborate, in their own fragile ways, in the homogeneization of the world. And we say fragile, because the material conditions of production and publicizing at their disposal are infinitely smaller than those at the disposal of other fields (including the production of easily marketable entertainment).
Heritage as a re-activating force or energy – the staging of the past – no longer belongs to an elite, as the contemplation of ruins did in romantic times; it is now an effective industry within a free market society, within a formal democracy dominated by consumptiom, the acceleration of life and mass tourism. Nevertheless, heritage assumes such fundamental importance to our future that we cannot possibly leave it to the care of “experts” alone. Considering that heritage is potentially a promoter of happiness and pleasure, we should all have a word to say about it.
The participants in the Oporto round-table discussion do not claim to say their last word on such a slippery and complex ground. Actually, to lay claim that one has said the last word on anything is, in our time, quite simply beyond the pale. Our sole aim is to allow for the exchange of different viewpoints and experiences among people involved in distinct kinds of “theatre”, resorting to a great range of materials which vary from field to field, but which nevertheless have many points in common. All in all, we are concerned with the enlargement of the debate over one of the most obvious features of modernity: the socialization of a common past. In other words, it is our aim to bring a once “aristocratic” object of consumption to a terrain where meaning can be shared, discussed, demystified and thus pluralized. This implies a perpetual renewal of staging, no matter how mythical or difficult the latter might appear to us. The performance begins within a few moments. Or perhaps we should say: the performance has always been there.
Oporto, November 2004
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Source:
http://humanitieslab.stanford.edu/ArchaeologyPerformance/20
Marc Augé From the introduction to Le Temps en Ruines / Time in Ruins, 2003.
“The setting is the space in which, in an interval determined throughout the course of a celebration or the performing of a ritual, something that usually remains invisible becomes visible: gods, demons and heroes, performed by men-in-masks and reduced to a state of play; but it is also the conflicts, in the same way that objects are removed away from sight. It is a space, a microcosm, symbolizing the world and thereby the object of sacralization even in our own secular societies.”
Trans. from Enciclopédia Einaudi, vol. 32, “Cena” / Setting (L. Zorzi), p. 416.
“Everything is meant to be seen, because everything is visible, because nothing should be hidden away.
“One could hardly imagine how the ‘work of representation’, which pressuposes a distance necessary for the acquisition of knowledge, as well as for aesthetic perception, could still fulfil itself when everything is prone to display or exhibition. Even when affirming its will-to-modernity, museum didactics is marked by its own anachronism, since it merely creates the illusion of institutional control over the hysteria of the gaze.”
H.-P. Jeudi, 1995, p. 9.
To connect theatre and archaeology, namely by means of the idea of “staging” and “acting” (“performance”): is this only apparently an original connection, within the “postmodern tendency” to establish unexpected relationships – which to some is superficial and inconsequential – or, on the contrary, is it a form of interdisciplinary reflection in its most recent and fruitful sense, that is to say, not just enunciating interdisciplinarity as intention or desire, but actually inhabiting it without further preliminaries? I am obviously inclined to choose the latter hypothesis.
We live in a society of indifferentiation between the real and the virtual, characterized by the general consumption of everything as commodity, by the high-speed fruition of experiences, atmospheres, environments. As Marc Augé writes (2001, p. 91), we spend our lives drowned in evidence, in the eternal present, in the “trop-plein” (that is, inside something which is already “filled up to its brim”); in a society characterized by “zapping”, keeping us under the illusion that we are watching the theatre of the world, in its resplendent totality, within space and time. We sit before any screen, before any window with a view to reality, and hedonistically prepare ourselves to enjoy.
In fact, that is what the theatre (and in Greek the word denotes the site from which the performance is seen) has always provided us with, whether in more naïve ways or in more sophisticated ones: we sit ourselves before a stage, let the curtains open above a made-up reality, although everything seemingly happens in that very instant (which is true, to a certain extent), and let ourselves become involved, fascinated, as if it were life itself. To stage is to speak the truth by means of a lie; and all this begins in the actors themselves, who embody a character and have to let themselves merge into her/him. They have to enact, on stage, what we do in the course of our daily lives: to perform roles, to assume different identities, or, if you will, to attempt a balance between sameness and otherness, in a perpetual game of masks.
By resorting to their own bodies as a working instrument, the actors undergo a process of de-personalization, making public their singularity, and thereby displaying it as simulacrum – that is, as something which does not belong to them, which is part of another character that they objectify or incarnate. In their nakedness, in their bareness before a judging audience, whom they attempt to seduce at all costs, the actors throw themselves onto a razor’s edge. An actor cannot afford to fail, that is to say, s/he always has to be between the real (as an actor s/he is pretending) and the virtual (the character has to be authentic enough to persuade us, to move us, to seduce us, to involve us). They conjure, reactivate, reintegrate a whole experience which is meant to be lived as a performance, as something which always leaves us suspended between two worlds: fiction and real life.
Within such a relationship of complicity, both elements – actors and audience – agree to play this serious game: a game which utterly involves us all. It is therefore not surprising that performance has its origins in religion and ritual and is rooted in the most immemorial and recondite dimension of ourselves. A body and a fragment of space / time are all the theatre needs to begin, beyond the alleged aquiescence of others. Even the distantiation of the audience and an atmosphere (lights, etc.) are dispensable at the outset; they can be created afterwards, throughout the course of the performance, as a kind of force involving all the participants in the end.
Acting is therefore to re-enact, to pretend that everything is happening in the present, while in fact reactivating energies, reminiscences, memories, forms of affection that are enthralling and can be shared only to the extent that they originate in the past. Acting means conveying to the stage what in other contexts / moments could be considered obscene, implausible, disturbing, unbearable. An intensity which takes pity upon human temporality and its attendant daily routines.
Theatre means a dis-traction from those routines, an escape from the banality of daily life and from an overly ordered, extensive reality, in order to allow room for a more real, intense reality. And, once again, the parallel between representation and ritual assumes particular relevance. It is everyone’s profound belief in ritual, its magnetizing potential which attracts participation, thereby releasing the collective energies on which the ritual feeds itself and derives the single possibility of remaining a “serious affair”, or the “serious affair par excellence”. Should anyone show disbelief or refuse to participate, or to get involved, the ritual will find itself reduced to the condition of a foreign, exotic, wild, or even ridiculous object. As in numerous ethnological reports aimed to carnavalise the other, to convert the person – the “persona”, the actor – into some sort of clown, into an exotic being, dressed bizarrely, staring, zombie-like, at a camera.
Archaeology plays, precisely, with all these ambiguities.
Archaeology aims not so much to reconstitute the past as something distant, remote, fleeting, but to reactivate it, to re-live it, to present it to others. In this respect, the archaeologist, like the actor, is a mediator, someone who establishes a link between past and present, between past experiences and present ones. The archaeologist speaks of an absence – an absence that he attempts neverhteless to bring into the present, not as nostalgia or loss, but in the form of contemporary action or production. An action at various levels: in the archaeologist’s activity as observer, prospector, excavator, interpreter, producer of narratives by means of text, discourse, the museum, the exhibition, visits to sites, places, landscapes, and the very ability to “set things going again”, thereby enacting its simulation, its representation in virtual (the computer) or real spaces. The archaeologist is therefore himself an actor, an interpreter, to whom society assigns a role: the representation of the past for collective benefit, here and now. As in any theatre play.
The round-table discussion “The Past on Stage” (Oporto, Rivoli Theatre, November 2004) was oriented towards an anthropological perspective, in the sense that it attempts to look at social reality – including our own – as an “other-reality”, that is, as something which is not “natural”, butn on the contrary, a particular historical outcome, among a set of many other theoretical possibilities. In fact, a combination of practices and beliefs, behaviours and desires – some inherited from the past, others only recently acquired – and forming a mosaic that raises problems and interrogations. Hence, it provides us with a most relevant topic for debate.
We set out to reflect on the meaning surrounding the concerns that our modern and, in particular, “supermodern” (or post-modern) societies show about conservation, restoration, heritage, representation (i.e. staging). These concerns are, moreover, directed towards the leisure of increasing masses of the public, towards manifold “fragments of reality”: objects, works of art, testimonies to times past, archaeological sites and monuments, landscapes or territories (parks, protected areas), or even the life of populations, “caught” in their “authentic” daily routines.
In such society, based upon the evident and the present, there is a tendency to represent, within “time capsules”, the totality of human life in the shape of objects and spaces easily seen and deciphered, thereby converting into seemingly “natural” narratives, discourses, and interpretations, objects which are actually “fabricated”, in the sense that they are the outcome of labour. It is interesting to note that very often we find in these places the coexistence of the principles of the museum (the preservation and handing down of the past), of the theatre (the representation of the past), and of the shopping mall (the consumption of the past). This is precisely the work of museologists, archaeologists, ethnologists, architects, restorers, producers of shows and other events, performing artists – in sum, of all of those who seek, each from a different point of view and according to their respective abilities as agents, to take part in the modern organization of time and territory, as well as in culture and leisure programming.
But all these productions contribute to an overlapping of narratives, with each one attempting to fill in the space / time gaps, to introduce order, to provide those spaces / times with continuity, intelligibility, transparency and fluidity – in a word, to provide the life of the citizens with meaning. From the perspective of these productions and representations of meaning, common space is no longer a mere support or container of services and resources for immediate use; on the contrary, it constantly gains strength from windows opened towards the past and the future, which are thus brought back to everyday reality, to the present, with a reassuring purpose.
Heritage, as we all know, is connected with a sense of permanent loss, which is felt as the absence of a common good, no longer a legacy but, in a broader sense, a comprehensive resource, a galvanizing process. This general resource is, by definition, constantly under threat. This threat is embodied by the vested (though often concealed) interests of “development” – that is, the modernization and homegeneization of the world, the well-known globalization and its attendant paradoxes. However, the obsession with loss may as well become a symptom of unease or even nostalgia for a lost transcendence, which no modern ideology or grand redempting narrative has as yet managed to replace.
