domingo, 20 de maio de 2007

Proliferação


Hoje estamos rodeados de coisas bonitas, interessantes, inteligentes, fascinantes mesmo. Evidentemente que uma grande maioria da população não dispõe do capital mínimo para aceder. Mas os que podem aceder, têm um dilema: que escolher? Há os que escolhem...enfim... o que está mais à mão. Há os que nem percebem que alguém escolheu por eles. Há os que escolheram e estão contentes com o que escolheram. E há os que escolheram e... de vez em quando lêem um livro ou um artigo (como por exemplo os de Bruno Latour) e dizem assim: bolas, afinal sou capaz de ter escolhido mal. Tudo o que me fascinava repousa talvez num pressuposto errado, e que no entanto me parecia evidente! E recomeçam a busca - claro que nunca do ponto de partida inicial, aqui não há início nem fim, nem ponto de vista que abarque os outros todos, como o dos ditadores. Nestes termos, vale a pena procurar? Questão de desejo, questão de vontade. Vontade de opinar temos todos: depende do grau de sofisticação que queremos dar à nossa opinião, quais são as nossas fontes para opinar, qual o esforço de raciocínio que está por detrás das nossas mais espontâneas evidências. Estamos rodeados de sereias... e se não temos cuidado, parecemos uns Ulisses à deriva.

Fonte da foto de Pascal Renoux: http://www.pascalrenoux.com
(reprodução autorizada)

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