terça-feira, 13 de novembro de 2012

matinal






Uma mulher quer-se nua,
Já se sabe,
Mas mais nua
Ou menos nua
Do que nua mesmo:
Sempre antes e depois de o estar,
De o ser
Completamente,
Para que a sua nudez
Esse jogo de saias e sombras
Em movimento,
Se abra totalmente ao eixo
Que antecipa,
Louco,
O seu desvendamento.

Uma mulher, de certo modo,
Está sempre nua
No seu apelo desvairado
À fixação do eixo.

Uma mulher,
No seu próprio movimento
É como o animal
Já trespassado,
No exacto momento
Em que arregala o olhar
Para a intersecção mortal.

As cortinas esvoaçam, sucedem-se,
E assim o desejo percorre
O espaço, o desejo animal
Que vive inseguro e descalço,
Sempre apelando, incansável,
E sempre já trespassado.



voj loures novembro 2012

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