It is possible to locate several discourses or ideologies working underneath this general emphasis on heritage. I shall now present a very brief and, of necessity, oversimplified characterization of some of these discourses / ideologies.
On the one hand, we have a nostalgic discourse which, being hostile towards concessions to the masses, aspires to keep the “practice of the past” reserved for a few only . It admits only the minimum degree of intervention in archaeological sites, always resorting to the spectre of vandalism to defend values that it considers (often rightly) unique and therefore indestructible. Such an attitude is, as often as not, suspicious of the “heritage-mania”, of the overestimation (or even obsessive repetition) of commemorations and monuments – as if it were possible to expand a practice which is intimately linked to tourism (and thus highly profitable) and, at the same time, to enclose it within a strictly pre-defined frame of access and fruition. Many times “intellectuals” and scientists find themselves unwittingly on this side of the barricade. This is because research poses new questions as well as multiple possibilities all the time, whereas the answers or explanations that the public demands forces the former to withdraw or suspend the process of questioning, leading thus to the presentation of a more feasible version of what is expounded. All artists, all museologists, all actors, all playwrights, all novelists know that. Because the very reason for bringing something to public attention is precisely to make its sense visible and evident to everybody, this sense is converted into a common sense.
On the other hand, the culture and heritage industries (which should ideally work alongside contemporary artistic productions) generate new jobs, even though in many cases these jobs are precarious, temporary and low-paid. Young people willingly participate in this movement, since it allows them to take an active role in society, even when activities such as “emergency archaeology”, or labour strictly subject to the play of market forces prevent them from fulfilling their original dreams – dreams in which a degree of idealism mingled with a genuine wish to carry out research and a creative activity. Hence the discourse of these young people very often assumes an optimistic tone – a phenomenon that is not too difficult to understand if we take into account that they were born in a society in which fierce competition, short-term profit, individualism, and immediate success were already the order of the day. And very often too, they do not fully realize that heritage-oriented movements collaborate, in their own fragile ways, in the homogeneization of the world. And we say fragile, because the material conditions of production and publicizing at their disposal are infinitely smaller than those at the disposal of other fields (including the production of easily marketable entertainment).
Heritage as a re-activating force or energy – the staging of the past – no longer belongs to an elite, as the contemplation of ruins did in romantic times; it is now an effective industry within a free market society, within a formal democracy dominated by consumptiom, the acceleration of life and mass tourism. Nevertheless, heritage assumes such fundamental importance to our future that we cannot possibly leave it to the care of “experts” alone. Considering that heritage is potentially a promoter of happiness and pleasure, we should all have a word to say about it.
The participants in the Oporto round-table discussion do not claim to say their last word on such a slippery and complex ground. Actually, to lay claim that one has said the last word on anything is, in our time, quite simply beyond the pale. Our sole aim is to allow for the exchange of different viewpoints and experiences among people involved in distinct kinds of “theatre”, resorting to a great range of materials which vary from field to field, but which nevertheless have many points in common. All in all, we are concerned with the enlargement of the debate over one of the most obvious features of modernity: the socialization of a common past. In other words, it is our aim to bring a once “aristocratic” object of consumption to a terrain where meaning can be shared, discussed, demystified and thus pluralized. This implies a perpetual renewal of staging, no matter how mythical or difficult the latter might appear to us. The performance begins within a few moments. Or perhaps we should say: the performance has always been there.
Oporto, November 2004
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Source:
http://humanitieslab.stanford.edu/ArchaeologyPerformance/20
domingo, 30 de março de 2008
From Lacan dot com
LACANIAN INK 31 - Sacrosanct Depression
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A Reading of the Seminar From an Other to the other III
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ZAPATISMO, Poder e Estado
ZAPATISMO,
PODER e ESTADO
seminário com
JOHN HOLLOWAY
ISCTE | Auditório B203 | 9 DE ABRIL 2008 | 18:00
O levantamento zapatista mudou a ideia de transformação social radical, constituindo-se como um desafio prático e teórico que exige reflexão e debate. O que pode significar querer mudar o mundo sem tomar o poder? O que é uma política de dignidade? O que significa afirmar "caminhamos perguntando"? Que sentido pode adquirir o zapatismo na cidade? É sobre estas questões que se debruçará o seminário.
*
John Holloway nasceu em Dublin. Professor da Universidade de Edimburgo desde 1972, é desde os anos 70 um dos mais destacados dinamizadores da corrente conhecida como Open Marxism. Actualmente é professor na Benemérita Universidad Autónoma de la ciudad de Puebla, no México. Publicou livros e ensaios em vários países, de Post Fordism and Social Form - a Marxist debate on the Post-Fordism State até Zapatista! Reinventing revolution in México. Em 2002 publicou Changing the World without Taking Power – The Meaning of Revolution Today, livro também publicado no Brasil com o título Mudar o Mundo sem Tomar o Poder – O Significado da Revolução Hoje. Este livro, ao colocar em cima da mesa questões tais como a crise do sujeito revolucionário "clássico", a crítica da noção de revolução enquanto estrutura de poder e dominação, a centralidade do trabalho abstracto na ideia estatocêntrica de revolução ou, ainda, a ideia de autonomia como forma política anti-totalizadora do sujeito transformador, colocou o pensamento de John Holloway no centro de um intenso e polémico debate político e teórico, travado desde a França até à Argentina.
Organização
Centro de Estudos de Antropologia Social / ISCTE
Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa / ISCTE
Le monde diplomatique – edição portuguesa
Apoio
Fundação para a Ciência e Tecnologia
INSCRIÇÕES ATÉ DIA 7 DE ABRIL
Por e-mail para: ceas@iscte.pt
[Entrada gratuita. Lugares limitados]
[Confere certificado]
[John Holloway intervirá em espanhol]
[Será previamente fornecido aos inscritos um texto de John Holloway]
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Maio 68
MAIO' 68
POLÍTICA|TEORIA|HISTÓRIA
Colóquio Internacional
Lisboa, 11 e 12 de Abril de 2008
Instituto Franco-Português
Av. Luís Bívar, 91 | METRO: São Sebastião - Campo Pequeno.
Tradução Simultânea
Entrada Livre
Mais informações: lisboa1968@gmail.com | (+351) 213111468
Organização
Instituto Franco-Português
Instituto de História Contemporânea
Le monde diplomatique – edição portuguesa
Apoios: FCT | Fábrica de Braço de Prata | Goethe Institut | Antígona
Maio de 1968. Em Paris anuncia-se o início de uma luta prolongada. Quatro décadas depois, este colóquio internacional reúne um conjunto de reputados intelectuais cujas investigações permitiram voltar a olhar para 1968 nas suas mais variadas dimensões. Levando o debate mais além das repetidas alusões ao cariz geracional e estudantil da revolta, mapeando 1968 para lá das fronteiras da França, o colóquio confronta a importância de 1968 na emergência de novas subjectividades políticas, analisa a dimensão de luta de classes que atravessa o período e discute a persistência de Maio'68 nos conflitos políticos contemporâneos.
Os coordenadores,
Bruno Peixe (NÚMENA)
Luís Trindade (IHC-UNL/U.Birkbeck)
José Neves (ICS-UL)
Ricardo Noronha (IHC-UNL)
*******************************************
PROGRAMA
11 DE ABRIL
9h30
Sessão de Abertura
10h | Maio no Mundo
Fernando Rosas
Teses sobre a geração dos anos 60 em Portugal e a questão da hegemonia
Gerd-Rainer Horn
Um conto das duas europas
Manuel Villaverde Cabral
Maio de '68 como revolução cultural
14h30 | Ideias de Maio
Anselm Jappe
Maio de 68, do «assalto aos céus» ao capitalismo em rede. O papel dos situacionistas
Daniel Bensaid
Como será possível pensar poder quebrar o ciclo vicioso (da dominação)
Judith Revel
1968, o fim do intelectual sartriano
12 DE ABRIL
10h | Maio em Movimento
Maud Bracker
Participação, encontro, memória: os imigrantes e o Maio de 68
João Bernardo
Estudantes ou trabalhadores?
Franco Berardi (Bifo)
68 e a génese do cognitariado
14h30 | O Outro Movimento Operário
Xavier Vigna
As greves operárias em França em 1968
Yann Moulier Boutang
Maio de 68, herança por reclamar na divisão de perdidos e achados da História
John Holloway
1968 e a crise do trabalho abstracto
18h | 1968 - 2008
Bruno Bosteels
A revolução da vergonha
François Cusset
Os embalsamadores e os coveiros
*****************************
RESUMO DAS COMUNICAÇÕES
Teses sobre a geração dos anos 60 em Portugal e a questão da hegemonia
Fernando Rosas
Pretende-se discutir o papel que o "Maio de 68" em Portugal, ou seja, a contestação estudantil de 1969, desempenhou na radicalização da luta política em geral e na alteração das relações de hegemonia em favor das mundivisões marxizantes e revolucionárias na sociedade portuguesa da época.
Fernando Rosas, Historiador, Professor catedrático da FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Autor de bibliografia sobre a História do séc. XX em geral e a História do Estado Novo português em particular.
Um conto de duas Europas
Gerd-Rainer Horn
Em quase todo o lado o meio estudantil universitário serviu de catalisador para "1968", e isto será exemplificado com um breve olhar sobre as origens do 1968 Belga. Contudo, podemos distinguir dois padrões bem distintos na Europa Ocidental e nos Estados Unidos em 1968. Na "Europa do Norte" e nos Estados Unidos, 1968 representou sobretudo uma série de movimentos sociais de base estudantil. Na "Europa do Sul", 1968 foi muito mais transclassista, com a classe operária a assumir um papel proeminente.
