sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Balanço de uma "missão" em Itália...extremamente produtiva...

... de VOJ e SOJ (siglas pelas quais somos conhecidos, eu e a minha mulher).

1 Fevereiro - Porto- Pisa (ah, rica Ryanair) e Pisa-Florença em autocarro (os bilhetes podem comprar-se no próprio avião). Esta viagem (avião e autocarro), ida e volta, fica talvez mais barata do que ir a Lisboa... estou a converter-me às "low cost", até porque "a vida" em Itália é cara, incluindo as entradas em museus, pelo menos para os que não são estudantes nem têm ainda 65 anos...

2 Fevereiro - Visita da Galleria degli Uffizi e do Baptistério do Duomo.



3 Fevereiro (domingo de carnaval) - Visita do Museu di Storia Naturale e de uma interessantíssima exposição temporária do mesmo, em edifício próximo, sobre "Ursos e xamãs" ("Orsi e Sciamani"), com valioso catálogo (Tim Ingold teria adorado...). O Museu é de etnografia (curioso o título que tem...) e é riquíssimo, parecendo parado no tempo, como um museu clássico de povos "exóticos" de todo o mundo, nomeadamente com materiais provenientes de expedições italianas. A merecer modernização... mas a autorizar algum silêncio que nos museus pejados de turistas já não há...






Entrada para o museu de etnografia...




Única exposição/museu gratuita(o) em toda a viagem...

Visita à Accademia delle Arte... só esta e a dos Uffizi para serem bem vistas necessitariam de todo o tempo... parecem antologias da arte da Idade Média e sobretudo do Renascimento... uma autêntica orgia de beleza.Entrada para a Accademia.

Lá passou o cortejo de carnaval na Praça do Duomo... e deu para passar umas horas em enorme livraria, a Edison, na Praça da República, destas que só fecham tarde, como eu gosto...

4 de Fevereiro - subida (só para pessoas com coração forte... não aconselho a cardíacos ou pessoas com claustrofobia... 463 apertados degraus em caracol) à cúpula do Duomo, não só para ver as maravilhosas pinturas a fresco de Vasari que a cobrem (esta cúpula é obra arquitectónica audaciosa de Brunelleschi e foi construída sem andaimes, sendo a maior do seu tempo - só de pensar nisso é de ter tonturas! aliás, estão expostas várias "máquinas" que serviram à construção), como também para obter vistas gerais da cidade, rodea
da de montanhas e sob um frio algo glacial...
Em seguida, e na companhia do Dr. Jaime Gouveia, investigador preparando o seu doutoramento, cuja amabilidade agradecemos, detalhada visita ao Instituto Universitário Europeu, nos arredores da cidade (San Domenico di Fiesole), incluindo preciosa biblioteca.

Jaime Gouveia e VOJ.

5 Fevereiro (terça-feira de carnaval) - visita à igreja e claustro de Santa Maria Novella, dominicana, um dos conjuntos mais belos de Florença (sécs. XIII e XIV, gótico). O "Claustro Verde" é tendente a colocar uma pessoa fora deste mundo, nomeadamente a sua sala anexa (Capela Espanhola) recamada de frescos sobre o tema da "salvação das almas". É magnífica, uma obra-prima da humanidade!
À tarde, participação, no Instituto Universitário Europeu, no seminário do Prof. Diogo Ramada Curto, que naquele dia versava sobre o início do antiquarismo na Europa. Contacto com várias pessoas de muito interesse.

6 de Fevereiro - visita a Siena. Que dizer d
a concretização de um sonho de décadas?... numa tarde, fomos da arte etrusca à arte contemporânea, numa girândola de sensações magníficas. Piazza del Campo, com o seu Palazzo Pubblico, gótico do séc. XIV; Duomo; Cripta e Baptistério; Museo dell'Opera... um conjunto incrível de obras de arte e de arqueologia. Mas também Santa Maria Della Scala, antigo hospital, museu riquíssimo... e o Palazzo delle Papesse, museu de arte contemporânea com interessante livraria e exposição de arte contemporânea sul-africana. Nesse dia não almocei, com o entusiasmo esqueci-me de comer! Pois ainda não contente com tal, ainda viemos para Florença explorar a livraria Feltrinelli e outras da mesma área.

