domingo, 20 de maio de 2007

De uma amiga minha... em mail... recebi este comentário...

"Eu só não comento mais em blogues...e sobretudo no teu...porque não domino as regras da encenação bloguista. Como a maioria não domina. De que resulta que os comentários são banais em todos os sentidos: ignorantes, agressivos, lamechas, raramente apelativos. E o teu blogue...que tem informação interessante e útil, e que até posta videos de qualidade....é uma bomba atómica de ti próprio, na primeira pessoa.
Está cheio de TI...numa exposição em martírio. É como ir na rua e ouvir uma pessoa a cantar ópera a plenos pulmões. Tu próprio te arrepias! É um excesso. Pressinto que não encenas isso. Sai-te assim."


Comentário meu: não sei bem o que é uma bomba atómica de mim próprio... nem quem sou eu próprio... nem sei bem o que é a primeira pessoa... nem sei como podia fazer um blog em nome de um outrem (não tenho o talento do Fernando Pessoa...)... nem sei se me arrepio, mas gosto imenso de me arrepiar... e sempre fui um excessivo, isso sim! Quanto a encenar... o caso já é mais complexo, que envolve muita teoria... e quanto à expressão "sair assim" poderia parecer uma metáfora quase fisiológica e portanto uma alusão pejorativa...
Qualquer coisa que se publique, e onde uma "pessoa" (que como sabemos é sempre uma ficção) se apresenta, se "expõe", suscita sempre reacções.
O facto de permitirmos comentários anónimos é uma forma saudável de crença nos outros, nos leitores, e de crença em mim próprio até. Ou seja: o que se procura fazer é um bloco-notas de ideias a desenvolver com mais amplitude e preparação noutros âmbitos. O tempo que um blog "tira", é bem aproveitado: porque ele é o ensaio para uma forma de comunicação nova, que não passa pelo livro tradicional, mas pela página web. Gostaria de saber fazê-la, pois as duas que se começaram (architectures e configurações) tiveram a ajuda de um amigo, o Gonçalo, que neste momento está demasiado ocupado... mas vou aprender mal possa e prometo que dentro de algum tempo os meus artigos e livros passarão a sair em suporte electrónico, pois estou cansado de andar atrás de editores e a esperar por publicações durante meses ou anos... os meus editores que me desculpem! ...
E por agora é tudo!

2 comentários:

José Manuel disse...

Com algum (bastante) tempo e paciência um livro electrónico pode ter um grafismo tão atraente como um livro tradicional. Grava-se num ficheiro PDF e é só descarregar e (quem quiser) imprimir. Hoje os programas informáticos já permitem ao autor ser o seu próprio editor. Também há inconvenientes: exige muito tempo e, no caso de livros mais extensos e com introdução de cores é mais caro imprimir em casa do que comprar um livro numa livraria.

Vitor Oliveira Jorge disse...

Quanto a mim o melhor é mesmo uma página web que aguente em termos de capacidade com muitos textos e imagens.
Eu, quando escrevi os meus primeiros trabalhos, nos anos 60, fazia cópias erm setêncil (a fotocópia era carissima) e ia depois pôr no correio. Foi assim que consegui ser assistente e depois professor, em vez de morrer nos matos da guerra colonial. Outros tempos, olutras dificuldades...
A comunicação do que ia fazendo, para poder ser corrigido e para aprender com os outros, foi sempre a minha obsessão fundamental. A minha grande universidade foram as esplanadas de Lisboa e o que aprendi com uma série de pessoas que ainda hoje ecoam (embora não o saibam) em todos os meus dias. São presenças, que é uma coisa que a gente aprende com a idade: a dissolução da presença e da ausência num vaso único. Muitas das pessoas mais vivas que conheço e com quem me dou todos os dias estão mortas, desaparecidas, ou mudas. Mas falam através da minha memória, e também através dos livros (em caso de serem autores) que deixaram. E às vezes um autor de há 500 anos é mais fascinante do que uma pessoa de há cinco minutos.Estamos muito colados à realidade empírica, comezinha e chã. Às sensações caricatas, aos frenesins.
Abraço!
Obrigado pelos seus comentários, sempre pertinentes e construtivos! Você percebeu onde eu (como projecto) quero chegar... e não é sozinho, nunca foi. Paixão da comunicação! Projecto de mais de 40 anos. Até ver.