sexta-feira, 13 de novembro de 2009

a revolução diária de tentar pensar

Quando uma pessoa consegue finalmente afastar as "moscas do dia", entendendo eu por isto aquelas coisas da mais diversa ordem que permanentemente o distraem do trabalho (quer dizer, do núcleo do seu desejo, neste caso para pensar*), fazendo-o confundir-se ilusoriamente com uma gesticulação sem sentido para "resolver" pequenos atritos da vida... dá-se por nós e vai a caminho das duas da manhã do dia seguinte... algo gravoso quando depois uma pessoa se lembra que tem de acordar às 7,30 h. para ir dar uma sessão de mestrado de várias horas pela manhã... maldição! Isto é mortífero.


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* entendo por pensar: desconstruir o que parece absolutamente evidente, ou seja, a tentativa desesperada da consciência se furtar à sua total sobreposição aos (ao domínio dos) mecanismos protéticos (ou pretésicos - de prótese), cinemáticos, da sua fabricação hiperindustrial contemporânea - a industrialização sistemática dos dispositivos retencionais de que fala Stiegler, na linha de Husserl e Kant. Um grande autor. Terei de voltar a isto à medida que o estudo. O seu vol. 3 de "A Técnica e o Tempo" (Paris, Galilée, 2001) é absolutamente CRUCIAL, ao lado de Foucault, Lacan, Deleuze, Derrida, Zizek, Ingold e outros gigantes que, na sua heterogeneidade, mudaram a nossa maneira de nos olharmos.
Seguindo a via da intuição, intransigentemente persigo estes autores na tentativa de me furtar ao senso comum, por um lado, e ao academismo da minha formação, por outro - digamos que são os dois diabos que estão à minha esquerda e à minha direita sempre a quererem seduzir-me arrastando-me para a preguiça, a banalidade auto-satisfeita, numa palavra, a estupidez.





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