sei e no entanto
não deixo de me interrogar
bato cada vez com mais força
nas tábuas da realidade
o tempo voa em estilhaços
entre as frinchas
vejo com as órbitas vazadas
e no entanto
não deixo de olhar
voas cada vez com mais força
em torno do teu rosto
ausente
e eu atiro-me contra
o presente
na esperança de pressentir
sem mãos vou com os braços
desemparados
cingir a cintura
e tu emerges
ao meio da sala, como um móvel
alado
terei de acompanhar
a sombra, de levar a parede
na mala
de bater com as fotografias
na mesa em frente
a ver se a realidade
finalmente me envia um fio de sangue
uma gota de leite
uma boca, uns lábios
ávidos
uma imagem de levitação.
uns fios a que pendurar
esta persistência
em que instalar
esta interrogação.
as tuas saias sabem.
essa técnica de descer
pelo branco
como a trapezista quando
volta à pista pela corda
para parar de morrer
alguém tem se saber.
são terríveis estes batimentos
das tablas, o meu coração
não aguenta.
Foto: voj Siena Fev. 2008 Exposição de Arte Contemporânea da Áfrca do Sul. Palazzo delle Papesse
texto: voj Maio 2008
texto: voj Maio 2008
1 comentário:
sei. Prof. que a sua escrita é um chão aberto.
belo. belíssimo.
abraço.
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