Gerd Rainer Horn ensina no departamento de Hiatória da Universidade de Warwick e escreveu The Spirit of '68.
Maio de '68 como revolução cultural
Manuel Villaverde Cabral
Testemunho pessoal sobre o momento mais alto de um movimento social internacional que não queria o poder, mas que nem por isso – ou talvez por isso – deixou de mudar o mundo.
Manuel Villaverde Cabral nasceu em 1940. Fugiu à PIDE em 1963, indo para Paris onde trabalhou e estudou. Voltou a Portugal em 1974, ingressou na carreira docente no ISCTE, entrou para o antigo Gabinete de Investigações Sociais em 1975, passando para a carreira de investigação quando foi criado o Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa em 1982. Foi Director da Biblioteca Nacional entre 1985 e 1990.
Maio de 68: do «assalto ao céu» ao capitalismo em rede. O papel dos situacionistas
Anselm Jappe
Começaremos por abordar a questão de saber qual foi a «influência» dos situacionistas em Maio de 68 bem como na sua preparação, opondo a outros movimento políticos e intelectuais mais visíveis da época a sua própria agitação subterrânea. Sublinharemos de seguida que Maio de 68 constituiu simultaneamente um esforço de emancipação mas também o início da passagem para uma nova forma mais subtil de dominação capitalista. Neste contexto, recorreremos às ideias de Guy Debord para compreender esta evolução tirando daí algumas consequências.
Anselm Jappe ensina estética na Escola de Belas Artes de Frosinone (Itália). É autor de Guy Debord (edíção portuguesa da Antígona prevista para 2008) e As aventuras da mercadoria. Para uma nova crítica do valor.
Lançamento do livro Guy Debord, pela Editora Antígona
12 de Abril 21h30
Fábrica de Braço de Prata
Apresentação por Ricardo Noronha
«Como é possível pensar que se possa quebrar o ciclo vicioso [da dominação]?»
Daniel Bensaïd
Era esta a questão colocada, logo em 1964, por Herbert Marcuse, em L'homme unidimensionnel, e que assolava a sua época. A exuberância dos acontecimentos de Maio terá significado um princípio de resposta à questão ou confirmado, pelo contrário, o fecho daquele ciclo vicioso, como parece indicar a evolução posterior da obra de Debord ou de Baudrillard: depois do espectáculo, estado supremo do fetichismo da mercadoria, o simulacro, estado supremo do espectáculo?
Daniel Bensaïd é Professor de Filosofia na Universidade de Paris VIII (Vincennes) e dirigente da Ligue Communiste Révolutionnaire (IV Internacional). Participante no movimento estudantil em Maio de 1968, é autor, entre outras, das seguintes obras: Mai 1968: Une répétition générale (1968), Walter Benjamin sentinelle messianique (1990), Marx l'intempestif : Grandeurs et misres d'une aventure critique (1996).
1968: o fim do intelectual sartriano
Judith Revel
1968 não constitui apenas o levantamento de uma geração que não quer mais viver de forma semelhante à dos seus pais, alimentando-se da mesma memória – de Vichy, das guerras coloniais – e reconhecendo-lhe os valores. Constitui também uma outra forma de conceber a tomada da palavra e a acção colectiva, os modos de intervenção política e os processos de subjectivação. Nesta grande transição de uma época à outra, a própria função dos intelectuais vê-se profundamente redefinida: o modelo sartriano de envolvimento político cede pouco a pouco o lugar a uma outra figura que, por seu turno, implica já uma análise diferente das relações de poder e do papel do conhecimento, da função das lutas e dos usos colectivos da palavra. De Sartre a Foucault, trata-se pois de uma passagem de testemunho em forma de ruptura – que quarenta anos depois não deixa de suscitar mal-entendidos.
Judith Revel, filósofa, italianista e tradutora, docente (maître de conférences) na Universidade de Paris-I Sorbonne. Especialista em pensamento contemporâneo, particularmente no de Michel Foucault, a quem consagrou numerosos livros e artigos, trabalha actualmente sobre as categorias políticas anteriores e posteriores a 1968. Integra a redacção das revistas Posse (em Itália) e Multitudes (em França), e o gabinete científico do Centre Michel Foucault. Membro da equipa de investigação ANR «La bibliothéque foucaldienne. Michel Foucault au travail" (CNRS-ENS-EHESS).
Participação, encontro, memória: os imigrantes e o Maio de 68
Maud Bracker
Esta comunicação debruça-se sobre alguns dos modos pelos quais os principais grupos que encabeçaram o Maio de 68 em França – estudantes, intelectuais, sindicalistas – tentaram compreender a emergência do mundo pós-colonial, e integraram essa passagem ao pós-colonialismo na sua oposição ao capitalismo. Contudo, as teorias e a acção em solidariedade com os trabalhadores imigrantes que se desenvolveram durante e após 1968 herdaram das formas mais antigas do anti-imperialismo marxista europeu alguns dilemas não-resolvidos.
Maud Bracke dá aulas de História Moderna Europeia na Universidade de Glasgow. É autora de Which socialism, whose détente? West European communism and the Czechoslovak crisis of 1968.
Estudantes ou trabalhadores?
João Bernardo
Será paradoxal que os participantes num movimento que jornalistas e historiadores insistem em classificar como estudantil colocassem principalmente problemas políticos e sociais relativos à classe trabalhadora? O desenvolvimento do capitalismo, com as pressões ao aumento da produtividade e com a necessidade de qualificar a força de trabalho, converteu universidades de elite em universidades de massa e transformou a maioria dos estudantes universitários em futuros trabalhadores.
João Bernardo é doutor pela Unicamp (Brasil). Em 1965 foi expulso por oito anos de todas as universidades portuguesas. Desde 1984 tem leccionado como professor convidado em universidades públicas brasileiras. É autor de numerosos artigos e livros.
1968 e a génese do Cognitariado
Franco Berardi (Bifo)
O movimento de 1968 representa o efeito da escolarização de massas e a primeira manifestação política da emergência do cognitariado, classe do trabalho cognitivo, composição social que se tornou predominante no final do século, com a difusão da rede.
Rádios piratas, cibercultura, net-art, são as manifestações sucessivas do trabalho cognitivo em busca da sua própria autonomia. Só reencontrando o fio (actualmente submerso) da revolta de sessenta e oito poderá o trabalho cognitivo empreender um processo de recomposição e autonomia.
Franco Berardi (Bifo), militante do Potere Operaio nos anos 60, redactor da Radio Alice em 1976 e fundador da revista A/traverso. Autor de Contro il lavoro, Mutazione Ciberpunk e Felix. Colabora actualmente com a revista on-line www.Rekombinant.org , ensina em Bologna numa escola para trabalhadores emigrantes e em Milão na Accademia di Belle Arti.
As greves operárias em França em 1968
Xavier Vigna
O movimento de Maio e Junho de 1968 em França constitui o mais importante fenómeno grevista de toda a história do país. Alarga-se a todo o território e mobiliza também operários de que até então não se falava: os jovens, as mulheres, os imigrantes. Retoma um vigoroso repertório de acções e levanta questões que não encontraram ainda resposta quando finalmente se retoma o trabalho em Junho de 1968. Nessa medida, o movimento grevista de Maio-Junho de 1968 constitui um evento que inaugura um período de dez anos de insubordinação operária: a década de 68.
Xavier Vigna, docente (maître de conférences) em história contemporânea na Universidade de Bourgogne, trabalha sobre a conflituosidade social e política na segunda metade do século XX. Publicou recentemente L'insubordination ouvrière dans les années 68. Essai d'histoire politique des usines.
Maio de 68, herança por reclamar na divisão de perdidos e achados da História
Yann Moulier Boutang
Começou por ser grande o interesse na recuperação de Maio de 68, depois na sua liquidação. Abordaremos aqui um ponto de vista radicalmente diferente relativamente ao qual trataremos dois aspectos: 1) Que foi realmente Maio de 68? Canto do cisne do movimento operário, outro movimento operário, proclamação oculta do verdadeiro sujeito da renovação radical do capitalismo? 2) Qual o legado não reclamado mas efectivo de Maio de 1968? Concluímos que o evento foi e continua a ser critério de demarcação entre duas fases, embora não necessariamente do modo condensado pelas diferentes cristalizações fantasmáticas que gerou e continua a produzir.
Director da Redacção da revista Multitudes. Professor universitário de ciências económicas (Universidade de Tecnologia de Compiègne e Escolas de Arte e Design de Saint Etienne).
1968 e a Crise do Trabalho Abstracto
John Holloway
1968 tornou evidente que a crise do trabalho é a crise do capital, que a luta contra o trabalho é a chave da luta contra o capital. Em 1968, o fazer fendeu o trabalho e transbordou. Falar hoje de 1968 não é falar de um legado histórico, mas sim das reverberações causadas por essa fissão.
John Holloway é professor na Universidade Benemérita de Puebla, no México. É autor de vários livros, publicados em vários países, o mais recente dos quais, Mudar o Mundo sem Tomar o Poder.
A revolução da vergonha
Bruno Bosteels
Partindo do famoso poema de Octavio Paz, publicado pouco depois do massacre de Tlatelolco no México em 2 de Outubro de 1968, poema inspirado nas cartas de Karl Marx ao seu amigo Arnold Ruge, discutirei o destino da esquerda no período posterior a 1968 em termos de vergonha e de melancolia, de coragem e de justiça. Não é apenas Sarkozy e os seus acólitos pseudo-intelectuais que pretendem acabar com o legado de 1968; na realidade, semelhante legado vê-se igualmente corroído a partir do seu interior por uma forte tendência de negação, a favor de um certo recuo do político, que se proclama mais radical que qualquer noção de revolucionarização da vergonha.
