terça-feira, 9 de junho de 2009

A ruína de uma civilização




As noivas postam-se à porta de casa
À espera do carteiro.
Cheias de plumas.

As noivas encontram-se è entrada
Das famílias. 
À espera do Grande Fecundador.

Toda a noiva espera. Uma carta.
Um anúncio urgente. Um automóvel.
Um telemóvel cheio de plumas.

Um par de sapatos altos,
Os bicos acerados do acontecimento.
O evento da sua permanente desvirginação.

A noiva engalana-se em sentido
E as tropas passam na rua, e cacarejam
Para escolher o seu par, a sua casa, o seu relvado.

As noivas cortaram a relva do corpo,
Estão prontas. Estão preparadas.
Com os objectos todos em volta, à espera.

E nunca mais chega. 
Passam os gaiteiros. E cada um toca a música 
Do seu país natal, mas não repara

Neste desespero
Que arruina a nossa civilização:
A noiva de tanto esperar descrê.


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Foto: Alexander Bergström (rep. aut.)
Site: http://www.alexanderbergstrom.com/

Texto: voj porto junho 2009 

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