Depois do 25 de Abril, apareceu em Portugal um jornal, que sempre foi o "meu" jornal preferido. Chamava-se "O Jornal" e foi fundado por, salvo erro, uma cooperativa de jornalistas. E tinha uma deontologia que era expressa no jornal e que rezava mais ou menos assim: "de um lado a notícia; de outro lado, as opiniões sobre essa notícia." Apesar desse princípio poder passar por "positivista", acreditando que de um lado há factos objectivos, neutros e imparciais (a notícia) e de outro, por assim dizer num segundo momento, as perspectivas sobre eles (as opiniões), parece-me que esse esforço de"objectividade" e de seriedade é básico em jornalismo. E não só. Outro ponto básico parece ser: o jornalista, como qualquer cidadão, tem direito a expressar a sua opinião; mas, no momento em que exerce o dever de informar, o jornalista deve apagar-se para dar lugar à maior "objectividade" possível do que relata ou da situação que reporta. Novamente este aspecto pode ser considerado como redutor, ou ultrapassado, porque no limite é impossível distinguir os dois. Mas, como PRINCÍPIO, como NORMA NORTEADORA, mais uma vez parece-me indispensável da prática jornalística. Ora, com o desenvolvimento do chamado "quarto poder", ligado ao alto valor comercial que tem a notícia, que se tem verificado? Que, invocando o direito de informar, há instâncias que violam constantemente os princípios do Estado de Direito, que consistem na presunção de inocência, na independência da Justiça, etc. Vemos agora, todos os dias e a toda a hora, na concorrência das televisões e dos jornais, a mistura da notícia com a opinião, a con-fusão do jornalista que dá a notícia com a perspectiva do cidadão que enquina a "realidade" pela maneira como a vê, e o vedetismo crescente dos jornalistas que, de maneira mais ou menos hábil, influem imensamente na opinião pública através do próprio ênfase subliminar como transmitem as notícias. Sabemos como as redacções dos jornais e televisões funcionam como autênticas "polícias" paralelas, e como fazem a gestão de informação por forma a desencadearem movimentos de opinião em determinados momentos. Sabemos perfeitamente como se fazem, em determinados momentos, processos que visam certos fins, sejam eles quais forem, e como a opinião pública, pouco preparada para uma distanciação crítica, "acredita" piamente no que os órgãos de comunicação lhe dizem. Seja qual for a pessoa visada, ou a entidade, só as instituições encarregadas de investigar e combater o crime têm o direito e o dever, em nome do interesse colectivo, de lidar com casos que implicam a honra e a dignidade dos outros, individuais e colectivos. Por isso é preocupante que haja, não só no nosso país, mas também cá, jornalistas que se aproveitam de o serem, órgãos de comunicação social que se aproveitam de o serem para desrespeitar certas normas deontológicas básicas e promoverem a acusação pública, e condenação antecipada, seja de quem for. Quando isso acontece, já não estamos em democracia, estamos de facto numa despudorada guerra aberta de interesses, que sempre existiram, sempre se mexeram na sombra, e sempre tentaram controlar os meios de manipular a opinião pública, mesmo em Estados ditos democráticos. Ninguém é inocente a esse respeito. Mas o terem-se perdido de vista as normas, e ver-se na comunicação social a utilização, pelos jornalistas, da permanente mistura da notícia com a opinião, nomeadamente quando são eles que estão em causa, ou são parte interveniente/interessada no debate público e em processos de averiguação pelos órgãos competentes, isso é INSUPORTÁVEL. O despudor atinge limites que parecem pontos de não retorno.
1 comentário:
...hilos
hilan
golondrinas
sin mas
simas
que
van
ven
noches
de
retina
alejandrinas
que
dejan
alejan
una
queja
sortija
del
nido
ido
para
no
volver
chispas
tomando
champan
al
verlas
en su
cielo
de
hielo
audaces
revolver...
desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ
TE SIGO TU BLOG
CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...
AFECTUOSAMENTE:
TRANS-FERIR
ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE CABALLO, LA CONQUISTA DE AMERICA CRISOL Y EL DE CREPUSCULO.
José
ramón...
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