O desejo é o que nos conduz, claro, mas o problema está sempre em aberto: qual a economia libidinal que cada um escolhe para si? Que ideal do eu persegue? Por que é que tantas pessoas estão no desemprego, já sabemos - a exploração desenfreada própria do capitalismo. Mas por que é que tantas pessoas, podendo reformar-se, continuam a trabalhar como loucas, por vezes num trabalho alienante (por muito que o representem como tão indispensável como o tabaco, a bola, a sua própria respiração e felicidade, etc) ? Evidentemente, o trabalho é o que as ancora à realidade, ou se se quiser, o que lhes permite a ilusão de que são indispensáveis, de que colmatam a sua Falta. As pessoas têm horror ao Vazio. Por isso estamos aqui, nas redes sociais. Por isso as pessoas têm tanta dificuldade em gerir os seus tempos de lazer (as férias tornam-se um frete por vezes tramado, sendo que é uma obrigação gozá-las bem). Os reformados ficam confrontados com o sem-sentido último da vida. Há quem se agarre às religiões. Diz-me a que tábua se salvação te atiras, dir-te-ei o tipo de náufrago/a que és... é aos filhos? é à família? é aos/às amantes? é aos milhares de nichos de entretenimento? É à paciente construção de uma Obra? É para vencer concursos ou ganhar prémios? É para ser lido/a daqui a 500 anos? Qual a economia libidinal de cada um? É disso, dessa construção fantasmática de cada um, de que trata (salvo erro) a psicanálise. Como cada um gere o (seu particular) Grande Vazio.
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