"Pai é o principal agressor!
Mais de metade das crianças vítimas de agressão sexual no seio familiar são abusadas pelo progenitor ou padastro
2008-06-03
Pai e padrasto são os principais responsáveis pelos casos de agressões sexuais a menores ocorridas no seio familiar – esta é uma das principais conclusões de um estudo desenvolvido por Francisco Taveira, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e coordenado por Teresa Magalhães, directora do Instituto de Medicina Legal da FMUP. De acordo com os dados recolhidos pelos autores na Delegação Norte do Instituto Nacional de Medicina Legal, entre 1997 e 2004, 45% das crianças abusadas no seio familiar foram vítimas do próprio pai e 6% do padrasto.
O estudo em causa teve como objectivo caracterizar o abuso sexual de crianças e jovens no contexto intra e extra-familiar, para perceber que diferenças existem entre os abusos decorridos dentro e fora do seio da família. Segundo os autores, uma melhor compreensão das características dos diferentes tipos de abuso permite melhorar a detecção dos casos e encaminhar, tratar e proteger das vítimas de forma mais adequada.
No período de tempo estudado, foram detectados 1.141 ocorrências relativas a exames de natureza sexual realizados a crianças e jovens entre os 0 e os 17 anos. 67% destes casos foram analisados pelos investigadores da FMUP, que concluíram que 34,9% das situações reportavam a abusos intra-familiares. As vítimas, com uma idade média de 11 anos, eram maioritariamente do sexo feminino (83,6%).
Os investigadores verificaram que, nos casos de abuso intra-familiar, a vítima é mais nova, os abusos são menos intrusivos mas as práticas são mais repetidas e muito difíceis de detectar e diagnosticar. As crianças agredidas por indivíduos exteriores à família sofrem abusos mais violentos, mas com menor frequência. Estes casos são detectados e travados mais precocemente. No entanto, os especialistas em Medicina Legal verificaram que, mesmo quando o abusador é exterior à família, em 65% dos casos é uma pessoa conhecida da criança abusada.
Os dados analisados pelos cientistas da FMUP permitiram ainda concluir que uma grande parte dos abusadores já tinha antecedentes de comportamentos sexuais desviantes e que a maioria das crianças (37%) foi abusada sob violência física. 21,2% sofreram ameaças verbais, que muitas vezes incluíram ameaças de morte.
Os investigadores lembram que é muito difícil detectar os casos de abuso sexual intra-familiar, dada a falta de visibilidade de situações suspeitas e o controlo da vítima pelo medo. Sobram, no entanto, as sequelas psicológicas. Embora as crianças possam não ter consciência de que são vítimas de abuso quando são muito pequenas (sobretudo se o abuso não é intrusivo nem acompanhado de violência), a partir dos 6 anos crescem os sentimentos de vergonha que, aliados à fragilidade inerente à idade, à condição de vítima e à perda de confiança (que é mais acentuada quando o agressor é intra-familiar) são causadoras de sérios problemas de foro psicológico. "
Mais de metade das crianças vítimas de agressão sexual no seio familiar são abusadas pelo progenitor ou padastro
2008-06-03
Pai e padrasto são os principais responsáveis pelos casos de agressões sexuais a menores ocorridas no seio familiar – esta é uma das principais conclusões de um estudo desenvolvido por Francisco Taveira, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e coordenado por Teresa Magalhães, directora do Instituto de Medicina Legal da FMUP. De acordo com os dados recolhidos pelos autores na Delegação Norte do Instituto Nacional de Medicina Legal, entre 1997 e 2004, 45% das crianças abusadas no seio familiar foram vítimas do próprio pai e 6% do padrasto.
O estudo em causa teve como objectivo caracterizar o abuso sexual de crianças e jovens no contexto intra e extra-familiar, para perceber que diferenças existem entre os abusos decorridos dentro e fora do seio da família. Segundo os autores, uma melhor compreensão das características dos diferentes tipos de abuso permite melhorar a detecção dos casos e encaminhar, tratar e proteger das vítimas de forma mais adequada.
No período de tempo estudado, foram detectados 1.141 ocorrências relativas a exames de natureza sexual realizados a crianças e jovens entre os 0 e os 17 anos. 67% destes casos foram analisados pelos investigadores da FMUP, que concluíram que 34,9% das situações reportavam a abusos intra-familiares. As vítimas, com uma idade média de 11 anos, eram maioritariamente do sexo feminino (83,6%).
Os investigadores verificaram que, nos casos de abuso intra-familiar, a vítima é mais nova, os abusos são menos intrusivos mas as práticas são mais repetidas e muito difíceis de detectar e diagnosticar. As crianças agredidas por indivíduos exteriores à família sofrem abusos mais violentos, mas com menor frequência. Estes casos são detectados e travados mais precocemente. No entanto, os especialistas em Medicina Legal verificaram que, mesmo quando o abusador é exterior à família, em 65% dos casos é uma pessoa conhecida da criança abusada.
Os dados analisados pelos cientistas da FMUP permitiram ainda concluir que uma grande parte dos abusadores já tinha antecedentes de comportamentos sexuais desviantes e que a maioria das crianças (37%) foi abusada sob violência física. 21,2% sofreram ameaças verbais, que muitas vezes incluíram ameaças de morte.
Os investigadores lembram que é muito difícil detectar os casos de abuso sexual intra-familiar, dada a falta de visibilidade de situações suspeitas e o controlo da vítima pelo medo. Sobram, no entanto, as sequelas psicológicas. Embora as crianças possam não ter consciência de que são vítimas de abuso quando são muito pequenas (sobretudo se o abuso não é intrusivo nem acompanhado de violência), a partir dos 6 anos crescem os sentimentos de vergonha que, aliados à fragilidade inerente à idade, à condição de vítima e à perda de confiança (que é mais acentuada quando o agressor é intra-familiar) são causadoras de sérios problemas de foro psicológico. "
Fonte: Ciência Hoje
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=26425&op=all
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