Que fazer com um "dia livre"?
Temos dificuldade de viver o mundo sem o polvilhar de tarefas e ocupações.
Procuramos a todo o custo esquecer que nada é real, que tudo é uma ilusão.
Queremos (julgamos) compreender. Temos dificuldade em aceitar que somos uma ficção.
Habitamos o vazio, e todos o intuímos desde cedo: por isso desde cedo se encarregaram de nos ensinar a fazer coisas, de nos distribuir tarefas, de nos ocupar.
Temos de estar ocupados para não nos ocuparmos no que seria a "verdadeira" Ocupação?
Talvez a verdadeira ocupação (??) pudesse ser pensar nisto (cito o Baudrillard em inglês, "Impossible Exchange", Londres, Verso, 2001, p. 11 - só se entende bem lendo o livro todo, que também existe em francês, como foi dito há dias neste blogue):
"The illusion of having "overcome" this uncertainty is a mere phantasm of the understanding - a phantasm which lurks behind all value systems and representations of an objective world, including the traditional philosophical question: "Why is there Something rather than Nothing? Whereas the true question should, rather, be: "Why is there Nothing than Something?"
Não posso transcrever mais, nem alongar-me em comentários, que exigiriam muito tempo.
Para fugir ao mais importante (e disfarçar a nossa ignorância, pois...) temos todos os dias boas desculpas, fornecidas de bandeja pela realidade, nas suas múltiplas formas.
1 comentário:
É muito engraçado a ligação do que escreve com aquela transcrição do "Simulacros e Simulação" que precede este post.
Para complementar era interessante a questão do "Welcome to the Desert of the real" do Slavoj Zizek.
A expressão tem origem justamente em Baudrillard (o "deserto do real" surge no "Simulacro e Simulação"). Foram os irmãos Wachowski os responsáveis pela ponte.
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