Numa medina, somos quase "brutalmente" confrontados com a variedade da vida e com formas de relacionamento que nos são alheias, pelo menos a nós, citadinos europeus.
As cores e os sabores, as necessidades mais básicas estão expostas, tal como os fabricantes de pão e bolos se prestaram à fotografia, não sem me terem dado um bolo a provar.
Não se trata de "mitificar" o "Oriente"... até porque nestas medinas, que eu saiba, faltam livros e saem de vez em quando alguns cheiros nauseabundos de onde menos se espera. Falta música, mesmo. Há demasiado ruído, demasiado calor, demasiada confusão... uma forma de sociedade de consumo ainda mais penosa do que a nossa; mas também um fervilhar de humanidade.
As pessoas percorrem a vida mais descalças... mas o "brilhozinho nos olhos " nos jovens desejosos de tudo o que "nós" também desejamos não se disfarça. O consumismo chegou a todo o planeta. E as pessoas pedem-nos "candidamente" uma esferográfica como se fosse um objecto precioso...
Há uma enorme sublimação por parte das mulheres, uma aceitação profunda, interiorizada, da autoridade masculina, para dizer as coisas muito em geral e esquematicamente. E há muita pobreza, muita exploração, muita economia paralela... enfim, um modo de vida que nos é estranho, ou que nos vai sendo cada vez mais estranho à medida que nos vamos construindo como europeus...
Claro que este assunto não se compadece com as generalidades acima, que podem até ser mal interpretadas.
O turismo é um poderoso factor de transformação, em muitos sentidos, mas há barreiras intransponíveis. E o turista sabe que, mesmo quando estão a conversar amabilissimamente com ele, estão a receber um estranho. Um emigrante, por exemplo, sente-se muitas vezes numa terra de ninguém: entre duas "culturas", ele é o agente e a vítima de uma série imensa de paradoxos e contradições do mundo em que vivemos.
As cores e os sabores, as necessidades mais básicas estão expostas, tal como os fabricantes de pão e bolos se prestaram à fotografia, não sem me terem dado um bolo a provar.
Não se trata de "mitificar" o "Oriente"... até porque nestas medinas, que eu saiba, faltam livros e saem de vez em quando alguns cheiros nauseabundos de onde menos se espera. Falta música, mesmo. Há demasiado ruído, demasiado calor, demasiada confusão... uma forma de sociedade de consumo ainda mais penosa do que a nossa; mas também um fervilhar de humanidade.
As pessoas percorrem a vida mais descalças... mas o "brilhozinho nos olhos " nos jovens desejosos de tudo o que "nós" também desejamos não se disfarça. O consumismo chegou a todo o planeta. E as pessoas pedem-nos "candidamente" uma esferográfica como se fosse um objecto precioso...
Há uma enorme sublimação por parte das mulheres, uma aceitação profunda, interiorizada, da autoridade masculina, para dizer as coisas muito em geral e esquematicamente. E há muita pobreza, muita exploração, muita economia paralela... enfim, um modo de vida que nos é estranho, ou que nos vai sendo cada vez mais estranho à medida que nos vamos construindo como europeus...
Claro que este assunto não se compadece com as generalidades acima, que podem até ser mal interpretadas.
O turismo é um poderoso factor de transformação, em muitos sentidos, mas há barreiras intransponíveis. E o turista sabe que, mesmo quando estão a conversar amabilissimamente com ele, estão a receber um estranho. Um emigrante, por exemplo, sente-se muitas vezes numa terra de ninguém: entre duas "culturas", ele é o agente e a vítima de uma série imensa de paradoxos e contradições do mundo em que vivemos.
2 comentários:
Talvez não nos seja assim tão estranho. Portugal há menos de um geração não era assim tão diferente. Fora de Lisboa e não só.
Mesmo os outros países da Europa, nomeadamente da Europa mediterrânica antes das décadas de crescimento económico dos anos 60 apresentavam muitos traços comuns com estes países, visíveis em muitos aspectos dos costumes e vida quotidiana.
Claro...o Norte da Tunísia por exemplo lembra muito o Algarve... até no inferno de betão que estão a construir ao longo do mar, para as praias e para a loucura (e negócio) de toda a "cultura" que em torno delas se gera. São multidões de turistas a chegarem todos os dias, ávidos de praia e comida, num espectáculo algo obsceno e...triste, para usar uma palavra soft.
Eu tive muita pena de não conhecer Tunes,cidade milenar de cultura, em vez de estar no meio de um formigueiro ávido de gente procurando gozo. Mas não se pode ter tudo... ao menos descobri uma despudorada novela do García Márquez em tradução inglesa que fez as minhas delícias. Ainda não tinha lido. Salve-nos a literatura.
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