Bruno Bosteels é Professor Associado de estudos românicos na Universidade de Cornell. É autor dos livros Alain Badiou o el recomienzo del materialismo dialéctico e Badiou and Politics.
Os embalsamadores e os coveiros
François Cusset
No quadro da vastíssima bibliografia que 'explica' ou 'comemora' Maio de 68, a interpretação de esquerda, que lhe imputa o liberalismo da década de 1980, e a interpretação de direita, que o acusa de ter minado a autoridade e os valores, partilham entre si uma vontade intransigente de liquidar o movimento de Maio, denegando-lhe a dimensão de acontecimento, a sua actualidade intacta, em proveito de uma causalidade de carácter retrospectivo muito contestável. Embalsamadores de esquerda e coveiros de direita do Maio de 68 trabalham assim ombro a ombro para substituir a irrupção possível do comum pela impotência colectiva.
François Cusset, que ensina história intelectual em Sciences-Po-Paris e na Universidade de Columbia em França, é autor de Queer Critics, Frenche Theory e La Décennie. Em Maio de 2008 publica na editora Actes Sud um panfleto contras as mentiras históricas sobre 68, L'avenir d'une irruption.
POLÍTICA|TEORIA|HISTÓRIA
Colóquio Internacional
Lisboa, 11 e 12 de Abril de 2008
Instituto Franco-Português
Av. Luís Bívar, 91 | METRO: São Sebastião - Campo Pequeno.
Tradução Simultânea
Entrada Livre
Mais informações: lisboa1968@gmail.com
Organização
Instituto Franco-Português
Instituto de História Contemporânea
Le monde diplomatique – edição portuguesa
Apoios: FCT | Fábrica de Braço de Prata | Goethe Institut | Antígona
Maio de 1968. Em Paris anuncia-se o início de uma luta prolongada. Quatro décadas depois, este colóquio internacional reúne um conjunto de reputados intelectuais cujas investigações permitiram voltar a olhar para 1968 nas suas mais variadas dimensões. Levando o debate mais além das repetidas alusões ao cariz geracional e estudantil da revolta, mapeando 1968 para lá das fronteiras da França, o colóquio confronta a importância de 1968 na emergência de novas subjectividades políticas, analisa a dimensão de luta de classes que atravessa o período e discute a persistência de Maio'68 nos conflitos políticos contemporâneos.
Os coordenadores,
Bruno Peixe (NÚMENA)
Luís Trindade (IHC-UNL/U.Birkbeck)
José Neves (ICS-UL)
Ricardo Noronha (IHC-UNL)
*******************************************
PROGRAMA
11 DE ABRIL
9h30
Sessão de Abertura
10h | Maio no Mundo
Fernando Rosas
Teses sobre a geração dos anos 60 em Portugal e a questão da hegemonia
Gerd-Rainer Horn
Um conto das duas europas
Manuel Villaverde Cabral
Maio de '68 como revolução cultural
14h30 | Ideias de Maio
Anselm Jappe
Maio de 68, do «assalto aos céus» ao capitalismo em rede. O papel dos situacionistas
Daniel Bensaid
Como será possível pensar poder quebrar o ciclo vicioso (da dominação)
Judith Revel
1968, o fim do intelectual sartriano
12 DE ABRIL
10h | Maio em Movimento
Maud Bracker
Participação, encontro, memória: os imigrantes e o Maio de 68
João Bernardo
Estudantes ou trabalhadores?
Franco Berardi (Bifo)
68 e a génese do cognitariado
14h30 | O Outro Movimento Operário
Xavier Vigna
As greves operárias em França em 1968
Yann Moulier Boutang
Maio de 68, herança por reclamar na divisão de perdidos e achados da História
John Holloway
1968 e a crise do trabalho abstracto
18h | 1968 - 2008
Bruno Bosteels
A revolução da vergonha
François Cusset
Os embalsamadores e os coveiros
*****************************
RESUMO DAS COMUNICAÇÕES
Teses sobre a geração dos anos 60 em Portugal e a questão da hegemonia
Fernando Rosas
Pretende-se discutir o papel que o "Maio de 68" em Portugal, ou seja, a contestação estudantil de 1969, desempenhou na radicalização da luta política em geral e na alteração das relações de hegemonia em favor das mundivisões marxizantes e revolucionárias na sociedade portuguesa da época.
Fernando Rosas, Historiador, Professor catedrático da FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Autor de bibliografia sobre a História do séc. XX em geral e a História do Estado Novo português em particular.
Um conto de duas Europas
Gerd-Rainer Horn
Em quase todo o lado o meio estudantil universitário serviu de catalisador para "1968", e isto será exemplificado com um breve olhar sobre as origens do 1968 Belga. Contudo, podemos distinguir dois padrões bem distintos na Europa Ocidental e nos Estados Unidos em 1968. Na "Europa do Norte" e nos Estados Unidos, 1968 representou sobretudo uma série de movimentos sociais de base estudantil. Na "Europa do Sul", 1968 foi muito mais transclassista, com a classe operária a assumir um papel proeminente.
Gerd Rainer Horn ensina no departamento de Hiatória da Universidade de Warwick e escreveu The Spirit of '68.
Maio de '68 como revolução cultural
Manuel Villaverde Cabral
Testemunho pessoal sobre o momento mais alto de um movimento social internacional que não queria o poder, mas que nem por isso – ou talvez por isso – deixou de mudar o mundo.
Manuel Villaverde Cabral nasceu em 1940. Fugiu à PIDE em 1963, indo para Paris onde trabalhou e estudou. Voltou a Portugal em 1974, ingressou na carreira docente no ISCTE, entrou para o antigo Gabinete de Investigações Sociais em 1975, passando para a carreira de investigação quando foi criado o Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa em 1982. Foi Director da Biblioteca Nacional entre 1985 e 1990.
Maio de 68: do «assalto ao céu» ao capitalismo em rede. O papel dos situacionistas
Anselm Jappe
Começaremos por abordar a questão de saber qual foi a «influência» dos situacionistas em Maio de 68 bem como na sua preparação, opondo a outros movimento políticos e intelectuais mais visíveis da época a sua própria agitação subterrânea. Sublinharemos de seguida que Maio de 68 constituiu simultaneamente um esforço de emancipação mas também o início da passagem para uma nova forma mais subtil de dominação capitalista. Neste contexto, recorreremos às ideias de Guy Debord para compreender esta evolução tirando daí algumas consequências.
Anselm Jappe ensina estética na Escola de Belas Artes de Frosinone (Itália). É autor de Guy Debord (edíção portuguesa da Antígona prevista para 2008) e As aventuras da mercadoria. Para uma nova crítica do valor.
Lançamento do livro Guy Debord, pela Editora Antígona
12 de Abril 21h30
Fábrica de Braço de Prata
Apresentação por Ricardo Noronha
«Como é possível pensar que se possa quebrar o ciclo vicioso [da dominação]?»
Daniel Bensaïd
Era esta a questão colocada, logo em 1964, por Herbert Marcuse, em L'homme unidimensionnel, e que assolava a sua época. A exuberância dos acontecimentos de Maio terá significado um princípio de resposta à questão ou confirmado, pelo contrário, o fecho daquele ciclo vicioso, como parece indicar a evolução posterior da obra de Debord ou de Baudrillard: depois do espectáculo, estado supremo do fetichismo da mercadoria, o simulacro, estado supremo do espectáculo?
Daniel Bensaïd é Professor de Filosofia na Universidade de Paris VIII (Vincennes) e dirigente da Ligue Communiste Révolutionnaire (IV Internacional). Participante no movimento estudantil em Maio de 1968, é autor, entre outras, das seguintes obras: Mai 1968: Une répétition générale (1968), Walter Benjamin sentinelle messianique (1990), Marx l'intempestif : Grandeurs et misres d'une aventure critique (1996).
1968: o fim do intelectual sartriano
Judith Revel
1968 não constitui apenas o levantamento de uma geração que não quer mais viver de forma semelhante à dos seus pais, alimentando-se da mesma memória – de Vichy, das guerras coloniais – e reconhecendo-lhe os valores. Constitui também uma outra forma de conceber a tomada da palavra e a acção colectiva, os modos de intervenção política e os processos de subjectivação. Nesta grande transição de uma época à outra, a própria função dos intelectuais vê-se profundamente redefinida: o modelo sartriano de envolvimento político cede pouco a pouco o lugar a uma outra figura que, por seu turno, implica já uma análise diferente das relações de poder e do papel do conhecimento, da função das lutas e dos usos colectivos da palavra. De Sartre a Foucault, trata-se pois de uma passagem de testemunho em forma de ruptura – que quarenta anos depois não deixa de suscitar mal-entendidos.
Judith Revel, filósofa, italianista e tradutora, docente (maître de conférences) na Universidade de Paris-I Sorbonne. Especialista em pensamento contemporâneo, particularmente no de Michel Foucault, a quem consagrou numerosos livros e artigos, trabalha actualmente sobre as categorias políticas anteriores e posteriores a 1968. Integra a redacção das revistas Posse (em Itália) e Multitudes (em França), e o gabinete científico do Centre Michel Foucault. Membro da equipa de investigação ANR «La bibliothéque foucaldienne. Michel Foucault au travail" (CNRS-ENS-EHESS).
Participação, encontro, memória: os imigrantes e o Maio de 68
Maud Bracker
Esta comunicação debruça-se sobre alguns dos modos pelos quais os principais grupos que encabeçaram o Maio de 68 em França – estudantes, intelectuais, sindicalistas – tentaram compreender a emergência do mundo pós-colonial, e integraram essa passagem ao pós-colonialismo na sua oposição ao capitalismo. Contudo, as teorias e a acção em solidariedade com os trabalhadores imigrantes que se desenvolveram durante e após 1968 herdaram das formas mais antigas do anti-imperialismo marxista europeu alguns dilemas não-resolvidos.
