quinta-feira, 21 de agosto de 2008

livros

Já não é a primeira vez que abordo este tema: tenho passado a última semana a tentar pôr livros em prateleiras. Não digo arrumar como deve ser, porque isso levaria anos e teria de contratar alguém: lamentavelmente não tenho nem tempo, nem espaço, nem dinheiro.
E pergunto-me: deveria acumular tanto livro? Não deveria comprar menos? Oferecer mais a outros mais interessados (já faço isso muito) livros que me oferecem constantemente e que não vou poder ler? Porquê chegar a tanta desordem, caos, acumulação?...
E depois consolo-me, e digo para mim próprio: é nesta própria tensão que uma pessoa vai descobrindo caminhos: entre o júbilo de um livro novo e o descarte de outro cuja lombada ou índice não nos inspiram. Sobretudo há que ir aos livros fundamentais, e não andar em permanentes descobertas. Mas afinal esses livros "fundamentais" só o são para mim e para agora, depois que acumulei e descartei e tentei arrumar tanto, e matei o corpo a carregar com este peso horrível durante toda uma vida (em Lisboa, em Angola, no Porto, de sítio para sítio, de casa para casa, de arrumo para arrumo).
A relação com os livros tem muito a ver com uma relação amorosa: é preciso (alguns, vamos lá...) descaminhos para uma pessoa cair em si e, arrependendo-se, dizer: que disparate, não deveria ter enveredado por aí, pois este (ou estes) é que é (são) o melhor caminho (ou caminhos).
Claro: mas antes de me perder não sabia o que era estar perdido e o prazer de me voltar a achar!


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