segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

metrónomo


Volto à casa dos azulejos

E tateio de novo parede a parede

À procura do toque suave, do brilho

De uma luz hábil que tombe

Sobre uma sala, sobre um soalho.


Recordo

O som dos sapatos altos

Com que aqui caminhavas

Incessantemente despida


Como o de um metrónomo

Marcando o silêncio que depois

Se instalou

Entre os azulejos, e desceu do tecto

Como a luz que iluminava o teu corpo.


E então refaço inteiramente o sentido

Do que (não) se passou aqui.

Percebo quanto já aqui (não) estavas

Quando espelhavas os azulejos

Quando marcavas com os teus sapatos altos

O metrónomo dos meus dias nus.




voj porto janeiro 2011

foto a partir de instalação de ana rito lisboa dezembro 2010

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