quinta-feira, 19 de abril de 2007

o medo

o medo paralisa, bloqueia o futuro.
e o futuro é o fremir da vida.

a emoção vive sempre no terraço cheio de sol
que se volta às paisagens da infinita liberdade.

uma pessoa com medo, qualquer forma de medo, persistente,
apenas sobrevive, em sofrimento.

3 comentários:

Anónimo disse...

"O Medo revela o domínio que os outros têm sobre nós. Deixamos de avaliar por nós para avaliar perante a perspectiva dos outros. Temos de perceber uma coisa simples: existe sempre um outro que terá uma opinião. Mas não existe apenas um outro, existem os outros, logo teremos sempre um sem número de opiniões diferentes.


O capitalismo de hoje joga duplamente com o medo. Por um lado pede às pessoas criatividade, por outro inventa-lhes novas ameaças( ébola, a gripe das aves, a possibilidade de um asteróide colidir com a terra...). É que a criatividade absolutamente à solta é um problema.

Assim, as ameaças passam para o dia-á-dia de todos, de modo a que se tornem na sua preocupação, ocultando ou não outras ameaças (o despedimento, a invasão da vida privada, o cruzamento de dados, a vigilância omnipresente...). Existem perigos dos quais nós nem sequer estamos cientes.


Perante o medo o que podemos fazer? Aqui sigo profundamente Heidegger: resolutamente atirar-mo-nos para a frente. Nós efectivamente vamos morrer um dia, o que fazemos até lá depende de nós.
A outra alternativa não nos serve. Ela é o ceder ao medo (ao medo da opinião dos outros, ao medo de falharmos, ao medo de...), mas essa cedência resulta na imobilidade, tal como o individuo que não sai de casa com medo de...

Ter medo é fechar-se em si próprio. Arriscar resolutamente é avançar no nosso propósito. Correu mal? Aprendemos! A existência baseia-se em aprender! É por isso que é preciso arriscar se não nunca aprendemos. Afinal não é isso que queremos?

Experimentar é correr o risco, mas só assim aprendemos.
Não se trata de arriscar a provocar a própria morte. É o arriscar as nossas ideias (o que em certas situações nos pode efectivamente conduzir à morte, mas a morte não é um despedimento, ou uma reprovação, é a morte mesmo, é o deixar literalmente de existir).
O correr mal não advém da opinião dos outros. Corre mal porque não cumpriu os nossos propósitos, ou por circunstâncias, ou porque erramos (somos humanos).

Por isso é que acho engraçado a questão do "cair em desgraça". Quem age pelo medo tem sempre este receio, mesmo que esteja na posição mais confortável. Experimentar não se coaduna com o medo. Nós não caímos em desgraça, nós caímos para a opinião dos outros! Mas isso vale o que vale.


Só quando cumprirmos com uma cultura do risco é que podemos aprender pela experiência. É o vivermos num mundo feito de várias caminhos que se arriscam para a frente. É isso que faz com que haja variedade nas ideias (porque é que será que noutros países se aprovam teses que aqui não seriam nunca aprovadas? Aqui somos todos os dias convidados a sair para podermos desenvolver efectivamente as nossas ideias dado a cultura imposta do medo"

Vitor Oliveira Jorge disse...

Este é o melhor comentário até hoje enviado para este blog, na minha modesta (como costuma dizer-se) opinião.
Obrigado.
Assim, blogo!

Anónimo disse...

É pena é ser anónimo...