sexta-feira, 6 de abril de 2007

Blogs

Segundo Lucie Geffroy ("Blogs d' écrivains, au-delà de l' intime", em "Les collections du Magazine Littéraire", Mars-Avril 2007, hors-série nº 11 - volume dedicado à autobiografia, "Les Écritures du Moi" - , p. 27), o género blog, nascido nos fins dos anos 90, contaria já hoje no mundo com várias dezenas de milhões de blogs diferentes.
Depois diz uma série de coisas interessantes. Que habitualmente o blog é visto como o "locus" de uma experência duplamente vã: no sentido de inútil e de vaidosa, "expressão estéril de um egocentrismo exacerbado", uma ideia que acha errada. E acrescenta (transcrevo em francês, não por preguiça de tradução, mas porque há afirmações que têm mais sabor na língua original):
"Au vu de l' incroyable potentialité du blog, journal ouvert sur le monde, on peut d' ailleurs s' étonner qu'aussi peu d´écrivains français ou francophones s' en soient emparés, alors que chercheurs, musiciens, chanteurs ou dessinateurs l' on largement investi." Cita depois vários escritores - "blogistas" francófonos. Num caso, o de François Bon, o seu último romance, "Tumulte", compõe-se, segundo afirma, de 224 textos redigidos primeiramente no seu blog, entre 1 e 30 de Abril de 2006! (isto é para aqueles, entre os meus amigos, que acham que o meu blog "vai depressa demais..."). Aquele escritor diz mesmo: "Il n' y a pas d' espace traditionnel graphique de la littérature et internet qui en serait une médiation, un complément ou un appui. Naît sur internet une forme d' expression particulière relevant du geste littéraire parce qu'elle intervient sur les moeurs, les représentations, en appelle à une poétique. Elle relève de la littérature parce que se déployant par la langue."
E acrescenta L. G., a concluir, que todos os blogs de escritores são interessantes, porque questionam a escrita, e abrem-se a campos novos."
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Em boa justiça e verdade, houve um arqueólogo português que já publicou (partes d)o seu blog em livro, António Carlos Valera, "Holocénico [o Blog]", Ed. Colibri/Era Arqueologia, Lisboa, Dezembro de 2005.

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