quinta-feira, 21 de agosto de 2008

incompletar

Diferentemente do que muitos professores e todo o sistema académico em que me integro sempre me recomendaram (que fosse consequente, que acabasse tudo o que inicio), hoje penso que por vezes é preciso perder essa obsessão arquivística da acumulação e da completude: a vida não é assim.
Às vezes é importante não chegar ao fim de um paper, desistir de uma publicação ou de outra tarefa que nos entrou nos hábitos, e aproveitar a experiência entretanto acumulada noutro sentido. O que temos de levar até ao fim é o que envolve outros, compromissos que transcendem um mero percurso individual.
Mas, descartar, deitar carga ao mar, é muitas vezes uma libertação, arranjar espaço, ar fresco por onde entrar o novo, quer dizer, a imponderabilidade e contingência da vida, sempre o nosso maior e mais importante "trabalho" ou "tarefa".
Atenção: não se confunda isto com elogios da preguiça ou de mediocridade: é outra coisa. Saber mudar de estratégia, estar de facto activo a todos os níves, em todos os planos, e não insistir como boi teimoso sempre para o mesmo lado.
É claro que isto é válido sobretudo (para não dizer somente) como uma recomendação de mim para mim: do que eu fantasio como esses meus eus, e seu diálogo.


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