sexta-feira, 16 de março de 2007

sub-jacente


estendes-te na praia,
em todos os sentidos;

e a tua presença ocupa por completo
o plano
da imagem.

assim,
quando o mar chega

à horizontalidade
que criaste,


apenas só um indício
de ondulações,

uma vibração imperceptível
de finíssimas películas,

pode caminhar já,
lenta,
até à retina.


quanto aos longínquos passeantes
que a distracção
traz diariamente
aos litorais,

nenhum testemunho,
por mínimo que seja,
se lhes pode pedir.

são destroços
diluídos na distância e na areia
de antigos naufrágios,

sem capacidade para ferir
os passos do texto,

onde por baixo, na verdade,
tudo quanto havia de importante

entretanto já se consumou.

voj 2007

Foto: Ilze Atkacuna

2 comentários:

Gonçalo Leite Velho disse...

O Baltico e Jurmala, com os seus visitantes passageiros.
Para quem conhece é muito engraçado a relação com o poema :)

Vitor Oliveira Jorge disse...

Gracias!