segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Inconsolável



Hoje, quando estava para sair de casa e ir dar aulas, telefonaram-me para o telefone fixo (= 4 "apitos" em diferentes sítios da casa). Isso tem o condão de me enervar, é muito stress já acumulado !!
Mal por mal, prefiro o telemóvel, que ao menos dá música.
Na atrapalhação, deixei cair ao chão da casa de banho um frasquinho de essência que tinha trazido da Tunísia e que me relembrava aquele ambiente de que tanto gostei. Tinha-o comprado em El Jem. Ficou feito em mil vidrinhos, a essência totalmente derramada, e ainda por cima fui dar aulas com nódoas nas calças!
Algumas tentativas que já fiz de encontrar substância e odor análogos resultaram, claro, infrutíferas.
Se alguém souber de alguma lojinha etno onde isto se venda, muito agradeço que me ajude a sarar esta pequena/grande ferida narcísica.
Já vêem como estamos dependentes de tão diminutas coisas? Esse frasquinho, aquele cheiro, era um pouco o símbolo concentrado de um Mediterrâneo de onde mais uma vez tive de me despedir.
Conclusão: como não sou de me deixar cair na fossa facilmente, de imediato fiz incursão em agência após as aulas, e já comecei a preparar, devidamente documentado, a viagem ao Sul de Marrocos para Agosto de 2008, se Deus me der vida e saúde, como diz o povo.
Quero as essências do Sara, a essência em si.
E, como dizia um amigo, uma pessoa aos cinquenta não tem projectos, tem acções. No more time to loose. E eu terei sessenta em 2008, estou na fase hedonista de que falava o saudoso Carlos Alberto, citando o Barthes (lição no Colégio de França), salvo erro.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda este fim de semana, enquanto esperava pelo comboio debaixo dum calor como já não sentia desde os tempos de Freixo de Numão, nas estação da Régua, comentei com uma pessoa amiga que gostava de conseguir guardar aquele cheiro intenso que sai dos carris, assim como guardar os sons que todo aquele mundo da ferrovia "transporta": o ranger das traves de madeira da linha, o apito do comboio, o barulho da deslocação deste,...
Comboios e estações são coisas que me fascinam desde miúda.
Alturas havia em que me deslocava desde a Faculdade de Letras até à baixa, mais concretamente à Estação de S. Bento, onde ía tomar um café só para ouvir os comboios a partir...
Por isso, caro professor Vitor, consigo imaginar a tristeza que deve ter sentido quando "perdeu" essa essência. Porque parte da Tunísia "desapareceu". E em países do género, o(s) cheiro(s) e o(s) som(ns) são definitivamente aquilo que mais retemos.
Estou solidária :)