Título: Arqueologia e Sociedade: tentativa de formulação de uma perspectiva crítica inspirada no pensamento de Slavoj Žižek
Resumo: A nossa época obriga-nos, diz-nos Zizek, talvez mais do que qualquer outra, a confrontar-nos todos os dias com problemas que são, em última análise, de natureza filosófica.
Trata-de de construir uma visão materialista radical da nossa praxis, e, no caso vertente, de inserir nela a arqueologia, quer como “campo discursivo”, como ciência, como conhecimento objectivante, quer como prática de intervenção no território e na textura do social em que nos inserimos. De onde vêm – ou deveriam vir – os “estímulos” de todo o tipo para a arqueologia, e que destino lhes podemos/devemos/ estamos a dar?
Em suma, qual o lugar/quais os lugares de onde a arqueologia pode reinvindicar um estatuto social na sociedade neoliberal contemporânea e na comunidade por-vir, ou seja, no futuro?
A reflexão do filósofo esloveno é extremamente enriquecedora neste tempo “apocalíptico” que nos foi dado viver. Conjugando uma leitura nova de Hegel (e mostrando como o idealismo alemão não está esgotado, mas, antes, se pode dele fazer uma leitura radicalmente anti-pós-hegeliana) com a psicanálise lacaniana (a visão que trouxe Freud definitivamente para a filosofia, tornando extremamente pertinente uma visão por muitos considerada ultrapassada), e articulando permanentemente um saber contra-intuitivo e difícil com “histórias” da vida corrente que, de repente, aparecem a uma nova luz, creio que o pensamento de Zizek é crucial também para se ser arqueólogo de uma forma mais interessante, mesmo (e talvez sobretudo) nestes tempos em que a arqueologia (pelo menos como eu a entendo) quase se encontra desmunida de meios de se produzir efectivamente.
A intervenção não procura aprovação nem consenso; não visa aplauso nem quer suscitar polémica fácil. Não resulta de uma opção recente, de carácter opinativo, tão em voga, mas também não é ainda produto de trabalho amadurecido, campo em que me falta fazer ainda muito caminho. Portanto, será imodesta nos seus propósitos e decerto modestíssima na sua efectivação. Valerá mais como um estímulo a pensar, talvez, de forma diferente da mais comum.
Ou seja, visa apenas dar conta da – partilhar a - minha particular maneira de reflectir, agora.
voj
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