A proliferação do livro está dependente do papel.
O papel vem das árvores.
Então, há dias em que se pode ouvir o clamor das florestas em agonia.
E, do outro lado, a revolta dos livros por não lhes serem reconhecidos os saberes que guardam, transportam, disseminam, multiplicam.
As bibliotecas de um lado, as árvores do outro.
As lombadas de um lado, ostentanto a ouro nomes prestigiosos, os troncos do outro, com as suas cicatrizes de corpos velhos, legitimados pela antiguidade.
A natureza e a cultura.
_______
Foto: Ernesto Timor
Fonte:
http://www.ernestotimor.com/pages/_01_unfixed00.html
O papel vem das árvores.
Então, há dias em que se pode ouvir o clamor das florestas em agonia.
E, do outro lado, a revolta dos livros por não lhes serem reconhecidos os saberes que guardam, transportam, disseminam, multiplicam.
As bibliotecas de um lado, as árvores do outro.
As lombadas de um lado, ostentanto a ouro nomes prestigiosos, os troncos do outro, com as suas cicatrizes de corpos velhos, legitimados pela antiguidade.
A natureza e a cultura.
_______
Foto: Ernesto Timor
Fonte:
http://www.ernestotimor.com/pages/_01_unfixed00.html
3 comentários:
Entenda-se, evidentemente, este texto como poético-irónico. A cultura que inventou as árvores como natureza (a nossa) e que as começou a eliminar há milénios para expandir a agricultura e a criação de gado, foi a mesma que inventou a cultura, tal como nós a entendemos, quer dizer, como um artifício sobreposto a outro, este mais antigo (primordial, obra de Deus) a natureza. Tudo projecções especulares "ad infinitum" com que o texto tenta "brincar"... a questão da "harmonização" da "natureza" e da "cultura", que ocupa tantas almas bem intencionadas levava-nos longe, para a velha filosofia dos jardins, por exemplo, como utópica síntese perfeita e até como locais propícios à meditação, hoje tão consumida no Ocidente como contraponto à pressa do mundo. Enfim, temas que puxam outros e que puxam tudo, o fardo de se pensar e de sentir... fardo de lenha que aquecerá a lareira a cuja luz se lerá mais um livro. Havendo sempre a possibilidade de, em caso de muito frio, ou de o livro não corresponder às expectativas, o usar como combustível. Provocando a raiva das árvores que espreitam pelas janelas.
Olá Vitor!
Tenho andado para escrever sobre os livros e o consumo, mas agora que passei por aqui não resisti e para dizer que afinal, nós estamos num tempo que podemos alterar essa tendência consumista e parece que a internet vem de certa forma ajudar a equilibrar a Natureza. Poderemos ler livros sem fabricar livros. A quanta papelada que deixámos de consumir pelo uso do computador.
Enfim daria aqui para enunciar a enormidade de benefícios e dos que virão e que ainda não nos apercebemos.
Um abraço
Alice
Olá!
Mas por enquanto os e-books são raros. Os écrãs custam a ler, fazer doer os olhos... e não se pode sublinhar no écrã... isto é, acabamos (está comrovado) por produzir muito mais papel, porque é sobre ele que escrevemos notas, a partir dele que incorporamos o texto... mas há sem dúvida uma nova cultura da imagem a nascer. Como quando surgiu a escrita: o conhecimento passou de fundamentalmente oral (auditivo) a visual, pelo menos para os letrados... Ler é ver.
Abraço
Enviar um comentário