Maud Bracke dá aulas de História Moderna Europeia na Universidade de Glasgow. É autora de Which socialism, whose détente? West European communism and the Czechoslovak crisis of 1968.
Estudantes ou trabalhadores?
João Bernardo
Será paradoxal que os participantes num movimento que jornalistas e historiadores insistem em classificar como estudantil colocassem principalmente problemas políticos e sociais relativos à classe trabalhadora? O desenvolvimento do capitalismo, com as pressões ao aumento da produtividade e com a necessidade de qualificar a força de trabalho, converteu universidades de elite em universidades de massa e transformou a maioria dos estudantes universitários em futuros trabalhadores.
João Bernardo é doutor pela Unicamp (Brasil). Em 1965 foi expulso por oito anos de todas as universidades portuguesas. Desde 1984 tem leccionado como professor convidado em universidades públicas brasileiras. É autor de numerosos artigos e livros.
1968 e a génese do Cognitariado
Franco Berardi (Bifo)
O movimento de 1968 representa o efeito da escolarização de massas e a primeira manifestação política da emergência do cognitariado, classe do trabalho cognitivo, composição social que se tornou predominante no final do século, com a difusão da rede.
Rádios piratas, cibercultura, net-art, são as manifestações sucessivas do trabalho cognitivo em busca da sua própria autonomia. Só reencontrando o fio (actualmente submerso) da revolta de sessenta e oito poderá o trabalho cognitivo empreender um processo de recomposição e autonomia.
Franco Berardi (Bifo), militante do Potere Operaio nos anos 60, redactor da Radio Alice em 1976 e fundador da revista A/traverso. Autor de Contro il lavoro, Mutazione Ciberpunk e Felix. Colabora actualmente com a revista on-line www.Rekombinant.org
As greves operárias em França em 1968
Xavier Vigna
O movimento de Maio e Junho de 1968 em França constitui o mais importante fenómeno grevista de toda a história do país. Alarga-se a todo o território e mobiliza também operários de que até então não se falava: os jovens, as mulheres, os imigrantes. Retoma um vigoroso repertório de acções e levanta questões que não encontraram ainda resposta quando finalmente se retoma o trabalho em Junho de 1968. Nessa medida, o movimento grevista de Maio-Junho de 1968 constitui um evento que inaugura um período de dez anos de insubordinação operária: a década de 68.
Xavier Vigna, docente (maître de conférences) em história contemporânea na Universidade de Bourgogne, trabalha sobre a conflituosidade social e política na segunda metade do século XX. Publicou recentemente L'insubordination ouvrière dans les années 68. Essai d'histoire politique des usines.
Maio de 68, herança por reclamar na divisão de perdidos e achados da História
Yann Moulier Boutang
Começou por ser grande o interesse na recuperação de Maio de 68, depois na sua liquidação. Abordaremos aqui um ponto de vista radicalmente diferente relativamente ao qual trataremos dois aspectos: 1) Que foi realmente Maio de 68? Canto do cisne do movimento operário, outro movimento operário, proclamação oculta do verdadeiro sujeito da renovação radical do capitalismo? 2) Qual o legado não reclamado mas efectivo de Maio de 1968? Concluímos que o evento foi e continua a ser critério de demarcação entre duas fases, embora não necessariamente do modo condensado pelas diferentes cristalizações fantasmáticas que gerou e continua a produzir.
Director da Redacção da revista Multitudes. Professor universitário de ciências económicas (Universidade de Tecnologia de Compiègne e Escolas de Arte e Design de Saint Etienne).
1968 e a Crise do Trabalho Abstracto
John Holloway
1968 tornou evidente que a crise do trabalho é a crise do capital, que a luta contra o trabalho é a chave da luta contra o capital. Em 1968, o fazer fendeu o trabalho e transbordou. Falar hoje de 1968 não é falar de um legado histórico, mas sim das reverberações causadas por essa fissão.
John Holloway é professor na Universidade Benemérita de Puebla, no México. É autor de vários livros, publicados em vários países, o mais recente dos quais, Mudar o Mundo sem Tomar o Poder.
A revolução da vergonha
Bruno Bosteels
Partindo do famoso poema de Octavio Paz, publicado pouco depois do massacre de Tlatelolco no México em 2 de Outubro de 1968, poema inspirado nas cartas de Karl Marx ao seu amigo Arnold Ruge, discutirei o destino da esquerda no período posterior a 1968 em termos de vergonha e de melancolia, de coragem e de justiça. Não é apenas Sarkozy e os seus acólitos pseudo-intelectuais que pretendem acabar com o legado de 1968; na realidade, semelhante legado vê-se igualmente corroído a partir do seu interior por uma forte tendência de negação, a favor de um certo recuo do político, que se proclama mais radical que qualquer noção de revolucionarização da vergonha.
Bruno Bosteels é Professor Associado de estudos românicos na Universidade de Cornell. É autor dos livros Alain Badiou o el recomienzo del materialismo dialéctico e Badiou and Politics.
Os embalsamadores e os coveiros
François Cusset
No quadro da vastíssima bibliografia que 'explica' ou 'comemora' Maio de 68, a interpretação de esquerda, que lhe imputa o liberalismo da década de 1980, e a interpretação de direita, que o acusa de ter minado a autoridade e os valores, partilham entre si uma vontade intransigente de liquidar o movimento de Maio, denegando-lhe a dimensão de acontecimento, a sua actualidade intacta, em proveito de uma causalidade de carácter retrospectivo muito contestável. Embalsamadores de esquerda e coveiros de direita do Maio de 68 trabalham assim ombro a ombro para substituir a irrupção possível do comum pela impotência colectiva.
François Cusset, que ensina história intelectual em Sciences-Po-Paris e na Universidade de Columbia em França, é autor de Queer Critics, Frenche Theory e La Décennie. Em Maio de 2008 publica na editora Actes Sud um panfleto contras as mentiras históricas sobre 68, L'avenir d'une irruption.
sábado, 29 de março de 2008
Gilles Deleuze Anti-Oedipe 1980
Extrait d'un cours de Gilles Deleuze filmé à Vincennes par Marielle Burkhalter.
Des enregistrements audio des cours de Gilles Deleuze (MP3) sont téléchargeables (FREE DOWNLOAD) ici:
http://www.univ-paris8.fr/deleuze/
Les cinq volets de l'émission de France Culture "L'île du docteur Plateau, ou la philosophie pensée par le cinéma" (MP3) sont téléchargeables (FREE DOWNLOAD) ici:
http://avantderniereschoses.blogspot.com
source: http://br.youtube.com/watch?v=wtueJMw7s-c&NR=1
Modern Dance - Wet Woman - Sylvie Guillem
Source: http://br.youtube.com/watch?v=Xr-4GWBSDM0&feature=related
The great Mark Knopfler will be in Lisbon next Friday 4th April
Source: http://br.youtube.com/watch?v=Y0wkWgNqkWU
Sylvie Guillem - Wet Woman - Mats Ek
Source: http://br.youtube.com/watch?v=63oBG3TUaKU&feature=related
« Dans tes cheveux » de Mathilde Monnier
L'histoire de la danse et des corps n'aurait pas été la même sans l'énorme héritage transmis par les danses africaine et noire américaine, fondements de plusieurs courants : danse jazz, claquettes, danse hip hop, mais aussi danse moderne et contemporaine.
Il est par ailleurs très difficile de démêler les fils d'influences tissés entre ces courants qui étaient et qui sont toujours portés par des singularités de danseurs, par des figures libres. Le mouvement est migrant, presque autant que les corps eux-mêmes. Travailler sur l'idée d'une diaspora du mouvement dansé demandait donc de poursuivre cette réinterprétation à l'infinie de danses transmises. Avec le concours de la danseuse Corinne Garcia, nous avons pris appui sur différentes danses provenant de films du Savoy Ballroom de Harlem réalisés entre les années 20 et 50. L'idée a été de réinventer à partir de ces matériaux d'autres figures de danse constituant une création contemporaine à travers une scénographie plaçant le spectateur dans un face à face propice à la transmission.
Conception
Mathilde Monnier en collaboration avec Karim Zeriahen
Réalisation et image
Karim Zeriahen
Danse
Corinne Garcia
Scénographie
Annie Tolleter
Musique
Abdullah Ibrahim et Grace Jones (instrumental)
Montage
Jean-Gabriel Periot
Coproduction
Centre chorégraphique national de Montpellier Languedoc-Roussillon
Remerciements
Eliane Seguin - Bertrand Davy - la Cinémathèque de la danse - le Chai du Terral -- Montpellier Agglomération
l'équipe du Centre chorégraphique national de Montpellier Languedoc-Roussillon
Il est par ailleurs très difficile de démêler les fils d'influences tissés entre ces courants qui étaient et qui sont toujours portés par des singularités de danseurs, par des figures libres. Le mouvement est migrant, presque autant que les corps eux-mêmes. Travailler sur l'idée d'une diaspora du mouvement dansé demandait donc de poursuivre cette réinterprétation à l'infinie de danses transmises. Avec le concours de la danseuse Corinne Garcia, nous avons pris appui sur différentes danses provenant de films du Savoy Ballroom de Harlem réalisés entre les années 20 et 50. L'idée a été de réinventer à partir de ces matériaux d'autres figures de danse constituant une création contemporaine à travers une scénographie plaçant le spectateur dans un face à face propice à la transmission.
