quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Evocação algo extemporânea do nosso grande amigo Firmino Aires (Chaves)






Firmino Aires (aqui na Vinha da Soutilha com a Susana) foi um dos (na altura raros) animadores culturais da cidade de Chaves, pelos anos 80 e começos de 90. E foi uma das pessoas que mais entusiasticamente apoiaram a tese de doutoramento que a Susana em parte ali fez, revelando a pré-história daquela região. Foi um dos nossos esteios aqui no Norte. Faleceu há uns anos, e ontem digitalizei esta foto antiga, aproveitando agora para lhe prestar uma (tão simples e sucinta) homenagem, aqui. Nem para colaborar num livro em memória dele, que não sei se se chegou a fazer, ou se está em elaboração, tive tempo... é desumano este modo de vida.
Reformado do exército, consciente das suas limitações de autodidacta, mas dotado da determinação que caracteriza certos militares, chegou a ser vereador da cultura da Câmara de Chaves. Era um idealista bondoso, respeitador, imensamente disponível para ajudar e para promover a sua terra. Símbolo de um Portugal que passou à história, com as suas pequenas "élites" locais (falo em geral, e não em relação à cidade e concelho de Chaves em particular, como é óbvio), cujo imobilismo e "vida de café", que às vezes as caracteriza, ele sempre procurou superar. Fazendo, ajudando a fazer, aprendendo, e não dando sentenças. Um homem excelente.

(Hoje então foi um dia em que pequenas burocracias me envenenaram a vida... e cheguei ao fim dele com a frustração de não ter feito nada de significativo, ou que me desse prazer)


4 comentários:

Anónimo disse...

O Firmino Aires foi a única pessoa que me ajudou -sem contrapartidas- quando eu vim trabalhar para o Norte de Portugal. Um Amigo.

António disse...

Sempre que passo por Chaves fico à espera de ver aparecer, envolto numa grande nuvem de poeira, o velho Land Rover com que Firmino Aires nos levava aos sítios mais incríveis da região. Ele não pode ter partido pois permanece o farol que nos ilumina o trilho para a Soutilha. (Marciano)

Vitor Oliveira Jorge disse...

É... chega-se a uma idade em que a maior parte dos nossos VIVOS estão mortos e a maior parte dos VIVOS em volta estão, esses sim, já muito mais MORTOS. Percebe-se então muita coisa sobre a memória, a afectividade, e a relatividade (necessidade mútua, ou cumplicidade) do que chamamos vida e morte... em novos, colados à experiência sensível imediata, somos uns estarolas... mas só agora o percebemos com nitidez.

Anónimo disse...

Acho que a cadela da foto era a Pilú....de boa memória. O Firmino não partiu, claro. Quando a gente encontra um Firmino Aires ele nunca mais nos larga!