Só vale a pena respirar
Para fazer saltar os signos
Elevar-se acima das cómodas
Traçar a tarde de alto a baixo
Passar electricidade
Entre as pontas dos pés
E as pontas das mãos
Pôr o corpo imaginado
Em erecção total
Contra o repouso
Contra os slogans que saem
Como peúgas das gavetas
Contra o bem-estar
Que se senta nos sofás
Vazios cheios de gente vazia
Erguer e misturar os signos
Como borboletas loucas
Azular o ar oxigenar os vasos
Dilatar o sangue
na vertical
Contra as forças do conforto
Contra as histórias
Que brotam dos livros maravilhosos
Contra a união das narrativas
Contra as gramáticas e ainda com elas
Erguer as pedras
Endoidecer ainda mais as senhoras
Temperar os scones com sémen
Dizer o des-agradável
Fazer saltar
Fazer explodir
Os signos com uma face para cada lado
Da surpresa.
Arre,
Basta tanta inacção.
Antes repetição, sim,
Batimentos fundos,
Cama elástica onde os corpos
Se desfazem
Na pureza poluída do ar
voj 2008
Foto: Matt Haber
Fonte: http://www.matthaber.com/
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