domingo, 17 de agosto de 2008

a ti



A ti que vais viajar
Amanhã pela manhã cedo
A ti que partes no meio do verão
Ou talvez já um pouco tarde

A ti que verei desaparecer pela janela
Tendo de engolir em seco
A memória destes dias já de despedida

A ti desejo que te acompanhem as figuras
Da alegria, as pancadas altas das baterias
Que nos acompanhavam quando demandávamos o Sul,
Nossa terra.

Sorte nas traiçoeiras curvas do tempo.
Sorte nas solitárias noites dos lampiões.
Sorte nas ondas que dão à praia no crepúsculo.
Sorte para os cães que saltam do azul das bermas.

Meu braço estará dobrado sobre Portugal
Este pais sem destino nem sentido
Como um enorme compasso, o meu cotovelo
Aguardará sobre o mapa a tua volta.

A ti que vais viajar cedo
Para as terras do Sul a que também pertenço
Peço que me tragas tudo, tudo, tudo,
Ou seja nada.

Pois havemos de voltar, sim, mas bem mais para sul, um dia,
Para onde se não enxerguem já as costas deste país miserável,
Lá onde sempre afinal estivemos, sobre um barco,
Na espuma do sol demasiado intenso.



voj 2008

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