7 de Fevereiro - Visita à Piazza Santa Croce e sua maravilhosa igreja, agradável almoço em casa de Diogo Ramada Curto, visita ao incomensurável Museu Arqueológico de Florença, e assistência, nesse museu, a uma conferência da Prof.a Raffaella Pierobon Benoit (Universidade "Federico II" de Nápoles) sobre as suas escavações no Tell Barry, na Síria. Mas a Livraria Edison não deixou de ser ainda revisitada...

8 de Fevereiro - Visita detalhada a todo o complexo do Palazzo Pitti e seus jardins, sem dúvida um dos mais importantes conjuntos arquitectónicos da Europa, ou não tivesse sido residência dos Medici, no séc. XVI. É indescritível. Quer os aposentos reais, quer os museus, quer os jardins, quer uma exposição temporária de Francesco Furini, sensual pintor barroco (a compensar um pouco a constante nudez masculina de muitas estátuas)... tudo tenden
te "a encher-nos as medidas", tanto mais que veio o sol e o Arno, ao fim da tarde, estava belíssimo, visto da Ponte Vecchio... e ainda fomos novamente para as livrarias...




9 de Fevereiro - Visita do Museu de História da Cidade de Florença, ao Museu de Pré-história (Museo Fiorentino di Preistoria), e à Biblioteca Municipal, todos fazendo parte de um mesmo complexo arquitectónico, com claustros, no centro da cidade e a alguns minutos do nosso hotel.
Aquisição de Cd's e de livros... uma espécie de despedida desta cidade cheia de imensas outras coisas que ficaram por ver...

10 de Fevereiro - Florença-Pisa, em autocarro, num dia de sol e de calor (finalmente). Reencontro com o Arno em Pisa. Em San Sisto, na igreja, Cristo crucificado do ano 1000, coroado como um rei, levitando... Visita ao centro histórico, de uma beleza sufocante, nomeadamente o Campo dei Miracoli. Apreciei sobretudo a torre, claro, que foi consolidada, mas cuja subida provoca alguma tontura, por estar inclinada; o Duomo, de interior riquíssimo; o Baptistério; o Museu (Museo dell'Opera del Duomo); o Campo Santo, de extrema sobriedade; e a vista do alto da torre sobre toda a paisagem em redor...
Passagem pela feira de rua e tripas à Florentina ao jantar... uma delícia! Até porque a noite estava fria... pena termos tido de acordar muito cedo, pois o hotel era n um edifício dos anos 20, muito bonito, e Pisa é uma cidade onde se sente a alegria de viver que, em Florença, já estará um pouco toldada pelo movimento excessivo. As ruas em Florença à noite estavam quase desertas, enquanto que em Pisa, até pelo clima ser mais benigno, pareceu-nos haver maior disponibilidade das pessoas para o convívio ao ar livre, um pouco ao modo de Espanha. Muitos espanhóis, efusivos, portugueses, e "exércitos" de japoneses(as)... com o seu modo característico de se comportarem em grupo... (mas muitas japonesas muito giras...) enfim, impressões superficiais de turista.

11 de Fevereiro - magnífico voo Pisa-Porto, em avião pilotado por mulheres (ainda é raro), vendo-se os Alpes, os Pirenéus (coberttos de neve), o centro da Espanha, o vale do Douro... com uma nitidez impressionante. O avião parecia deslizar como um pássaro seguro de si, eficaz e calmo.


1 comentário:

Gonçalo Leite Velho disse...

Com que então a RyanAir... :)
Isto é um excelente roteiro. O Vitor dava um excelente programador de viagens.Dá mesmo vontade de seguir este programa.
A última vez que estive em Florença foi aquando do CAA de 2004. Tivemos direito a um jantar magnífico numa Villa dos Medici, oferecido pela organização do congresso.