Fonte: http://photo.net/photos/gudermane
Este acorde lancinante do verão a esvair-se torna-se cada dia mais agudo nas minhas têmporas.
São as barcas a passar com a proa voltada para o sítio onde convergem as nuvens.
São os poros da água como se o rio fosse um corpo lânguido, estendido até uma foz indefinida, longínqua como um oceano.
São os dois joelhos vermelhos, aparentemente cansados de se martirizarem à minha espera.
É o movimento de dança lenta e descendente, é o pressentimento de uma cintura que treme quando a abraço.
És tu, só pode ser.
Por ti mergulharei até ao fundo, trarei um molusco fresco preso a algas, abri-lo-ei com os dentes.
Para encher a tua boca do meu sangue.
Se de dentro da foto, um sinal só, um pequeno movimento de confirmação se desse, saberia que estas são de facto as tuas pernas, que o meu movimento é por aqui.
Dá-me um pequeno sinal de desejo, para que possa consumar este verão que se esvai interminável.
Nuvens vermelhas, laivos saindo de mim numa hemorragia de algas ondulantes, o ar numa vontade indemne de te penetrar toda.
Abre-te.
Deixa-me terminar este verão contigo no fundo das águas, rodeado de peixes escarlates, aqueles que irrompem em grandes cardumes do ventre, e invadem vitoriosos as paisagens felizes, trazendo os júbilos mais simples, as efusões da pele, as tremuras das pequenas franjas que fecham a estação sobre o seu segredo interminável.
Será possível resistir por mais tempo a tal apelo, a tanta beleza, que te interroga infindamente, sem descanso, senhora da hesitação?
Na minha cabeça ressoam os acordes das margens, gritos lancinantes que empurram esta barca para a loucura total.
São as barcas a passar com a proa voltada para o sítio onde convergem as nuvens.
São os poros da água como se o rio fosse um corpo lânguido, estendido até uma foz indefinida, longínqua como um oceano.
São os dois joelhos vermelhos, aparentemente cansados de se martirizarem à minha espera.
É o movimento de dança lenta e descendente, é o pressentimento de uma cintura que treme quando a abraço.
És tu, só pode ser.
Por ti mergulharei até ao fundo, trarei um molusco fresco preso a algas, abri-lo-ei com os dentes.
Para encher a tua boca do meu sangue.
Se de dentro da foto, um sinal só, um pequeno movimento de confirmação se desse, saberia que estas são de facto as tuas pernas, que o meu movimento é por aqui.
Dá-me um pequeno sinal de desejo, para que possa consumar este verão que se esvai interminável.
Nuvens vermelhas, laivos saindo de mim numa hemorragia de algas ondulantes, o ar numa vontade indemne de te penetrar toda.
Abre-te.
Deixa-me terminar este verão contigo no fundo das águas, rodeado de peixes escarlates, aqueles que irrompem em grandes cardumes do ventre, e invadem vitoriosos as paisagens felizes, trazendo os júbilos mais simples, as efusões da pele, as tremuras das pequenas franjas que fecham a estação sobre o seu segredo interminável.
Será possível resistir por mais tempo a tal apelo, a tanta beleza, que te interroga infindamente, sem descanso, senhora da hesitação?
Na minha cabeça ressoam os acordes das margens, gritos lancinantes que empurram esta barca para a loucura total.
voj copyright 2007
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