Na paisagem jamais aparece
aquilo que seria importante:
e por isso ela se alonga
aos olhos eternos da contemplação,
Como a mulher que com desplante
se estende sobre a sua própria feminilidade.
A feminilidade e a paisagem
vão aliás sempre juntas
num estranho conluio
Que não tem outro fim, nem objectivo,
nem sentido, que não seja o furtar-se,
mantendo o jogo, a expectativa.
A premonição do drama
está sempre nos bastidores,
pronta para reiniciar o espectáculo
a que a figura principal
vai infalivelmente faltar,
mas a que todos sempre acorrem
na certeza antecipada
de a irem ver.
A aparição principal
jamais é tirada de cartaz,
porque é a própria base do teatro,
da paisagem. Toda a paisagem
é a sua própria expectativa, e
a expectactiva de algo mais,
o espectáculo. A mulher.
as duas de braço dado.
de rabo voltado para o espectador.
O próprio espectáculo é criado
pelas cortinas; pelo seu abrir e fechar.
pela posição de quem
se obstina em ver, em esperar
pelo verdadeiro momento.
voj 2008
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