sábado, 12 de dezembro de 2009

Palavra de ordem da modernidade:


Foto ( de Lady Gaga?) publicada na revista PARQ, p. 51
Lisboa, nº 16, NOV/DEZ. 2009
a ilustrar o artigo de Davide Pinheiro "Mulheres na Pop"

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: GLAMOUR


É esse qualquer coisa que nos atrai como um íman irressistível. É uma aparição. É uma imagem. Mas não é um simulacro, não é uma mimesis: a imagem é TUDO O QUE HÁ.
Pensar bem é pensar imagens.
Mas para se chegar lá é preciso qualquer coisa que a maior parte, por mais que se esforce, não traz para a frente, atrofia, já não tem, se é que alguma vez teve.
Não estamos na época do humanismo.
Não estamos na época dos sentimentos.
Não estamos na época nostálgica das distâncias.


Estamos na época da sedução que nos bate com toda a força, e que é algo que vem de "dentro", não de dentro da pessoa (não há nenhum dentro nem nenhum fora). Algo que vem de um algures indefinível, de um núcleo da pessoa, algo que não tem a ver nem com amizade, nem com paixão, nem com desejo (sexual ou outro).
Algo que tem a ver com a aparição em estado puro, totalmente laicizada.

É o glamour. Esta seta atirada ao meio dos olhos da observação, e que vamos arrancar a meio das costas. Estendeu-se a todos os campos da vida, mas só muito poucos a têm ou sustentam. Não é fashion, não é passarelle, não é roupa, não é estilo, não é design.


É qualquer coisa de outra ordem.
É deus circulando pelas ruas.
É a aparição messiânica que se infiltra subitamente na nossa intimidade, e nos beija os lábios de um modo totalmente inesperado e inaudito, nunca sentido.
Por uma pequena fresta, por segundos, nos acerta.




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