sábado, 1 de dezembro de 2007

JORGE DIAS

Leituras Etnográficas
Sessão de homenagem à memória do Prof. Doutor Jorge Dias

Próxima quinta-feira, dia 6 de Dezembro, das 10.00h às 18.30
Na Sociedade de Geografia de Lisboa


Falei com Jorge Dias c. de 10 minutos na minha vida, em Lisboa, na Junqueira, aquando da exposição da "alfaia agrícola portuguesa", nos inícios dos anos 70. Era um estudante, quase tremendo por estar diante de tal gigante, que interpelei com uma pergunta. Guardo a recordação de ter falado com um dos mais notáveis portugueses do século XX.
Nunca esperei ser desterrado para África, e confrontado com a sua morte precoce, e assim as coisas se terem conjugado por forma a nunca mais o ter podido ver.
As nossas vidas estão tão cheias de tanta gente a mais, e tão escassas de algumas pessoas a menos! Miséria trágica.

VOJ

3 comentários:

Anónimo disse...

O dr. Jorge Dias era, de facto, um gigante no seu coração, um homem notável de uma generosidade e bondade infinitas, o que determinou que tenha sido vítima de indecentes perseguições no ISCSPU, reitorado por Adriano Moreira. Por outro lado, do ponto de vista científico, o dr. Jorge Dias sempre foi de uma debilidade confrangedora e a sua obra apenas serve para ensinar os alunos de antropologia, em Portugal e no Estrangeiro, como não se deve fazer uma etnografia.

Anónimo disse...

Estou plenamente de acordo com o comentário anterior. Jorge Dias foi o "Gilberto Freyre" português, com uma diferença: neste momento os acedémicos brasileiros já colocaram esse velho antropólogo na devida prateleira, com críticas muito importantes ao trabalho que desenvolveu. Freyre e Dias são importantes para percebermos a influencia que tiveram na investigação académica dos dois países, mas muito pouco (ou nada)válidos enquanto criadores de teoria. Até os seus trabalhos mais singelos, de carácter meramente etnográfico, eram escandalosamente cegos a evidências que antropólogos das escolas francesa, britânica e norte-americana tinham como elementares.
Quando Jorge Dias esteve em Moçambique, com os Macondes, ao mesmo tempo, do outro lado do rio, estavam antropólogos ingleses aplicando métodos e teorias que só se vieram a praticar em Portugal nos anos 80!
A Antropologia portuguesa só será credível quando se eliminar definitivamente o fantasma de Jorge Dias como grande patrono desta disciplina. Quem fundou a Antropologia em Portugal foi efectivamente José Cutileiro, porque Leite de Vasconcellos, Rocha Peixoto e tantos outros não foram mais do que amadores bem intencionados. Há muito tempo que esses eruditos, que faziam arquelogia com dinamite, foram colocados de parte pelos arqueólogos como maus exemplos teóricos e metedológicos. E os seus trabalhos "etnográficos" não foram em nada melhores, pelo contrário, pois ainda há muita gente dos nossos dias a repetir as mais hilariantes asneiras que, em tempos, esses generosos mas inabilitados etnógrafos proferiram.
Hoje em dia chamar arqueólogo a um desses homens-bomba do princípio do século é capaz de fazer os arqueólogos sentirem-se incomodados. Mas o mesmo sentirão os antropólogos perante igual comparação. Prestemos a devida homenagem aqueles que - efectivamente - fundaram a antropologia em Portugal, como Cutileiro, Brian O'Neill, Pais de Brito, Raul Iturra, Laranjeira e mais um punhado de valorosos; e deixemos, respeitosamente, os generosos sábios do passado nas prateleiras mais ilustres das bibliotecas.

Vitor Oliveira Jorge disse...

Respeito as opiniões dos dois comentadores, certamente pessoas que sabem muito destas matérias, e cujos comentários agradeço em nome dos leitores deste blogue.Não seria tão excessivo, pelo que conheço e li da obra e das pessoas...não sou dado a mitificações de "pais precursores" nem à sua morte simbólica. Cada um teve o seu papel na história do conhecimento de um Portugal que já não existe, evidentemente.Os grandes nomes da antropologia portuguesa actual, alguns dos quais o comentador anónimo menciona, e todos admiramos, não encontraram porém uma absoluta ausência de história da antropologia em Portugal... apesar das dificuldades e do que a ditadura fez por não haver nada. Algumna coisa se dez, e felizmente ainda está vvo um homem que fez parte da equipa dop Jorge Dias, e a quem se devia prestar uma grande homenenagem (já tentei, mas é avesso a isso, na sua modéstia): Benjamim Pereira. Tem mais vinte anos do que eu, o que significa 79. É um patrimóno vivo, importantíssimo, conhecendo Portugal (o que existe e o que desapareceu) como mais ninguém. Haveria, se ele aceitasse, que ir para casa dele e gravar, gravar entrevistas com ele.