terça-feira, 13 de maio de 2008

Siena: Museu das Obras do Duomo

Pela calada da noite, visita as estátuas que flutuam na atmosfera rarefeita do tempo. Elas estão a falar entre si. Escuta-as. É um murmúrio como o do mar, mas o mar mais longínquo, o mar que começa onde acaba este nosso conhecido. observa a nobreza do seu gesto, que é afinal o teu. assenhora-te do seu sorriso indefinido, apaixona-te por esta penumbra. Aqui suam terrivelmente os gestos na vontade de se libertarem do gesso, do mármore, da pedra. Aqui os instrumentos tocam todos para o poente do outro lado do mundo, para o poente voltado para lá da cegueira. Onde começam as paisagens do absoluto e inaudito. onde a face de deus se encostou a uma parede. Ouve este ritmo da mais lenta ascensão, este diabólico som de floresta, este crescer de lianas entre os pés das estátuas. Abandona-te ao tempo, à tua morte, à extrema beleza do pensamento. Flutua. Sem contemplação.






































Fotos voj Fev. 2008 texto voj Maio 2008

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