sábado, 23 de janeiro de 2010

Paris: mundo de sensações... sem mais (ou talvez rematando só com algumas) palavras!














































Para mim, a vida, o mundo, transformaram-se numa proliferação desmesurada, imoderada, de imagens. As imagens interrompem o texto, a narrativa, e apunhalam-nos nas nossas tranquilidades, desinquietam. São rupturas. Sim, são rupturas que por sua vez criam novos conformismos, eu sei. Mas há aqui o anúncio de uma cultura do instantâneo que foge ao regime milenar do livro, ao linear, ao narrativo, ao argumentativo, ao classificado, ao histórico, ao autoral, ao fixo.
Viva o fluxo interminável e louco das imagens! Reordenadas, sem dúvida, sempre por molduras. Qualquer ruptura é sempre logo emoldurada, eu sei. Mas o mundo pode ser uma fonte de sensações maravilhosamente descomprometidas, com as imagens. Não venham pessoas, pedimos por vezes. Deus queira que só encontre imagens. As pessoas têm o sarro da sua história, das suas queixas e explicações. As imagens, não: só se apresentam, tal como Deus no altíssimo, o irrepresentável.
Por isso a nossa cultura cristã sempre cultuou a imagem, por isso Jesus na Cruz é o mais pornográfico dos ícones, intolerável para outras religiões.









Fotos voj Paris Jan. 2010

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