Conception
Mathilde Monnier en collaboration avec Karim Zeriahen
Réalisation et image
Karim Zeriahen
Danse
Corinne Garcia
Scénographie
Annie Tolleter
Musique
Abdullah Ibrahim et Grace Jones (instrumental)
Montage
Jean-Gabriel Periot
Coproduction
Centre chorégraphique national de Montpellier Languedoc-Roussillon
Remerciements
Eliane Seguin - Bertrand Davy - la Cinémathèque de la danse - le Chai du Terral -- Montpellier Agglomération
l'équipe du Centre chorégraphique national de Montpellier Languedoc-Roussillon
Source: http://br.youtube.com/watch?v=UaXi7plGfp0
2007 Arts Award -- Trisha Brown -- Opening Remarks
Source: http://br.youtube.com/watch?v=qAE8cEEAbJw
MONOGRAPHIES ET DEBATS DE PSYCHANALYSE
MONOGRAPHIES ET DEBATS DE PSYCHANALYSE
Tél. 01 43 29 26 16 Télécopie : 01 44 07 07 44
E-mail : scientifique@spp.asso.fr
CS/AC/SPP/2008-52 Paris, le 1er février 2008
L'ANIMISME PARMI NOUS
Colloque des Monographies et Débats de psychanalyse
co-organisé avec le Musée du Quai Branly
SAMEDI 29 et DIMANCHE 30 MARS 2008
Amphithéâtre Claude Lévi-Strauss
Musée du Quai Branly
37 quai Branly - 75007 Paris
Samedi 29 mars 2008 : 9h30 - 18h30
Accueil des participants -
• Ouverture du colloque avec Anne-Christine Taylor (musée du Quai Branly), Jean-Michel Porte (SPP), Claude Janin (Monographies et Débats de psychanalyse)
• L’étrangeté, l’inquiétant : regards croisés
Jean-Louis Baldacci, Sylvie Dreyfus-Asséo, Marika Moisseeff
• Objets d'emprise
Brigitte Derlon, Monique Jeudy-Ballini, Rémy Puyuelo.
• Saturer la perception : du rêve au délire
Bernard Chervet, Augustin Jeanneau, Julien Bonhomme
Modérateur : Giordana Charuty
• Corps malades, corps captifs de destins
Robert Asséo, Pierre Deléage, Anne-Christine Taylor
Modérateur : Marilia Aisenstein
Dimanche 30 mars 2008 : 9h30 - 13h
Accueil des participants
• Enfants
Jeu, rite et psychodrame
Gilbert Diatkine, Véronique Duchesne, Félicie Nayrou
Modérateur : Doris Bonnet
Ouverture du dialogue et perspectives : Claude Janin
• Les objets et les sujets ont-ils vraiment une âme ?
Roberte Hamayon, André Green
COUPON DE PRE-INSCRIPTION
COLLOQUE MONOGRAPHIES ET DEBATS DE PSYCHANALYSE
29 ET 30 MARS 2008
A retourner à Amélie CARADEC SOCIÉTÉ PSYCHANALYTIQUE DE PARIS
187, rue Saint Jacques - 75005 Paris
En indiquant :
NOM et PRÉNOM : ...............................................................................................
Ce coupon est à retourner avec votre règlement (20 euros), une carte d'accès vous sera renvoyée.
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L'ANIMISME PARMI NOUS
Colloque des Monographies et Débats de psychanalyse
co-organisé avec le Musée du Quai Branly
SAMEDI 29 et DIMANCHE 30 MARS 2008
Amphithéâtre Claude Lévi-Strauss
Musée du Quai Branly
37 quai Branly - 75007 Paris
Samedi 29 mars 2008 : 9h30 - 18h30
Accueil des participants -
• Ouverture du colloque avec Anne-Christine Taylor (musée du Quai Branly), Jean-Michel Porte (SPP), Claude Janin (Monographies et Débats de psychanalyse)
• L’étrangeté, l’inquiétant : regards croisés
Jean-Louis Baldacci, Sylvie Dreyfus-Asséo, Marika Moisseeff
• Objets d'emprise
Brigitte Derlon, Monique Jeudy-Ballini, Rémy Puyuelo.
• Saturer la perception : du rêve au délire
Bernard Chervet, Augustin Jeanneau, Julien Bonhomme
Modérateur : Giordana Charuty
• Corps malades, corps captifs de destins
Robert Asséo, Pierre Deléage, Anne-Christine Taylor
Modérateur : Marilia Aisenstein
Dimanche 30 mars 2008 : 9h30 - 13h
Accueil des participants
• Enfants
Jeu, rite et psychodrame
Gilbert Diatkine, Véronique Duchesne, Félicie Nayrou
Modérateur : Doris Bonnet
Ouverture du dialogue et perspectives : Claude Janin
• Les objets et les sujets ont-ils vraiment une âme ?
Roberte Hamayon, André Green
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29 ET 30 MARS 2008
A retourner à Amélie CARADEC SOCIÉTÉ PSYCHANALYTIQUE DE PARIS
187, rue Saint Jacques - 75005 Paris
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Memory, Mourning, Landscape
Memory, Mourning, Landscape
An interdisciplinary, one-day symposium
University of Glasgow, 9 June 2008
Keynote speakers: Bridget Fowler (University of Glasgow), Avril Maddrell (University of the West of England)
Plenary Lecturer: Jay Winter (Yale University)
An interdisciplinary, one-day symposium
University of Glasgow, 9 June 2008
Keynote speakers: Bridget Fowler (University of Glasgow), Avril Maddrell (University of the West of England)
Plenary Lecturer: Jay Winter (Yale University)
Call for papers: One hundred years after Freud, the debate about how memory and mourning work continues. Increasingly scholarly attention is paid to the role of place and space in memorialising - whether in commemorations of individuals or in marking mass deaths. At the same time, experts in a variety of fields are finding new significance in the different ways of "saying goodbye" (or not saying goodbye). The aim of this symposium is two-fold: to explore the links between memory, mourning and landscape, and also to investigate more deeply these themes as separate entities. The symposium will therefore be of interest to scholars across the disciplines of the humanities and social sciences, including, but not limited to: literature, ancient, medieval, and modern languages, cultural studies, history of art, history, archaeology, geography, theology, sociology, psychology, and archive studies.
The symposium will offer, for those interested, a round-table discussion on fieldwork.
150-300 word abstracts are invited for15-minute papers. Please submit abstracts by email (preferably as a word document attachment) to mml.conference@gmail.com, by 1 April 2008.
More details on the web site.
The symposium will offer, for those interested, a round-table discussion on fieldwork.
150-300 word abstracts are invited for15-minute papers. Please submit abstracts by email (preferably as a word document attachment) to mml.conference@gmail.com, by 1 April 2008.
More details on the web site.
sexta-feira, 28 de março de 2008
Sakamoto Ryuichi - Merry Christmas Mr. Lawrence (Live)
Source: http://br.youtube.com/watch?v=YwkuS9FlB7M
Dolores O'Riordan and Angelo Badalamenti "The Butterfly"
Source: http://br.youtube.com/watch?v=SP8mXcVmngQ
Outros "recuerdos" enviados pelo Jorge Sá Pinto
Recuerdos do pós-25 de Abril... arqueológico
A Susana Correia no uso da palavra. Escuta atentamente: Ana Leite da Cunha...
Eduardo Jorge explica decerto um slide...
Assistência ainda numerosa... este senhor com quem estou a falar era o marido da Dª Eurídice... como se chamava ele?...
Eduardo Jorge e Huet Bacelar conduzem as operações...
Mais um aspecto da assistência...
Fotos que me enviou o Jorge Sá Pinto... reconheço muitos protagonistas, mas de alguns já não me lembra o nome... obrigado ao Jorge!
Judeus em Portugal - curso na FLUP
Curso: JUDEUS EM PORTUGAL: MEMÓRIA E PATRIMÓNIO (Séc. XII a XIX)
Docente: Ana Alexandra Lima - anabenjamim@gmail.com
Duração: 24 horas presenciais
Calendário: 7 Abril a 26 Maio de 2008
Horário: 2ª feiras - 17h30/20h30
Créditos: 2 ECTS (aguarda aprovação Senado UP)
Preço: Estudantes e funcionários da UP - 95 Euros e Público Geral ˆ 155 Euros
+ 2,02• (seguro escolar)
Prazo de inscrição: 10 a 31 Março de 2008
Local de Inscrição: Serviço de Gestão Académica - Sector de Atendimento (1º piso)
Horário de Atendimento: 10h00 às 16h00 (horário contínuo)
Docente: Ana Alexandra Lima - anabenjamim@gmail.com
Duração: 24 horas presenciais
Calendário: 7 Abril a 26 Maio de 2008
Horário: 2ª feiras - 17h30/20h30
Créditos: 2 ECTS (aguarda aprovação Senado UP)
Preço: Estudantes e funcionários da UP - 95 Euros e Público Geral ˆ 155 Euros
+ 2,02• (seguro escolar)
Prazo de inscrição: 10 a 31 Março de 2008
Local de Inscrição: Serviço de Gestão Académica - Sector de Atendimento (1º piso)
Horário de Atendimento: 10h00 às 16h00 (horário contínuo)
Castanheiro do Vento: ontem - o primeiro doutoramento : JOÃO MURALHA - na Faculdade de Letras do Porto - algumas imagens de Sérgio Gomes
O candidato e dois arguentes principais na mesa do júri: Ana Bettencourt (UM) e Luiz Oosterbeek (IPT).
A mesa do júri: à direita a objectiva não abarcou a Prof-.ª Maria de Jesus Sanches, que também dele fazia naturalmente parte... L. O. ostenta as suas vestes da U. de Londres... preside a Prof.ª Maria de Fátima Narinho Saraiva, Presidente do CC da FLUP.
O candidato em diálogo com o júri.
