terça-feira, 16 de outubro de 2012

MÃOS

MÃOS

Às vezes, quando leio e sublinho
Vejo-me a mim mesmo já morto
E as mãos das pessoas em volta dos meus cadernos
E livros, e apontamentos, a preparam-se
Para deitar tudo fora, pois claro.

Ou então no passado em casa
Da minha primeira namorada, quando até

Era impossível fazer uma festa na mão
Não viesse logo a repressão maternal implacável
- E a pensar nos livros que havia de escrever


Para poder um dia dispor das minhas mãos
E dizer sobre uma mesa: alto, aqui é passado,
Presente e futuro confundidos.

E sobre eles vou pôr esta jarra de flores
Imperecíveis, que ficarão a lembrar
Estas mãos que essas sim hão-de morrer.




voj out 2012

Sem comentários: