quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Dicionário de Arqueologia Portuguesa, 2012


Dei hoje uma primeira vista de olhos ao "Dicionário de Arqueologia Portuguesa" recentemente editado, e dirigido por dois ilustres colegas: Profs. Jorge de Alarcão (Coimbra) e Mário Barroca (Porto). A edição é da Livraria Figueirinhas, Porto. Este exemplar foi-me oferecido pelo Mário Barroca no dia 30 de Novembro, com uma dedicatória muito gentil e amiga, que muito agradeço. Claro que com tais coordenadores tinha de sair obra de qualidade, e útil. E é-o sobretudo para a época romana e medieval.
É sempre fácil apontar defeitos ou fazer elogios ocos ao que os outros fazem, e eu (que estive empenhado numa obra desta natureza durante mais de um ano, a qual, como os coordenadores deste livro sabem - porque nela colaboravam e me deram todo o apoio - só não foi para a frente porque muitos dos nossos outros colaboradores nunca enviaram as suas "entradas" ou "verbetes") estou bem consciente disso. Não quero pois apontar defeitos, ou fazer elogios sobre temas específicos, reservando para mais tarde uma reflexão mais detalhada. Neste tipo de obras cada um tende a ser muito subjectivo e parcial na sua apreciação. O que é importante notar é, para mim, desde já: pena que não haja um único arqueólogo da Universidade do Porto (para além de MB, obviamente) que contribua para o Dicionário. Pode apagar-se assim de certo modo parte importante do contributo de uma universidade como a nossa?...Na área da Pré-história, predomina uma visão que tem todo o direito a existir, obviamente, mas já não é a mais profícua, a meu ver. Há um claro défice no que toca a problemáticas teóricas, que tão centrais são, desde há décadas, em arqueologia (veja-se a importância do resultado dos TAGs britânicos, que em boa hora foram iniciados há décadas pelo Prof. Colin Renfrew, e outros, e mudaram a face das problemáticas arqueológicas). Ainda se discutem problemáticas que parecem pertencer à história da arqueologia, como a da Revolução dos Produtos Secundários, uma invenção do childeano A. Sherratt, que tão bem conheci.
Para só me referir a um dos sítios em que a equipa a que pertenço mais se tem empenhado, o Castanheiro do Vento, aquilo que escreve o meu colega João Luís Cardoso (Lisboa) não espelha minimamente o conhecimento da problemática do sítio e da sua complexidade, exposta em dezenas de trabalhos colectivos, publicados em todos os tipos de suportes, desde a revista local de Foz Côa (Côavisão) até publicações nacionais e internacionais. Desconhecer isso, ou evitar discutir isso, mesmo nas entradas de um dicionário que têm de ser sucintas, é pena.
Dito isto, saúdo os coordenadores, pois sei bem o trabalho que dá fazer uma obra destas. Até uma próxima intervenção minha mais detalhada. Bem hajam pelo esforço. Parabéns!:)

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