domingo, 30 de dezembro de 2007

Quotation - and some notes in English and Portuguese

About the film Erasehead, Todd McGowan writes very interesting things in his book "The Impossible Lynch" (New York, Columbia University Press, 2007, chap. One: "Sacrificing One's Head for an Eraser", pp. 26-48). Obviously, we do not need to agree with his psychoanalythical, Lacaninan interpretation. But it gives us interesting clues to think about the film, about "fantasmatic fulfillment". For instance: 

the film "(...) evinces a full commitement to fantasy in its denouement, and this full commitment exposes both fantasy's liberating possibilities and its steep costs."

Este filme e este livro é para mim fundamental para entender este extraordinário artista contemporâneo, talvez o maior cineasta, hoje, o que levou o cinema até às suas autênticas possibilidades de nos transportar para o interior da fantasia, mas no sentido oposto ao "entertainment" vulgar de Hollywood, que nos cola à fantasia. Pelo contrário, a figura principal do filme está sempre dentro da fantasia mas vive-a como sofrimento, como vazio, como privação de uma falta fundamental, por assim dizer "originária", constituinte da própria realidade de ele (de se) ser. Vive-a porque a linguagem cinematográfica de Lynch a escreve ou inscreve assim, numa utilização genial de cada elemento da matéria fílmica, do tempo à luz, para dar esta incomodade radical de estar vivo, dentro de uma ordem simbólica.
Lynch mostra-nos que o cinema  - e a sua libertação da narrativa "literária" que conforma a maior parte dos filmes que vemos, das "histórias" que nos entretêm - está agora a começar, e de certa forma a ser pensado, como uma arte que conjuga várias artes (pintura, teatro, música, fotografia, etc) para a criação de universos que são próximos aos do nosso inconsciente, ou como queiram chamar-lhe, isto é, que se aproximam de uma espécie de "denúncia" do que de mais íntimo cada um de nós "transporta", isto é, faz e refaz incessantemente, fora das explicações "racionalistas" (reducionistas, para não dizer outra coisa) de muitos psicólogos e outros castradores daquilo que é a imensidade do enigma humano, a sua fascinação, diferente de um ser para o outro.

Sem comentários: