Uma das maiores tragédias históricas da arquelogia portuguesa resultou de não haver praticamente ciências sociais em Portugal (proibidas pelo salazarismo) antes do 25 de Abril; e quando elas se implantaram fizeram-no sem articulação com uma arqueologia demasiado ligada à história (e sua teoria, nos sítios onde esta se ensinava) ou então às ciências naturais (geologia, etc.).
A arqueologia articulada com a (para não dizer subordinada à) história (e ensinada nos respectivos cursos) servia até certo ponto os interesses da arqueologia desde a época romana para cá; e a arqueologia ligada à Geologia e outras ciências naturais, como a Paleontologia Humana, o Paleolítico. Isso continuou depois do 25 de Abril.
Quando muito, alguns (poucos) abriram-se à nova arqueologia americana, na linha de Binford, a "novas tecnologias" e à aplicação do evolucionismo multi-linear segundo o modelo do "Homem Caçador".
Quer dizer, as "épocas" que deram no mundo moderno maior origem à discussão teórica em arqueologia (aquelas que se convencionou albergar sob a designação de "Pré-história recente") - Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze e mesmo Idade do Ferro - ficaram como uma "terra de ninguém" interpretativa.
Muitas pessoas que se dedicaram a esses períodos, sem dúvida cruciais porque situados entre a "hominização" (a ocorrência da nossa espécie) e o Estado imperial romano (os últimos 2000 anos) não tinham outra formação que não fosse a de História.
Quer dizer, faltava-lhes (faltou-nos) a filosofia, a antropologia cultural ou social, a sociologia, a psicologia, a psicanálise, etc., etc.
É esta "terra de ninguém" que ainda hoje se faz sentir em Portugal. Mesmo nos estudos de arte rupestre, que também não ganharam com o pouco desenvolvimento de uma antropologia, e com uma história da arte maioritariamente iconográfica e documentalista, genericamente indiferente às novas perspectivas dos "visual studies" e aos próprios desenvolvimentos da arte contemporânea (que, questionando a arte, questionavam também as bases da sua história, obviamente).
Isto, em três linhas, breves, esquemáticas, e portanto redutoras (e decerto um pouco injustas para alguns e para o enorme esforço que todos temos feito para nos actualizar, com uma capacidade de trabalho invulgar e de dedicação que em geral caracteriza os arqueólogos, como aliás outros grupos profissionais portugueses, onde há bolsas de excelência), explica historicamente a penúria da arqueologia nacional, que alguns se têm esforçado por superar, é certo.
O aparecimento público de uma arqueologia com intervenção politica, em 1995/96, com a questão do Côa e sua mediatização, esteve mais uma vez ligado ao Paleolítico.
A grande maioria das pessoas cultas em Portugal continua a desconhecer a problemática e a riqueza da Pré-história recente, porque não tem os fascínios edénicos da "hominização" e da "origem da arte", nem grandes monumentos para apresentar como a arqueologia romana, medieval, ou moderna e contemporânea.
Claro que até por razões nacionalistas - presentes em todos os países, mesmo hoje - os castros e citânias do Minho (e em geral de todo o país) teriam sido desde sempre um tema-chave de afirmação da nossa arqueologia junto dos poderes públicos.
O controverso e mítico assunto dos Lusitanos (sedeados pela lenda na Serra da Estrela, de arqueologia muito pobre) e outros pormenores históricos recentes que me escuso aqui de acentuar - um dos quais é evidentemente a dificuldade de estudo exaustivo não de um sítio castrejo, mas do seu território inteiro, o que implicaria um enorme investimento de muitas décadas - não facilitaram esse desenvolvimento.
De forma que várias circunstâncias se juntaram para fazerem da arqueologia portuguesa, ainda hoje, um território muito pobre culturalmente, não articulado com o tecido das ciências sociais, e sem grande intervenção no ordenamento do território, uma prática entregue aos peditórios das magras verbas para escavação e à lógica das empresas. Uma situação, em boa parte, humilhante.
A falta de força política dos arqueólogos (soberanamente ignorados por todos os poderes centrais) está à vista, para o que também contribui a divisão das instituições (cada uma a querer fazer "curriculum" por si, sem perceber que a união faz a força, mais a mais numa sociedade em rede - mas quem é que quer "estar em rede" com certas realidades ?... o velho pragmatismo indica que "mais vale só que mal acompanhado"...) e o alheamento político, com Ministérios da Cultura estruralmente mais voltados para as artes, e Ministérios da Ciência mais voltados para as "verdadeiras ciências".
Apesar de todos os enunciados de boas intenções dos responsáveis do momento. Estou à vontade, sou amigo de ambos os ministros, mas isto obviamente (e ainda bem) não vai com amizades pessoais... nem certamente e sobretudo com os orçamentos que lhes são concedidos no conjunto geral da despesa pública.
É a gestão da penúria e da rotina de mãos dadas com a falta de uma consciência patrimonial alargada e integrada (incluindo o património ambiental e o agora chamado incorpóreo, como é evidente), que alguns tentaram implementar, mas como sempre, sem continuidade possível. Os lobbies não permitiram. A história da nossa arqueologia é em grande parte uma história de bloqueios.
Como é óbvio, as parcerias, as articulações institucionais, a descentralização, o investimento, o aconselhamento e trabalho em equipa com instituições e figuras representativas seriam necessários, imprescindíveis. Mas está alguém interessado nisso?... Alguém se sente na necessidade de consultar quem neste país trabalha há décadas? Essas pessoas só complicam e atgrasam as decisões, que valem sobretudo como enunciações.
Nem por ser menos visível, o patrimóno pré-histórico (como excepção, ainda lá se vão polvlhando os territórios com umas antas ou outros raros sítios protegidos) é menos importante do que o de outras épocas. Porque todos sabemos que o património, construção contemporânea, é um problema de afirmação política, de invenção contemporânea.
E o omnipresente turismo, que ele serve, só ganha(ria) em organizar redes diversificadas nos seus elementos componentes, circuitos arternativos, etc.
Mas, sem dinheiro para mandar cantar um cego, sem grande ambição por parte de muitos protagonistas da arqueologia portuguesa, cansados de lutar toda uma vida, que se pode fazer?
O Museu Nacional de Arquelogia, por exemplo, lá vai realizando coisas.
As pessoas (uma minoria, e Bolonha não veio ajudar), à custa de mensos sacrifícios, tentam graduar-se, pagando propinas elevadas.
Os investigadores seniores tentam obter algumas bolsas que lhes permitam continuar a trabalhar com os seus colaboradores e alunos. Mas muitos de nós já vamos estando um pouco decepcionados, procurando, numa lógica de rentabilização do tempo, de desilusão e de compreensível afirmação pessoal, saltar do local para o global e apresentar lá fora os nossos resltados a colegas mais receptivos culturalmente, até porque não lhes vamos pedir posto de trabalho nenhum...
Vale a pena publicar trabalhos em português? Só para quem esteja em início de carreira.
As pessoas cultas em Portugal visitam o Côa (quando visitam), uns quantos sítios romanos e medievais, e voltam para as suas cidades a frequentar os centros culturais, os espectáculos, e museus de qualidade e aquilo que vem anunciado nos jornais (quase tudo concentrado em Lisboa - CCB, Gulbenkian, Culturgest, etc, etc.).
As associações lá vão fazendo algma coisa, sobretudo mantendo-se a si próprias, numa espécie de ritos para alguns (sempre os mesmos) iniciados.
Os jovens curtem os festivais e a sua "cultura".
E lá vamos andando, como sempre, como o velho boi da paciência, que já nos fez aturar tantas décadas de ditadura. Como não acredito na psicologia dos povos, ou no inconsciente colectivo, nem sou dado ao fado, ainda não percebi por que é que temos tido tanta paciência.
Como sair deste círculo vicioso?
O voluntarismo individual não chega.
Mas o desencanto instala-se.
E a mediania reproduz-se.
Fizemos grandes congressos em Portugal, como o da UISPP em 2006, graças a um esforço insano do meu colega do IPT (Tomar). Mas, por exemplo: quantos de nós somos chamados a integrar publicações, júris, comissões (como aquelas de esrangeiros que nos vêm avaliar) fora de fronteiras?
Que conhecimento exportamos para outros saberes? Que traduções de livros de arqueólogos portugueses se conseguem implementar noutros países? A nossa rica literatura está em boa parte internacionalizada, mas ainda no outro dia foi como grande novidade que vários colegas meus de outros países ouviram falar de Fernando Pessoa (tendo ido logo comprar as respectivas traduções... como é possível desconhecer um autor desta envergadura universal?...).
Como saímos deste círculo vicioso?
Este blogue, um entre milhões, pode ajudar?... É apenas o meu espaço de intervenção pública (entre milhões), pessoal, modestíssimo por certo.
O património arqueológico não se reproduz. O tempo urge. Os estudantes estão insatisfeitos. Os responsáveis assinam papéis. E no terreno, na realidade de todos os dias, que nos anuncia 2008?... espero que com o novo quadro comunitário de apoio algo possa acontecer.
Vê-se tanta gente a festejar o Natal e o Ano Novo... esperemos que valha a pena, e não seja só uma forma de evasão. Porque estamos cansados. Todos. Há muitas décadas.
A arqueologia articulada com a (para não dizer subordinada à) história (e ensinada nos respectivos cursos) servia até certo ponto os interesses da arqueologia desde a época romana para cá; e a arqueologia ligada à Geologia e outras ciências naturais, como a Paleontologia Humana, o Paleolítico. Isso continuou depois do 25 de Abril.
Quando muito, alguns (poucos) abriram-se à nova arqueologia americana, na linha de Binford, a "novas tecnologias" e à aplicação do evolucionismo multi-linear segundo o modelo do "Homem Caçador".
Quer dizer, as "épocas" que deram no mundo moderno maior origem à discussão teórica em arqueologia (aquelas que se convencionou albergar sob a designação de "Pré-história recente") - Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze e mesmo Idade do Ferro - ficaram como uma "terra de ninguém" interpretativa.
Muitas pessoas que se dedicaram a esses períodos, sem dúvida cruciais porque situados entre a "hominização" (a ocorrência da nossa espécie) e o Estado imperial romano (os últimos 2000 anos) não tinham outra formação que não fosse a de História.
Quer dizer, faltava-lhes (faltou-nos) a filosofia, a antropologia cultural ou social, a sociologia, a psicologia, a psicanálise, etc., etc.
É esta "terra de ninguém" que ainda hoje se faz sentir em Portugal. Mesmo nos estudos de arte rupestre, que também não ganharam com o pouco desenvolvimento de uma antropologia, e com uma história da arte maioritariamente iconográfica e documentalista, genericamente indiferente às novas perspectivas dos "visual studies" e aos próprios desenvolvimentos da arte contemporânea (que, questionando a arte, questionavam também as bases da sua história, obviamente).
Isto, em três linhas, breves, esquemáticas, e portanto redutoras (e decerto um pouco injustas para alguns e para o enorme esforço que todos temos feito para nos actualizar, com uma capacidade de trabalho invulgar e de dedicação que em geral caracteriza os arqueólogos, como aliás outros grupos profissionais portugueses, onde há bolsas de excelência), explica historicamente a penúria da arqueologia nacional, que alguns se têm esforçado por superar, é certo.
O aparecimento público de uma arqueologia com intervenção politica, em 1995/96, com a questão do Côa e sua mediatização, esteve mais uma vez ligado ao Paleolítico.
A grande maioria das pessoas cultas em Portugal continua a desconhecer a problemática e a riqueza da Pré-história recente, porque não tem os fascínios edénicos da "hominização" e da "origem da arte", nem grandes monumentos para apresentar como a arqueologia romana, medieval, ou moderna e contemporânea.
Claro que até por razões nacionalistas - presentes em todos os países, mesmo hoje - os castros e citânias do Minho (e em geral de todo o país) teriam sido desde sempre um tema-chave de afirmação da nossa arqueologia junto dos poderes públicos.
O controverso e mítico assunto dos Lusitanos (sedeados pela lenda na Serra da Estrela, de arqueologia muito pobre) e outros pormenores históricos recentes que me escuso aqui de acentuar - um dos quais é evidentemente a dificuldade de estudo exaustivo não de um sítio castrejo, mas do seu território inteiro, o que implicaria um enorme investimento de muitas décadas - não facilitaram esse desenvolvimento.
De forma que várias circunstâncias se juntaram para fazerem da arqueologia portuguesa, ainda hoje, um território muito pobre culturalmente, não articulado com o tecido das ciências sociais, e sem grande intervenção no ordenamento do território, uma prática entregue aos peditórios das magras verbas para escavação e à lógica das empresas. Uma situação, em boa parte, humilhante.
A falta de força política dos arqueólogos (soberanamente ignorados por todos os poderes centrais) está à vista, para o que também contribui a divisão das instituições (cada uma a querer fazer "curriculum" por si, sem perceber que a união faz a força, mais a mais numa sociedade em rede - mas quem é que quer "estar em rede" com certas realidades ?... o velho pragmatismo indica que "mais vale só que mal acompanhado"...) e o alheamento político, com Ministérios da Cultura estruralmente mais voltados para as artes, e Ministérios da Ciência mais voltados para as "verdadeiras ciências".
Apesar de todos os enunciados de boas intenções dos responsáveis do momento. Estou à vontade, sou amigo de ambos os ministros, mas isto obviamente (e ainda bem) não vai com amizades pessoais... nem certamente e sobretudo com os orçamentos que lhes são concedidos no conjunto geral da despesa pública.
É a gestão da penúria e da rotina de mãos dadas com a falta de uma consciência patrimonial alargada e integrada (incluindo o património ambiental e o agora chamado incorpóreo, como é evidente), que alguns tentaram implementar, mas como sempre, sem continuidade possível. Os lobbies não permitiram. A história da nossa arqueologia é em grande parte uma história de bloqueios.
Como é óbvio, as parcerias, as articulações institucionais, a descentralização, o investimento, o aconselhamento e trabalho em equipa com instituições e figuras representativas seriam necessários, imprescindíveis. Mas está alguém interessado nisso?... Alguém se sente na necessidade de consultar quem neste país trabalha há décadas? Essas pessoas só complicam e atgrasam as decisões, que valem sobretudo como enunciações.
Nem por ser menos visível, o patrimóno pré-histórico (como excepção, ainda lá se vão polvlhando os territórios com umas antas ou outros raros sítios protegidos) é menos importante do que o de outras épocas. Porque todos sabemos que o património, construção contemporânea, é um problema de afirmação política, de invenção contemporânea.
E o omnipresente turismo, que ele serve, só ganha(ria) em organizar redes diversificadas nos seus elementos componentes, circuitos arternativos, etc.
Mas, sem dinheiro para mandar cantar um cego, sem grande ambição por parte de muitos protagonistas da arqueologia portuguesa, cansados de lutar toda uma vida, que se pode fazer?
O Museu Nacional de Arquelogia, por exemplo, lá vai realizando coisas.
As pessoas (uma minoria, e Bolonha não veio ajudar), à custa de mensos sacrifícios, tentam graduar-se, pagando propinas elevadas.
Os investigadores seniores tentam obter algumas bolsas que lhes permitam continuar a trabalhar com os seus colaboradores e alunos. Mas muitos de nós já vamos estando um pouco decepcionados, procurando, numa lógica de rentabilização do tempo, de desilusão e de compreensível afirmação pessoal, saltar do local para o global e apresentar lá fora os nossos resltados a colegas mais receptivos culturalmente, até porque não lhes vamos pedir posto de trabalho nenhum...
Vale a pena publicar trabalhos em português? Só para quem esteja em início de carreira.
As pessoas cultas em Portugal visitam o Côa (quando visitam), uns quantos sítios romanos e medievais, e voltam para as suas cidades a frequentar os centros culturais, os espectáculos, e museus de qualidade e aquilo que vem anunciado nos jornais (quase tudo concentrado em Lisboa - CCB, Gulbenkian, Culturgest, etc, etc.).
As associações lá vão fazendo algma coisa, sobretudo mantendo-se a si próprias, numa espécie de ritos para alguns (sempre os mesmos) iniciados.
Os jovens curtem os festivais e a sua "cultura".
E lá vamos andando, como sempre, como o velho boi da paciência, que já nos fez aturar tantas décadas de ditadura. Como não acredito na psicologia dos povos, ou no inconsciente colectivo, nem sou dado ao fado, ainda não percebi por que é que temos tido tanta paciência.
Como sair deste círculo vicioso?
O voluntarismo individual não chega.
Mas o desencanto instala-se.
E a mediania reproduz-se.
Fizemos grandes congressos em Portugal, como o da UISPP em 2006, graças a um esforço insano do meu colega do IPT (Tomar). Mas, por exemplo: quantos de nós somos chamados a integrar publicações, júris, comissões (como aquelas de esrangeiros que nos vêm avaliar) fora de fronteiras?
Que conhecimento exportamos para outros saberes? Que traduções de livros de arqueólogos portugueses se conseguem implementar noutros países? A nossa rica literatura está em boa parte internacionalizada, mas ainda no outro dia foi como grande novidade que vários colegas meus de outros países ouviram falar de Fernando Pessoa (tendo ido logo comprar as respectivas traduções... como é possível desconhecer um autor desta envergadura universal?...).
Como saímos deste círculo vicioso?
Este blogue, um entre milhões, pode ajudar?... É apenas o meu espaço de intervenção pública (entre milhões), pessoal, modestíssimo por certo.
O património arqueológico não se reproduz. O tempo urge. Os estudantes estão insatisfeitos. Os responsáveis assinam papéis. E no terreno, na realidade de todos os dias, que nos anuncia 2008?... espero que com o novo quadro comunitário de apoio algo possa acontecer.
Vê-se tanta gente a festejar o Natal e o Ano Novo... esperemos que valha a pena, e não seja só uma forma de evasão. Porque estamos cansados. Todos. Há muitas décadas.
2 comentários:
Há muito mais gente interesada em conhcer a nossa arqueologia do que muitas vezes se pensa. Faltam é os mecanismos de mediação que possibilitem a descodificação dum discursos essencialmente académico por um público mais heterogéneo.
Os sítios sózinhos não têm grande atractividade por si só, mas quando existem boas visitas guiadas (bem divulgadas claro) existe quase sempre uma adesão interesante.
Se a arqueologia se quiser apoximar do público terá que criarnecessariamente de criar estesmecanismos de mediação.
Faltam estruturas e pessoal para isso. Era preciso termos museus com boas exposições regularmente, coisa que no Porto ainda não há.
A questão da ausência de políticas para a arqueologia, sub-capítulo dum problema mais vasto que é a ausência duma política de desenvolvimento do país para além do deficitie e do PEC, é essencialmente mais um problema de escolhas e de opções políticas do que propriamente falta de dinheiro.
Outro assunto para reflexão: se o património arqueológico tem um papel importante na criação de circuitos turísticos que contributo estão a dar as regiões e empresas de turismo para financiar a invesntigação, manutenção e musealização dos sítios arqueológicos? Não seria mais importante para a imagem do país investir neste nosso património do que numa campanha publicitária carissima e pindérica que continua a apresentar Portugal pelos estereotipos do Futebol e do Fado?
Como se vê é tudo uma questão de opções políticas?
1 abraço e Bom Natal
Claro que sim. Na maior parte das coisas que escrevo procuro provocar efeitos, reacções, e a não ser eu a dizer tudo...tudo o que quereria dizer e por vezes já estou farto de dizer e publicar. A grande questão é que sabemos não existir "uma causa primeira" de todos os nossos males ou deficiências, mas uma estrutura de causas encadeadas (e de problemas todos igualmente urgentes, não hierarquizáveis em árvore, mas dispostos em rizoma)
que às vezes simplificamos chamando sistema, ou algo assim.O que importa, do meu ponto de vista, é subverter o sossego por pequenos gestos a partir do comportamento de cada um, nunca suscitando situações violentas (a violência é a alienação da razão, da pertinência) que impeçam o diálogo, mas colocando os responsáveis (ou seja, todos nós) perante a sua nudez ao espelho, perante o seu obsceno conformismo, perante a violência da sua elegância de em nada contribuirem, pelo pensamento activo, para corroer o "sistema" asqueroso em que temos de viver. Água mole em pedra dura... O importante é que as pessoas não se sintam ofendidas, excluídas pela razão superior de alguém suposto saber,mas despertas para a acção de de des-alienarem, isto é, de aprenderem por elas a reivindicar. Isso é possível, ou é apenas uma utopia nostálgica de um tipo de quase 60 anos? Não sei.É com base nessa utopia que dou aulas... e preciso do meu salário. Tento cumprir a minha missão, não profética, mas docente, despertando a consciência dos jovens. Só que no poeta e no professor há sempre o lastro do profeta... do tal tipo suposto saber.
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