segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

assento



No inverno as gaivotas entram nas casas
E sentam-se à mesa com os guardanapos postos.

As almas dos habitantes voam lá fora
Como aviões muito altos.

Neste mundo ao invés,
As tuas nádegas nuas

Sentam-se sobre um tampo,
E ficam assim,

A chamar
A beleza dos relevos,
O vinco das sombras,
As pequenas habilidades do tacto:

A deixarem-se impregnar
De uma certa humidade natural,
De uma subtileza que as desnuda...

Enquanto os ovos de gaivota
Que cobrem as costas do inverno
Da sua textura tão frágil,

Acabarão por escapar pelas janelas,
Deixando na mesa apenas
O desalinho dos guardanapos,

A tua ausência sentada.

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texto e foto voj porto fev. 2009

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