A minha casa foi tomada de assalto
Esta manhã
Pelo começo de mais
Um dia
Vinham uma série de sinais
Encapuçados
Deixando cair pelas escadas
Ferramentas e caixas
E nessa precipitação
Atropelaram-se as horas
Umas nas outras
E saíram-me dos bolsos
Bilhetes de filmes antigos
Lenços de papel de cafés de aeroporto;
E enquanto tentava pôr
Tudo isso em ordem
Refulgiram de novo as árvores ao fundo;
E o dia já acabava; e saíam
Os signos encapuçados, rindo muito,
Deixando cair chaves de fendas,
Prometendo voltar depois da noite...
Entretanto, toda a tarde,
A mesa da cozinha
Terá emanado uma estranha luz;
E sobre ela tu estarias sentada,
Nua três vezes sobre a tua nudez.
E essa refulgência, indecoro,
Assalto de pernas traçadas,
E nádegas, e lábios experientes,
E sinais que de toda a parte trouxeste
Estavam ali parados, esperando,
Em assédio subtil, aparição,
De que só fui a tempo de recolher
Um vestígio tombado.
A tua camisa camisa de noite
Totalmente despida, e entregue
Na sua nudez.
Então sobre o tampo da mesa tentei aspirar
Os sabores de tão flagrante
(Des)encontro, e o meu jantar
Foram os sinais que a tua pele ali deixou.
VOJ
(texto e foto - porto, nov. 2009)
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