A cor dos frutos, a sua promessa de frescura numa terra onde a água é preciosa, como em todo o Mediterrâneo. A cor e a sua quase agressão à vista, como emissária da luz. Uma pessoa sente-se corpo por dentro, desejoso de sucos e de polpas.
Numa janela.
Um canal, as casas, as coisas expostas, acentuadas, tipificadas.
Um elemento de uma ninhada que rapidamente se refugiou na sombra. Uns olhos protectores, amarelos, miravam-me indagadoramente até que se confundiram com a escuridão.
Praça principal.
À esquerda, o museu.
A ilha de Burano é, como se sabe, famosa pela sua "arte da renda", enquanto que a de Murano o é pela do vidro. Aqui ficam algumas imagens de Burano num dia algo sufocante a ameaçar trovoada longínqua, entre casas pintadas de todas as cores e turistas procurando todas as esplanadas. Um certo sabor a pouco no museu, apesar do interesse sugestivo dos "lavores femininos" e do extremo condicionamento a eles ligado que se desprende de algumas imagens ali expostas, fazendo perceber o carácter alienante, disciplinador, daquela actividade de mulheres organizadas numa espécie de unidades de tipo manufactura, ou então compenetradas na sua domesticidade ... que longas deviam ser aquelas tardes, aqueles dias, daquelas mulheres.
Sem comentários:
Enviar um comentário