Grupo de amigos, alguns vindos de longe: Sara, João, Bárbara, Ana Leite (1º fila), Leonor, Lurdes, Ana Vale (2ª fila), Lídia, Alexandra e Sérgio Gomes mais atrás.
O alívio de tudo estar terminado...
O novo doutor pela UP.
O relax do convívio pós stress.
Todas as componentes do rito de passagem !!
quinta-feira, 27 de março de 2008
Meus antigos alunos d' África e do Porto
Carta de uma Angola do passado - foto Jorge Sá Pinto
Centro de Angola (Ganda) algures em 1973 ou 1974, e em torno de um ninho de térmitas, à falta de melhor "monumento".
Em primeiro plano a Ana e o Jorge Sá Pinto, e junto a mim o nosso chauffeur da Universidade de Luanda, cujo nome não me recordo. Ao meu lado a Susana. Atrás dela, o saudoso Pais Pinto, depois director do Museu de Benguela, que queria que eu voltasse para Angola à viva força - tipo excepcional. Era muito doente, e morreu precocemente.
Todos meus alunos, à excepção do motorista, em paragem de trabalhos de campo no mato.
Obrigado, Jorge!! Continue a desenterrar coisas do baú! Isto faz viver outras vidas...
Em primeiro plano a Ana e o Jorge Sá Pinto, e junto a mim o nosso chauffeur da Universidade de Luanda, cujo nome não me recordo. Ao meu lado a Susana. Atrás dela, o saudoso Pais Pinto, depois director do Museu de Benguela, que queria que eu voltasse para Angola à viva força - tipo excepcional. Era muito doente, e morreu precocemente.
Todos meus alunos, à excepção do motorista, em paragem de trabalhos de campo no mato.
Obrigado, Jorge!! Continue a desenterrar coisas do baú! Isto faz viver outras vidas...
quarta-feira, 26 de março de 2008
jogo de espelhos com a verdade entre eles
se atravessada por um falo,
esticada de borco sobre uma mesa de cozinha
como um sarraceno pronto
a morrer,
a mulher pode parecer derrotada
no interior do seu próprio gozo.
sobretudo se a expressão que faz
é de agonia,
restando saber
o que por agonia se entende.
mas se o olhar rodar uns noventa graus
para cima, e for possível ver
a expressão do guerreiro
esse olhar ficará talvez assustado
ao dar de frente, e reflectir-se
num trabalho de carrasco:
o esforço miserável,
feito à sobreposse,
do sacrificador:
o seu esgar
(restando saber o que por esgar se entende)
apanhado com a arma na mão.
voj 2008
metodologia
metodologia
uma imagem sobre um fundo
é tudo quanto é preciso para se dar início.
a imagem pode ser a de uma cómoda
contra uma parede: e aí fica.
não sabemos por quantas tardes
o sol virá iluminá-la, para mais tarde a largar
à sua obscuridade.
não sabemos quantas mãos poderão nela depor
um vaso de flores, nem qual o odor que estas terão,
e o clarão que a sua cor espalhará.
mas é sempre possível
reverter a situação: e sobre a cómoda
não está nada;
e logo estás tu, despida.
não sei há quanto tempo
me olhas, ou se me aguardas,
ou se deixas descair uma das pernas.
e se isso acontecer, quantas vezes
virá o sol tornar-te fulvos os cabelos
do ventre, e quanto tempo
levará a apagá-los.
a arte é isto, dispor objectos
sobre um fundo, desdobrar uma mulher
na sua intimidade,
puxá-la ao primeiro plano
da sua mais íntima tremura;
do seu mais interior veludo.
e depois esperar
pelo que acontece.
o poeta nada mais tem
do que dispor pétalas
em frente da cómoda,
pelo chão;
e depois virar costas
para sempre, tentando saber
o que se perdeu.
voj 2008
uma imagem sobre um fundo
é tudo quanto é preciso para se dar início.
a imagem pode ser a de uma cómoda
contra uma parede: e aí fica.
não sabemos por quantas tardes
o sol virá iluminá-la, para mais tarde a largar
à sua obscuridade.
não sabemos quantas mãos poderão nela depor
um vaso de flores, nem qual o odor que estas terão,
e o clarão que a sua cor espalhará.
mas é sempre possível
reverter a situação: e sobre a cómoda
não está nada;
e logo estás tu, despida.
não sei há quanto tempo
me olhas, ou se me aguardas,
ou se deixas descair uma das pernas.
e se isso acontecer, quantas vezes
virá o sol tornar-te fulvos os cabelos
do ventre, e quanto tempo
levará a apagá-los.
a arte é isto, dispor objectos
sobre um fundo, desdobrar uma mulher
na sua intimidade,
puxá-la ao primeiro plano
da sua mais íntima tremura;
do seu mais interior veludo.
e depois esperar
pelo que acontece.
o poeta nada mais tem
do que dispor pétalas
em frente da cómoda,
pelo chão;
e depois virar costas
para sempre, tentando saber
o que se perdeu.
voj 2008
Demoiselles de Sigyria ( Sri Lanka) du Vè siècle : patrimoine de l'humanité Unesco
de tous temps la quête de la beauté et de la sensualité a fasciné , ici en plein sancutaire bouddhique au milieu de stemples du 5è siècle la grotte de sigyria
A l’intérieur d’une corniche naturelle de la roche , protégées de la pluie et du soleil figurent les célèbres fresques colorées des « Demoiselles de Sigirya ». Reines ou servantes, déesses ou concubines , une vingtaine de femmes aux seins nus et ronds , richement parées de bijoux arborent des postures légères et gracieuses . Souvent unies par deux, la main droite mi-levée porte des fleurs . les couleurs , pastels , n’ont rien perdu de leur fraîcheur.
Sur la paroi intérieure de la rampe protectrice, un mur lisse comme un miroir s’orne de graffitis en sanscrit dont les plus anciens remontent au X è siècle, mots d’amour ou commentaires exaltés des amateurs d’art, leur traduction nous émeut : « des jeunes filles comme vous font palpiter le cœur des hommes et vous savez faire frissonner leur corps , raidissant leur chevelure de désir ». Ainsi s’inscrivent , en plein territoire de spiritualité bouddhique les représentations du désir dont le « Citizen Kane » antique d’un esthète fou vient intriquer à merveille érotisme et sacré.
pour moi , le désir et la représentation érotique, font partie d'une quête non pas romantique mais religieuse . l'état amoureux , s'il existe est comme la guérison en analyse , de surcroit , c'est le rapport à la Beauté , au Désir , à la sensualité comme forme de relation au divin dans l'autre qui prime, comme dans la poésie .
Photo et texte:
Martine Estrade
http://www.martine-estrade-literarygarden.com
A l’intérieur d’une corniche naturelle de la roche , protégées de la pluie et du soleil figurent les célèbres fresques colorées des « Demoiselles de Sigirya ». Reines ou servantes, déesses ou concubines , une vingtaine de femmes aux seins nus et ronds , richement parées de bijoux arborent des postures légères et gracieuses . Souvent unies par deux, la main droite mi-levée porte des fleurs . les couleurs , pastels , n’ont rien perdu de leur fraîcheur.
Sur la paroi intérieure de la rampe protectrice, un mur lisse comme un miroir s’orne de graffitis en sanscrit dont les plus anciens remontent au X è siècle, mots d’amour ou commentaires exaltés des amateurs d’art, leur traduction nous émeut : « des jeunes filles comme vous font palpiter le cœur des hommes et vous savez faire frissonner leur corps , raidissant leur chevelure de désir ». Ainsi s’inscrivent , en plein territoire de spiritualité bouddhique les représentations du désir dont le « Citizen Kane » antique d’un esthète fou vient intriquer à merveille érotisme et sacré.
pour moi , le désir et la représentation érotique, font partie d'une quête non pas romantique mais religieuse . l'état amoureux , s'il existe est comme la guérison en analyse , de surcroit , c'est le rapport à la Beauté , au Désir , à la sensualité comme forme de relation au divin dans l'autre qui prime, comme dans la poésie .
Photo et texte:
Martine Estrade
http://www.martine-estrade-literarygarden.com
Performance e património
A ideia de "performance" circula cada vez mais e percebe-se bem porquê. É útil em muitos sentidos, sobretudo conotada com a noção de eficácia, sucesso, (bom) desempenho, que hoje são a obsessão reinante. Mas também é útil nas artes, porque é um "guarda-chuva" que alberga muitas formas de expressão, e está ligada à ideia de movimento, de vontade activa, de investimento no corpo pessoal (na escultura mais visível do eu), de improviso, de animação, de festa, e até de ritual que, à sua maneira, atrai muitos pela nostalgia de algo perdido/fantasiado ou de algo a que querem agarra-se como âncora.
Por isso também proliferam as "tradições", inventadas a todo o momento, e o património se torna cada vez mais "incorpóreo", mais abrangente (segue a lógica da totalidade, do pensamento categorial e representativo e do consumo que é sempre ávido de "fronteiras", novos produtos).
Em muitos casos, na era pós-industrial, e de pós-trabalho como direito realmente concretizado para todos, criam-se como tradições (selo de autenticidade/antiguidade, e vontade de afirmação de diferenças que não se apercebem sempre como a produção de "diferenças" é produto da massificação e da globalização) que permitam fazer sobreviver (pessoas e localidades) e atrair compradores, consumidores, desde a gastronomia a todo o tipo de espectáculos. Formas de (re)constituir sociabilidades, de criar eventos, de viver sensações se possível fortes mas sem compromisso ou grande esforço/empenho, numa época hedonista fragmentada do zapping, em que a atenção está dispersa.
Hoje quem esteja muito seguro de certos princípios, e os leve demasiado a sério, é motivo de troça - está out. É um ingénuo, "un brave type".
Ou seja, o regime de atenção concentrada, emoldurada, que o racionalismo e a modernidade penosamente criaram, com objectos fixos e intenções/metodologias estabilizadas, valores ligados a uma moral burguesa (de classe média) meritocrática, de certo modo terminou. Embora não haja valores publicitáveis de substituição: é gestão, gestão, gestão, a todos os níveis do que se houve falar até ao vómito.
Mas gestão de quê e para quê, para onde, para que estatísticas, para que metas, para que lucros? ... os governos mudam mais cedo ou mais tarde, o que é naturalmente bom, mas não se vê muito hoje líderes que ultrapassem a concepção de eficácia administrativa, nem talvez essa ideia salvífica, moral, de líderes, exista já, tenha sentido hoje.
Nem o Estado não tem meios para manter uma administração competente, apartidária (como tal), nem a população tem uma nova cultura que seria precisa para ir melhorando o nível dos representantes e evitando o carrerismo. Não falo só do caso português. a crise é geral e tem a ver com uma nova realidade. A reacção das pessoas, sentindo-se impotentes, manifesta-se de forma também zappada, quer dizer, fragmentada e súbita. A democracia foi ultrapassada pela dinâmica do capital, e não pode obviamente passar sem ele. O Estado já não cria empregos, o modelo da empresa e do empreendedorismo é hegemónico. O serviço público privatiza-se, e vem sempre a velha ideia dos contribuintes a pagar, como se eles fossem uma população homogénea. E se eu for comprar um serviço privado, também não pago, como contribuinte? E todos têm possibilidade de recorrer ao privado? Na verdade é uma orde até certo ponto escapa aos governos e as oposições sabem disso. O preço do petróleo e do dinheiro à escala mundial é quem manda nas nossas vidas. E a estimulação dos indivíduos a realizarem-se autonomamente é apenas a cara sorridente de um ícone bífido, cuja outra cara é a da mais total desumanidade. Por isso andamos todos a fingir que acreditamos nisto ou naquilo, e o que apenas queremos é um espaço de afirmação, onde possa habitar o que resta do desejo e da auto-estima. Salve-se quem puder.
Por outro lado, não adianta manter dicotomias e ideias do passado a não ser para encher o espaço público com mais poluição sonora ou mental. Separar a "cultura" (a cultura dos "cultos") do resto (a cultura dos outros, ou seja, a de nós todos quando não fazemos de cultos) é aliás, em si, um acto muito perigoso. Suely Rolnik, professora brasileira, escreve em "Micropolitiques" (Paris, Seuil, p. 23):
"O conceito de cultura é profundamente reaccionário. É um modo de separar as actividades semióticas (actividades de orientação no mundo social e cósmico) em esferas para as quais os homens são remetidos. Isoladas, essas actividades são estandardizadas, instituídas potencialmente ou realmente e capitalizadas para o modo de semiotização dominante - em suma, são separadas das suas realidades políticas."
E mais adiante: " A cultura enquanto esfera autónoma não existe senão ao nível do poder, dos mercados económicos, e não ao nível da produção, criação e consumo real". Falando depois de sujeição subjectiva (ib., p. 24), afirma lucidamente que "não se refere apenas à publicidade para a produção e consumo de bens. É a própria essência do lucro capitalista que se não reduz ao campo da mais-valia económica: ela encontra-se também na tomada de poder da subjectividade."
As pessoas hoje são obrigadas a um regime de subjectividade que as obriga a uma atenção vigilante (de que a cultura do telemóvel é um indício forte) que as distrai de pólos fixos afectivos (e a atenção para o estudo, por exemplo, é claro que implica estabilidade afectiva e confiança); e por isso também é que não há sossego em parte alguma. Admiram-se depois as pessoas de aparecerem patologias como o terrorismo, a violência nas escolas, a falta de respeito pelas hierarquias (haveria que haver quais e como se legitimam e legalizam), a extrema ansiedade das pessoas mesmo para realizarem tarefas que lhes exijam um esforço suplementar, o narcisismo extremo e o egoísmo (de crianças, jovens, adultos, velhos) a hesitação e a dúvida permanentes. Foi a minha geração (sobretudo os que tiveram filhos sem poder prever tão grande mutação), e o contexto nacional e internacional, que semearam os ventos de que agora estamos a colher as tempestades.
As pessoas não confiam nas instituições, nem mesmo os que lá estão nelas... há uma imprevisibilidade e insegurança que germina em todo o lado. E o que antes era apocalíptico, agora está aí, exposto, quase banal.
Performance, medida de todos os comportamentos na sociedade do espectáculo, da imediaticidade. performance também no sentido de uma maior amplitude de possibilidades de criação, de con-fundir sujeito e objecto. Performance, ultrapassagem da velha dicotomia sujeito-objecto, tema-interpretação. A interpretação é o próprio tema, e o próprio tema é o improviso em tempo real, não a maturação lenta (esta existe, tem sempre de existir, mas não é visibilizada, não é aparentemente valorizada, ou seja, o que importa é o resultado palpável, o brilharete (se por detrás do brilharete houver algo, ah, isso tanto melhor, mas mais vale que a performance dê a entender isso habilmente, senão só muito poucos vão perceber. E só poucos vão perceber porque esta é uma cultura de cuidadosa desatenção à especificidade do outro. Nunca se mostrou tanto para fingir tanto). Há uma enervação, uma cultura eléctrica, uma extática (mística, religiosa, erótica, etc.), uma espécie de "desbordamento", do que parece um excesso. Uma excitação 24 em 24 horas.
Tornar o património "performativo" quer dizer em última análise torná-lo de massas e rentável economicamente. Não é um casamento de conveniência entre uma espécie de aristocracia (património) e uma burguesia à procura de certificado de nobilitação. Isso já foi há muito, séc. XIX, pelo séc. XX. É a junção de duas facetas do mesmo processo de gestão e de ordenamento de um território (um espaço) e de um tempo, onde a componente investiugação deixou de ser sacralizada e passou a ser uma alínea, entre outras, de um orçamento, de um processo completo de valorização e manutenção de bens, de valores, colectivos ou individuais. Só que em Portugal este processo de objectificação de toda a realidade como um "recurso de desenvolvimento" chegou tarde por causa da ditadura de décadas. Chegou numa fase de recessão (a de 1973 e a que estamos a assistir agora, entre outras), de fim da guerra fria e de expansão da guerra a todo o planeta, bem como da emergência de novas potênciais. A guerra colonial deu cabo do país, a sangria de mão de obra foi enorme, e a democracitazão e modernização pretenderam e pretendem fazer-se no meio de um mundo americanizado e pós-moderno, quando nem pela modernidade passámos.
Nunca tivemos um "património" muito vendável, sobretudo para massas, a não ser o sol e as praias, que estão massificadas. A "consciência patrimonial popular" não podia existir, porque não se pode ser objecto e sujeito ao mesmo tempo.
Se eu quero vender um "parque de antiguidades", só o posso vender a quem vive na modernidade e se quer distrair com "esse outro objectificado", com essa espécie de reserva ou "zoo". Mas hoje corremos atrás da pós-modernidade porque os jovens consumidores já nasceram nela e não querem saber do passado para nada nem das dificuldades da geração anterior. Querem, talvez como em todas as épocas, mas de forma exacerbada, tudo e já... não tendo tido uma cultura de contenção, que implica um capital de referência, valores de memória, herança de estabilidades afectivas, por vezes "rebentam".
De modo que que nossa sociedade (mundial e nacional, porque não somos uma ilha de tipo Éden...) está infectada, não apenas pela corrupção ou por vírus e vícios: está infectada por um desfasamento de si a si própria, por querer parecer aquilo que não é. Veja-se a quantidade de títulos de livros que se publicam e o pouco que se lê; ou melhor dizendo, o pouco que se lê com a concentração necessária à constituição de um imaginário que não seja enervado, enervante, impaciente, ansioso, violento, neurótico, e deprimido.
Há novos medos, retraimentos, etc. - quando a minha geração, por ingenuidade, sonhou com a liberdade em todos os aspectos, e não apenas formal, do votozinho na urna.
Património, estás a precisar de se estenderes no divã e de fazeres uma psicanálise, não no sentido pragmático e higienista da cura apaziguadora, ou de levares para casa uns comprimidos para andares como um zombie (isso seria mais para a psiquiatria), estás a precisar de quem te pense como performance típica, algo doentia, desta sociedade, como Marc Guillaume tentou já em 1980 definir no livro "A Política do Património" (Campo das Letras, Porto, 2003).
Se performance é toda a actividade humana, que se passa sempre num contexto (não digo num simples cenário), onde observamos e nos sentimos observados (é o velho jogo do look e do gaze) e se o património é tudo o que nos envolve e nos inclui, então os dois conceitos praticamente recobrem-se.
O que é bonito talvez de dizer, mas deixa em aberto todo o problema "administrativo", tanto para o Estado central como para as autarquias (eu ainda penso como um ingénuo, fora da política, segundo uma racionalidade académica - pecador me confesso).
Como estabelecer prioridades, como levá-las à prática quase sem meios, ao nível local, regional (pouco consistente neste país que negou a regionalização) e nacional?
Na prática, o que se faz é ir atrás de iniciativas parcelares que dêem votos, bom negócio e boa imprensa. Pôr os jovens a curtir, pôr o povo entretido, dar matéria para os "media." Por isso o nosso grande património, a nossa grabnde performance, é o futebol. Por isso puseram bandeirinhas em todas as janelas. As bandeirinhas (=Portugal) existiam sobretudo porque existia "a bola", com todo o que está a montante, a juzante, e no meio.
Comoção, sentimentalização, vida, animação?
Como vai, tudo bem?
Vai-se andando.
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