the film "(...) evinces a full commitement to fantasy in its denouement, and this full commitment exposes both fantasy's liberating possibilities and its steep costs."
Este filme e este livro é para mim fundamental para entender este extraordinário artista contemporâneo, talvez o maior cineasta, hoje, o que levou o cinema até às suas autênticas possibilidades de nos transportar para o interior da fantasia, mas no sentido oposto ao "entertainment" vulgar de Hollywood, que nos cola à fantasia. Pelo contrário, a figura principal do filme está sempre dentro da fantasia mas vive-a como sofrimento, como vazio, como privação de uma falta fundamental, por assim dizer "originária", constituinte da própria realidade de ele (de se) ser. Vive-a porque a linguagem cinematográfica de Lynch a escreve ou inscreve assim, numa utilização genial de cada elemento da matéria fílmica, do tempo à luz, para dar esta incomodade radical de estar vivo, dentro de uma ordem simbólica.
Lynch mostra-nos que o cinema - e a sua libertação da narrativa "literária" que conforma a maior parte dos filmes que vemos, das "histórias" que nos entretêm - está agora a começar, e de certa forma a ser pensado, como uma arte que conjuga várias artes (pintura, teatro, música, fotografia, etc) para a criação de universos que são próximos aos do nosso inconsciente, ou como queiram chamar-lhe, isto é, que se aproximam de uma espécie de "denúncia" do que de mais íntimo cada um de nós "transporta", isto é, faz e refaz incessantemente, fora das explicações "racionalistas" (reducionistas, para não dizer outra coisa) de muitos psicólogos e outros castradores daquilo que é a imensidade do enigma humano, a sua fascinação, diferente de um ser para o outro.
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